DIFICULDADES E BENÇÃOS NO DISCIPULADO.
1. AS DIFICULDADES.
Durante
o estudo poderão ocorrer alguns imprevistos. É importante estarmos preparados
para eles. Não se esquecendo de que são muito comuns a esse tipo de trabalho.
Peça a direção do Espírito Santo para cada situação, observando o seguinte:
Caso o discipulando não se encontre em
casa, ou não possa recebê-lo, não se ofenda e nem desista dele, volte outras
vezes ou combine um melhor horário.
·
Se ele demonstrar que ainda não fez a
entrega de sua vida a Jesus ou disser que no dia do apelo apenas queria oração,
pergunte-lhe se mesmo assim você poderia continuar visitando-o. Nesse caso, é
melhor substituir o estudo destinado ao novo convertido por um destinado a
pessoas indecisas ou não crentes, conforme veremos mais adiante. Trate-o com
amor. Muitos frutos só vingam depois. Se perceber que a pessoa não está
interessado em continuar o estudo, procure resumi-lo, ore com ele e volte na
semana seguinte. O discipulador deve sentir o "clima" na casa do
discipulando e ser coerente. se perceber que ele está mais interessado na
televisão do que no estudo ou sua visita, resuma o estudo e volte na semana
seguinte. Caso a TV ou outro aparelho de som esteja ligado (e ele nem o
perceba), pergunte se não poderia baixar um pouquinho o volume. Se em algum dia ele não puder
recebê-lo, faça uma oração e volte na semana seguinte; não force; seja educado
e compreensivo. Lembre-se que os estudos são apenas ferramentas. O mais
importante é atenção e relacionamentos.Durante o estudo poderão ocorrer
imprevistos. Enfrente-os com naturalidade; evite irritação. Nessas horas o
auxiliar poderá dar importante apoio (no caso de crianças, por exemplo, ele
poderá dar-lhes atenção ou sair um pouco com elas). Reafirmamos que o mais
importante no discipulado não é o estudo, mas, sim, a atenção e carinho do
discipulador. Nossas atitudes marcam muito mais positivamente, do que as nossas
palavras. Esteja certo de que o Espírito Santo o ajudará na tarefa de
discipular e de que Jesus estará com você todos os dias, porque Ele o prometeu
(Mt. 10:20 e 28:18-20).
2. AS BENÇÃOS.
O que
acontece e quais são os resultados do discipulado? Quem é beneficiado com esse
trabalho, e qual é o seu alcance? A seguir pontificamos algumas das
muitas bênçãos e da relevância do discipulado:
Proporcionará, a você mesmo, crescimento
doutrinário e espiritual. O primeiro grande beneficiado é o próprio
discipulador. Quando nos tornamos canal de bênção, nos constituímos o canal por
onde a bênção flui. Sabemos também que quem mais aprende é aquele que ensina.
Você estará sempre atualizado e aprendendo novas verdades da vida cristã.
Você terá a alegria de acompanhar o crescimento e
desenvolvimento de vidas preciosas, como verdadeiras crianças, e ajudá-las nas
suas dúvidas e possíveis períodos de crise. Lembre-se: Por mais bem dotado que
seja um novo convertido ele é um recém-nascido e precisa de cuidados especiais.
No discipulado podem ser envolvidas pessoas da
igreja que não sabem trabalhar em outras áreas, mas são grande bênção como
discipuladoras. Muitas vezes, cristãos completamente apagados, tornam-se
verdadeiros gigantes na arte de fazer discípulos.
O
discipulado é uma atividade que poderá ser praticada por igreja ou grupo de
qualquer tamanho; basta ter alguém motivado para a obra. Essa pessoa, se
adequadamente treinada, poderá vir a multiplicar-se em dezenas, centenas e até
em milhares de outros discípulos.
