A Tarefa de fazer Discípulos
“Portanto,
já que vocês aceitaram Cristo Jesus como Senhor, vivam unidos com ele. Estejam enraizados
nele, construam a sua vida sobre ele e se tornem mais fortes na fé, como foi
ensinado a vocês. E dêem sempre graças a Deus.” (Cl 2:6-7)
Introdução: Qual será exatamente
nossa proposta? Jesus ordenou que seus apóstolos fizessem discípulos e lhes
ensinassem
todas as
coisas que Ele tinha mandado Portanto,
vão a todos os povos do mundo e façam com que sejam meus seguidores, batizando
esses seguidores em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28:19). Ele queria que os
apóstolos fizessem discípulos à
semelhança do que fizera com eles. Ele dera o exemplo; agora os discípulos
deveriam imitá-Lo. Jesus
andou com eles, ensinou-lhes sobre perdão, oração, amor, renúncia, Reino de
Deus, vida eterna, missões
e outros ensinos básicos da fé cristã. Jesus investiu neles. Discipulado é,
portanto, o fruto de relacionamentos, convivência, acompanhamento, ensino e,
principalmente, transformação
e edificação de vidas. É dar assistência a uma pessoa, procurando torná-la semelhante a
Cristo (Ef 4:12, 13). Nisso reside uma das grandes responsabilidades do
discipulador, porque
ele próprio precisa estar crescendo, tendo como alvo a estatura da medida
completa de Cristo. Numa
de suas cartas, Paulo disse que ainda sentia as “dores de parto” pelos crentes
da Galácia, e que “gerou”
Onésimo nas suas prisões (Gl. 4:19; Fm. 10). Muitas vezes, a formação de um
discípulo torna-se para
nós como um trabalho de parto. Mas depois que o discípulo “nasce” dá-nos uma
alegria indescritível. “Quando
uma mulher está para dar à luz, ela fica triste porque chegou a sua hora de
sofrer. Mas, depois que a criança nasce, a mulher fica tão alegre, que nem
lembra mais do seu sofrimento.” (Jo 16:21)
I. O PROCESSO DA INTEGRAÇÃO.
Integrar o novo crente é envolvê-lo
plenamente, com todas as estratégias possíveis, em sua nova vida. Isso significa
torná-lo inteiro; completo; integralizado. É um processo que deve começar antes
mesmo da conversão e se prolongará até que o novo crente esteja, de fato,
integrado ao serviço cristão, e possa ele próprio, conduzir outros aos pés do
Senhor Jesus Cristo. Este projeto visa tornar o novo crente parte natural, e
não um corpo estranho, da vida da Igreja. Faz-se necessário, por parte daqueles
que participarão deste processo, plantar e regar a semente para que ela produza
frutos. Isto é “integração”. “Eu
plantei, e Apolo regou a planta, mas foi Deus quem a fez crescer.” (1Co
3:6) Como
já afirmamos a falta de empenho em integrar e discipular os novos crentes, resultou
em muitas perdas para a igreja e para o Reino. Segundo pesquisas, de cada 100
novos decididos, apenas cinco chegam ao batismo, ou seja, as perdas são de 95%%,
isto sem contar os que se desviam depois do batismo. Fica claro que estes percentuais se
contrapõem à parábola do semeador, onde pelo menos 25% da terra semeada
produziram frutos. É também oposta a parábola da ovelha perdida, onde 99
permanecem no aprisco e apenas uma se perde. A razão desta deficiência está na
falta de sustentação da fé do novo convertido em seus primeiros dias de vida
cristã. Tal como uma nova planta em crescimento, que pode morrer se lhe
faltarem os cuidados indispensáveis nesta fase, a falta de um bom trabalho de
integração e discipulado pode levar o novo crente a naufragar na vida
espiritual.
1. O PASSO
DA À BUSCA.
“Se algum de vocês tem cem ovelhas e perde
uma, por acaso não vai procurá-la? Assim, deixa no campo as outras noventa e
nove e vai procurar a ovelha perdida até achá-la.” (Lc
15:4)
Tiramos muitas lições da parábola
das cem ovelhas. Geralmente destacamos com maior ênfase, o clamor pela volta
dos desviados. Ainda que seja uma verdade esta aplicação, podemos destacar
outro sentido também primordial que é o de revelar o profundo amor de Deus
pelos perdidos de modo geral, e o seu extremo empenho em alcançá-los. A ponto
de enviar Seu próprio Filho para morrer em lugar do pecador. “Mas Deus nos mostrou o quanto nos ama:
Cristo morreu por nós quando ainda vivíamos no pecado.” (Rm
5:8). Segundo nos revela o texto, há maior alegria no céu por aqueles
que se arrependem do que por aqueles que já se encontram no aprisco. A idéia é
que não podemos nos dar por satisfeitos apenas com aqueles que já foram
alcançados, enquanto a nossa volta existem milhares de perdidos. Se não há
novos filhos, não pode haver alegria completa. Pois eu lhes digo que assim também vai haver mais alegria no céu por
um pecador que se arrepende dos seus pecados do que por noventa e nove pessoas
boas que não precisam se arrepender. (Lc 15:7)
O QUE É
“BUSCAR”?