Lição 4
TREINAMENTO PARA O DISCIPULADO
Introdução: Até aqui temos procurado definir o
discipulado, mas concordamos que existe uma grande diversidade de opiniões
quanto ao propósito e modo de realizá-lo. O tempo apropriado para realização de
um curso de discipulado e qual
o número de lições é ideal, seremos nós quem teremos de definir, segundo a
nossa demanda. As discussões se darão geralmente em torno do conteúdo das
lições e métodos de aplicação. Todavia, A preocupação principal que devemos ter
quanto ao discipulado,
se é que estamos sendo bíblicos ou não na nossa concepção. Precisamos partir do
modelo apresentado por Jesus (embora não seja o primeiro modelo apresentado na
Bíblia) que é o mestre dos mestres. Jesus teve um ministério onde ensinou
multidões, mas concentrou a sua mensagem nos seus discípulos, formando a base
para a continuidade do seu ministério a partir do discipulado. Sendo esta a
principal ordem dada aos seus discípulos antes da sua ascensão (Mt 28.18-20; Mc
3.14). A grande descoberta que temos feito, e nisto concordamos, é que a Igreja
necessita resgatar o discipulado, pois tanto um conceito, como uma prática
correta de discipulado evidenciará a saúde espiritual da mesma. Este é o modelo Bíblico onde é possível desenvolver o caráter de Cristo na vida dos
envolvidos. Conhecer a Deus por meio de Jesus, e glorificá-lo num
relacionamento construtivo como Igreja. Nesse relacionamento construtivo o alvo
é preparar discípulos para um
envolvimento nos ministérios e departamentos da igreja, proporcionando
um fortalecimento qualitativo, que resultará naturalmente na multiplicação de
outros discípulos.
I. O OBJETIVO DO DISCIPULADO
Cremos que o objetivo
geral do discipulado de certa forma já foi mostrado no desenvolvimento das
lições que já foram ministrada, todavia, queremos ser um pouco mais específicos
quanto ao objetivo. Devemos nos perguntar que mudanças Deus têm feito na vida
de outras pessoas através da nossa vida?
1. INSTRUIR PARA EVANGELIZAR.
Alguns chamam de pré-evangelismo a instrução
de doutrinas básicas da fé cristã. O pré-evangelismo é ao mesmo tempo didático
como apologético. É didático porque se propõe a estabelecer as doutrinas
fundamentais sobre o trino Deus, o que é a Bíblia, pecado, graça, perdão,
expiação, céu, inferno, e tantas outras palavras chaves que preparam o
evangelizado para receber a verdade integral para a sua vida. Vivemos numa
sociedade pós-moderna onde não basta apenas dizer: “arrependa-se e creia em
Cristo”. É possível que no decorrer dos estudos se descubra que o discípulo
carrega consigo uma carga enorme de conceitos estranhos e talvez anticristãos
que recebeu em sua formação. É necessário redefinir palavras com fidelidade a
Escritura.
2. FORMAÇÃO DE CARÁTER.
Como vimos na definição, este aspecto do
objetivo será o de implantar no discípulo um caráter que mais se aproxime da “imagem de Jesus Cristo” (Porque aqueles que já tinham sido
escolhidos por Deus ele também separou a fim de se tornarem parecidos com o seu
Filho. Ele fez isso para que o Filho fosse o primeiro entre muitos irmãos. Rm
8:29 ). Portanto, não é algo
a ser aplicado apenas a um cristão menos experiente; ou com pouca idade, ou com
pouco ou muito tempo de igreja, pouca ou muita experiência de vida. Mas sim,
cristãos comprometidos e humildes o suficiente para reconhecer que ainda
necessitam de transformação. A santificação é progressiva. Conseqüentemente, se
relacionarão melhor (At 2.42-47). Esta divisão é imprescindível para
prosseguirmos com as outras duas seguintes.
3.
EVANGELIZAÇÃO PELA AMIZADE.
A evangelização eficaz acontece
através da amizade. Pessoas que demonstram o amor de Cristo, que se preocupam
umas com as outras, são pessoas que cuidam umas das outras. O papel do
discipulado é explicar o “porquê” desse cuidado e comunhão. A transformação pessoal através de relacionamentos ocorre quando o amor
de Deus é manifestado através dos seus filhos (Jo 17:20-23). Existe uma
legítima diferença entre evangelismo e discipulado. John R.W. Stott comenta que
“no evangelismo proclamamos a loucura do Cristo crucificado, a qual
é a sabedoria de Deus. Decidimos não saber mais nada e, mediante a insensatez
dessa mensagem, Deus salva aqueles que nele crêem. No discipulado cristão,
entretanto, ao levar pessoas à maturidade, não deixamos a cruz para trás. Longe
disso. Antes, ensinamos a completa implicação da cruz, incluindo nossa suprema
glorificação”. A Bíblia
afirma que os cristãos sobrevivem e crescem nos relacionamentos mútuos:
- Amando cordialmente uns aos outros (Rm 12:10).