Se quisermos dar o primeiro passo
no nosso projeto, precisamos colocar de imediato, a evangelização como
prioridade número um da Igreja. Não quer dizer que não existam outras
prioridades também importantes, mas, na missão da igreja em relação ao mundo, a
evangelização é sim a principal tarefa, porém só terá êxito, se os crentes
estiverem bem ajustados. A evangelização é um imperativo, porque é o meio pelo
qual os pecadores podem se arrepender e chegar ao conhecimento da verdade E a vontade de quem me enviou é esta: que
nenhum daqueles que o Pai me deu se perca, mas que eu ressuscite todos no
último dia. Pois a vontade do meu Pai é
que todos os que vêem o Filho e crêem nele tenham a vida eterna; e no último
dia eu os ressuscitarei. (Jo 6:39-40 ). Proclamar o nome de Jesus Cristo significa
oferecer a única possibilidade de salvação para o perdido. Se o pecador não
tiver acesso a este nome que salva, estará irremediavelmente condenado. A salvação só pode ser conseguida por meio
dele. Pois não há no mundo inteiro nenhum outro que Deus tenha dado aos seres
humanos, por meio do qual possamos ser salvos. (At
4:12). Finalmente,
a evangelização não se esgota no ato de falar de Cristo a alguém. Este é apenas
o inicio do processo. A ordem do Senhor Jesus é clara: “Fazei discípulos”. Assim a tarefa começa com o anuncio das Boas
Novas e continua até que Cristo esteja formado em cada novo convertido. A Igreja, mais do que qualquer outra organização, precisa
ser o exemplo com alvos bem definidos para que sejam estabelecidas estratégias
mensuráveis a fim de alcançá-los.
ONDE
BUSCAR?
Quando examinamos cuidadosamente
o Novo Testamento, descobrimos, para espanto nosso, as dimensões maravilhosas
do alcance que se deve dar ao ministério evangelístico na Igreja. A primeira idéia
que aparece é a extensão geográfica, de espaço: “E João atravessou toda a região do rio Jordão, anunciando esta
mensagem...” (Lc 3:3). Vamos encontrar esta idéia de totalidade em extensão geográfica,
em vários textos bíblicos:
·
“Jesus
andou por toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, anunciando a boa notícia do
Reino e curando as enfermidades e as doenças graves do povo.” (Mt
4:23)
·
“Como
o Espírito Santo não deixou que anunciassem a palavra na província da Ásia,
eles atravessaram a região da Frígia-Galácia.” (At
16:6)
·
“Os
discípulos então saíram de viagem e andaram por todos os povoados, anunciando o
evangelho e curando doentes por toda parte.” (Lc 9:6)
·
“Quando
Apolo resolveu ir para a província da Acaia, os cristãos de Éfeso o animaram e
escreveram cartas para os irmãos de lá, pedindo que o recebessem bem. Chegando
lá, ele ajudou muito aqueles que, pela graça de Deus, haviam crido.” (At
18:27)
Em seguida vamos descobrir que há
também uma preocupação com a totalidade populacional. A ordem é “ir a todo
mundo” (totalidade geográfica) e “pregar a toda criatura” (totalidade
populacional). Na mesma linha de pensamento, a comissão dada aos discípulos em
Mt 28.19, foi a de ensinar a “todas as nações”. “Portanto, vão a todos os povos do mundo e façam com que sejam meus
seguidores, batizando esses seguidores em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo”. É um empreendimento missionário que visa atingir a todas as
pessoas, em todos os lugares. “Ele
fez isso durante dois anos, até que todos os moradores da província da Ásia,
tanto os judeus como os não-judeus, ouviram a mensagem do Senhor.” (At
19:10). Dentro do todo geográfico e do todo das multidões, o Espírito
Santo procura atingir segmentos especiais da sociedade. Cegos, paralíticos,
prostitutas, surdos, mudos, enfermos em geral. “... Vá depressa pelas ruas e pelos becos da cidade e traga os
pobres, os aleijados, os cegos e os coxos.” (Lc 14:21). Como uma
das passagens mais importantes sobre a preocupação de Deus em trazer os
segmentos da sociedade para o seu reino, a parábola da Grande Ceia (Lc
14.15-24), mostra de forma clara e incisiva a totalidade do evangelho, na
totalidade dos segmentos sociais. Além demais, temos ainda o testemunho de
Paulo sobre o assunto: “Meus
irmãos, eu quero que vocês saibam que as coisas que me aconteceram ajudaram, de
fato, o progresso do evangelho. Pois foi assim que toda a guarda do palácio do
Governador e todas as outras pessoas daqui ficaram sabendo que estou na cadeia
porque sou servo de Cristo.” (Fp 1:12-13)
COMO
BUSCAR?