- Honrando uns aos outros (Rm 12:10).
- Tendo o mesmo sentir uns para com os outros
(Rm 12:16; 15:5).
- Amando uns aos outros (Rm 13:8).
- Edificando uns aos outros (Rm 14:19).
- Acolhendo uns aos outros (Rm 15:7).
- Admoestando uns aos outros (Rm 15:14).
- Saudando uns aos outros (Rm 16:16).
- Esperando uns pelos outros (1 Co 11:33).
- Importando uns com os outros (1 Co 12:25).
- Servindo uns aos outros (Gl 5:13).
- Levando a carga uns dos outros (Gl 6:2).
- Suportando uns aos outros (Ef 4:2; Cl 3:13).
- Sendo benignos uns para com os outros (Ef
4:32).
- Sujeitando-se uns aos outros (Ef 5:32).
- Consolando uns aos outros (1 Ts 4:18;
5:11,14).
- Confessando pecados uns aos outros (Tg 5:16).
- Orando uns pelos outros (Tg 5:16)
- Sendo hospitaleiros uns com os outros (1 Pe
4:9)
- Tendo comunhão uns com os outros (1 Jo 1:7).
4. CRESCIMENTO NUMÉRICO NATURAL.
Uma igreja local saudável
naturalmente se desenvolve e cresce. Lucas narra que “a igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judéia, Galiléia e Samaria,
edificando-se e caminhando no temor do Senhor, e, no conforto do Espírito
Santo, crescia em número” (At 9:31). Quantas pessoas se converteram através
da nossa evangelização? É óbvio que quem realiza a sobrenatural obra
regeneradora é o Espírito Santo, mas Deus decidiu chamar pecadores perdidos
através de pecadores perdoados. O apóstolo João relata que André após conhecer
pessoalmente a Jesus foi em busca de seu irmão Simão e “o levou a Jesus” (Jo 1:42). A igreja atual tem gradativamente
perdido a noção de que cada cristão é um ganhador de almas. Até a mesmo a expressão
ganhador de almas soa um tanto que estranho aos nossos ouvidos pós-modernos,
mas era um termo muito comum até o fim do século 19. Esta expressão é uma
menção à declaração do apóstolo Paulo que disse: “porque, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos, a fim de ganhar
o maior número possível” (1 Co 9:19). Somos cooperadores desta maravilhosa
obra de reconciliação. A Escritura declara que “somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso
intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus”
(2 Co 5:20). Evangelizar é compartilhar Jesus, no poder do Espírito, deixando
os resultados para Deus. Waylon Moore afirma que “a evangelização é o meio que
proporciona convertidos, e é o campo de adestramento para o desenvolvimento dos
discípulos. Quando a igreja exala discípulos, então inala convertidos.”
5. AMADURECIMENTO
ESPIRITUAL.
Esta divisão se
refere principalmente a formação de líderes que estarão discipulando no futuro.
Mas haverá também, multiplicação dos discípulos de Cristo, pessoas que serão
tratadas no seu caráter e transformadas para glória de Deus, a fim de ocuparem
outros lugares na Igreja de Jesus. É comprovado por pesquisas que nos primeiros
meses de conversão o potencial evangelístico do cristão é muito mais aguçado.
Se os grupos de discipulado estiverem abertos a visitantes, será também um
forte instrumento de evangelização, pois o novo convertido desempenhará como
nenhum outro a tarefa de trazer pessoas para ouvir a mensagem de Cristo, além
do resultado positivo que a comunhão pode
produzir no coração do visitante.
6. PREPARO PARA OS
MINISTÉRIOS NO CORPO DE CRISTO.
Os ministérios na
igreja local são diversos e também diversos os dons, portanto, o Discipulado
deve visar também os demais ministérios dentro da Igreja. Teremos como um
resultado natural um número maior de membros envolvidos na evangelização,
evitando a ociosidade e outros problemas conseqüentes. A mente desocupada é
produtiva oficina do diabo! Nenhum
ministério (serviço) é superior ao outro. Um ministério depende do outro. Todos
os ministérios cooperam entre si. Ef 4:11-12
Continua...
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