A pregação do Evangelho precisa ser um
trabalho completo e capaz de ao final dele, e pela sua eficácia, conduzir o
pecador ao sentimento da necessidade da salvação (At 8.26-40). Paulo disse: “... Assim eu me torno tudo para todos a
fim de poder, de qualquer maneira possível, salvar alguns.” (1Co
9:22). A expressão “qualquer maneira possível” é muito
significativa, pois naquele tempo, não se conhecia os meios de comunicação de
massa que temos hoje como o rádio, a televisão, o telefone, os jornais, as revistas,
a internet e outros. Nem mesmo a imprensa do tipo móvel havia. Paulo, porém, tinha,
talvez, algo que nos está faltando hoje, visão de aproveitar todos os meios para
tentar salvar alguns. Paulo via cada pessoa neste mundo como um universo
complexo, com seu lastro cultural, com suas crenças, com seus conceitos, com
suas filosofias de vida e sobre tudo, com sua personalidade própria, por isso
não se dava ao luxo de perder qualquer que fosse a oportunidade para falar da
salvação a alguém, mesmo que para cada pessoa tivesse de usar uma estratégia
diferente. O importante é não perder as oportunidades.
II. MÉTODOS EM PRÁTICA.
Vamos empregar o termo
“princípios” no sentido de fundamentos, normas, preceitos. Em matéria de
evangelismo, não obstante a possibilidade de vários métodos, estratégias e
técnicas, no tempo e no espaço, existem algumas normas que são invariáveis e
devem orientar toda a metodologia de evangelização. O conhecimento e a
habilidade em lidar com este material dará ao evangelista condições de atuar
com a devida flexibilidade e versatilidade, dependendo do contexto cultural a
ser trabalhado.
a)
Capacitação. Para que possamos passar
adiante a mensagem do evangelho, em termos de testemunho, temos o Espírito
Santo (At 1.8). Mas para chegarmos a ser “enviados”, precisa de “preparação”
(Mt 28.16-20). É importante buscar aprendizado sadio para o desenvolvimento de
um bom testemunho. Conhecer métodos, técnicas e estratégias, é importante no
processo da evangelização, mas o conhecimento bíblico de maneira alguma deve
ser desprezado. Para tanto, devemos nos aplicar ao aprendizado, ao treinamento,
ao estudo. Não devemos imaginar que os discípulos de Jesus andavam atrás dele
apenas para fazer turismo pela Palestina. Eles trabalhavam duro o dia todo.
Nosso primeiro passo neste projeto será exatamente a de nos munir com as
ferramentas necessárias no aprendizado.
b)
Localização. A ordem é pregar em todo
mundo. Deus sempre tem alguém, em algum lugar que devemos alcançar. Jesus sabia
que “precisava” passar em Samaria: “No caminho, ele tinha de passar pela região da Samaria.” (Jo 4:4). Felipe
foi ao Etíope, “Filipe
se aprontou e foi. No caminho ele viu um eunuco da Etiópia, que estava voltando
para o seu país...” (At 8:27). Paulo foi para Trôade. “Então
atravessaram a Mísia e chegaram à cidade de Trôade.” (At
16:8). Precisamos estar afinados com a vontade de Deus e com seus planos
para descobrirmos onde estão as pessoas que precisam nos ouvir. De modo geral,
temos de pregar a todos, em todo o tempo, mas, na prática, descobrimos que o
Espírito Santo tem certos planos, para certas pessoas em certas comunidades. Assim,
a atenção a todos os possíveis discípulos será sempre imprescindível neste
projeto.
c)
A
Mensagem. O
evangelismo é a ação de comunicar o evangelho de Cristo, e a mensagem evangelizante
precisa conter elementos essenciais do evangelho para que a pessoa possa ser
levada a arrepender-se e crer. Assim, toda tentativa de abordagem deve conter
os seguintes elementos:
·
A idéia de que a todas as pessoas são pecadoras.
·
A idéia das conseqüências do pecado no ser humano e sua condição
eterna.
·
A providência de Deus para salvar o pecador, principalmente a do
envio de Seu Filho amado.
Nosso projeto visará o pecador do
inicio ao fim. Vamos pescá-lo e depois cuidar dele. Pregaremos a mensagem de
salvação e depois de alcançado o objetivo, trabalharemos a integração e por fim
a preparação de um novo pescador. Só então poderemos encerrar nossa tarefa com
o discípulo.
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