terça-feira, 5 de janeiro de 2021

A História dos Batistas parte I


TEXTO BÁSICO: Mateus 3.1-12


1. Naqueles dias, surgiu João Batista, pregando no deserto da Judeia. 2. Ele dizia: "Arrependam-se, pois o Reino dos céus está próximo". 3. Este é aquele que foi anunciado pelo profeta Isaías: "Voz do que clama no deserto: 'Preparem o caminho para o Senhor, façam veredas retas para ele' ". 4. As roupas de João eram feitas de pelos de camelo, e ele usava um cinto de couro na cintura. O seu alimento era gafanhotos e mel silvestre. 5. A ele vinha gente de Jerusalém, de toda a Judeia e de toda a região ao redor do Jordão. 6. Confessando os seus pecados, eram batizados por ele no rio Jordão. 7. Quando viu que muitos fariseus e saduceus vinham para onde ele estava batizando, disse-lhes: "Raça de víboras! Quem deu a vocês a ideia de fugir da ira que se aproxima? 8. Deem fruto que mostre o arrependimento! 9. Não pensem que vocês podem dizer a si mesmos: 'Abraão é nosso pai'. Pois eu digo que destas pedras Deus pode fazer surgir filhos a Abraão. 10. O machado já está posto à raiz das árvores, e toda árvore que não der bom fruto será cortada e lançada ao fogo. 11. "Eu os batizo com água para arrependimento. Mas depois de mim vem alguém mais poderoso do que eu, tanto que não sou digno nem de levar as suas sandálias. Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo. 12. Ele traz a pá em sua mão e limpará sua eira, juntando seu trigo no celeiro, mas queimará a palha com fogo que nunca se apaga".

Introdução: Começamos a partir de hoje uma série de estudos em relação a nossa denominação. Nesta  série de estudos iremos procurar respostas para algumas perguntas em relação a origem da denominação batista e sobre seus fundadores. Vamos caminhar, baseados na história, procurando descobrir informações relevantes quanto ao surgimento e quanto às circunstâncias que moveram pessoas a darem início a este movimento que hoje conhecemos como Igrejas Batistas. Procuraremos responder às perguntas comuns que ouvimos, e às vezes nos fazemos cada vez com mais frequência, à proporção que as igrejas batistas se multiplicam no solo brasileiro. Para tanto, vamos consultar algumas obras que foram escritas e que certamente muito nos ajudarão a conhecer boa parte desta tão importante história. Vamos seguir observando como se deu a divisão que causou o surgimento da Igreja Batista Nacional, igreja que escolhemos para prestarmos o nosso culto e serviço ao Senhor Jesus Cristo. Em seguida, vamos nos deter nos princípios fundamentais batistas em relação a nossa fé e a nossa crença. Aconselhamos que cada aluno acesse o site da CBN (www.cbn.org.br), e faça o download do Manual Batista Nacional, que será uma das ferramentas básicas que faremos uso ao longo deste estudo. Portanto, seja bem vindo a nossa Escola Bíblica Dinâmica, e bom estudo!

I. AS TRÊS TEORIAS A RESPEITO DA ORIGEM DOS BATISTAS.

A princípio, no que diz respeito a nossa denominação, podemos destacar pelo menos três teorias que são apresentadas a respeito da origem histórica da Igreja batista. A primeira delas é designada de a teoria “JJJ” ou Jerusalém-Jordão-João. A segunda fala de um parentesco espiritual com as a igreja anabatista lá pelos meados do Século XVI. E a terceira, e a mais pertinente, é a teoria da origem dos separatistas ingleses do Século XVII. E para começar, se faz necessário que tenhamos um rápido resumo de cada uma dessas teorias.

1. A TEORIA JJJ.

Mt 3.1 Naqueles dias, surgiu João Batista, pregando no deserto da Judeia.

A primeira teoria apresentada em relação ao surgimento dos batistas, diz que o nome vem em linha ininterrupta desde os tempos em que João Batista efetuava seus batismos no rio Jordão. Por isso este nome: “JJJ” em que cada um destes “J” indicam uma referência do surgimento. Assim, segundo diz João, batizava em Jerusalém, no rio Jordão. Onde João representa o primeiro “J”. Jerusalém, o segundo, e finalmente Jordão representa o terceiro “J”. A ideia é que os batistas começaram a existir no rio Jordão, com João Batista, quando este batizou Jesus, tentando fazer uma ligação entre os batistas com João Batista e Jesus, traçando uma linhagem espiritual e teológica daqueles tempos até o surgimento da primeira igreja batista no mundo.Esta teoria foi esposada por historiadores como Thomas Crosby, que escreveu, entre 1738 e 1740, História dos Batistas Ingleses, em quatro volumes. Outro historiador, G. H. Orchard escreveu, em 1855, História Concisa dos Batistas Estrangeiros defendendo a mesma ideia. Perfilharam o mesmo ponto de vista J. M. Cramp, professor na Nova Escócia, que publicou, em 1868, História Batista: Desde os Princípios até o Fim do Século XVIII , e John T. Christian, professor do Instituto Bíblico, hoje Seminário Batista de New Orleans que escreveu, em 1922, História dos Batistas. Adota também essa teoria um opúsculo largamente difundido no Brasil sob o título O Rastro de Sangue, da autoria de um pastor batista, J. M. Carrol.

É pouco provável que esta primeira teoria seja assumida sem problemas de interpretação bem sérios. Tentar ligar os batistas a João Batista, rio Jordão e Jesus é uma visão que parece bastante temerária. 

2. A TEORIA DO PARENTESCO ESPIRITUAL COM OS ANABATISTAS.

Esta segunda teoria caminha por um ângulo puramente espiritual indicando que os batistas teriam sua descendência dos anabatistas do Século XVI, como os anabatistas alemães, holandeses, suíços e seitas como novacianos, donatistas e outros. A sucessão não seria histórica, mas espiritual. Esta  teoria foi defendida pelos seguintes historiadores: David Benedict, que publicou, em 1848, A História Geral da Denominação Batista na América e em Outras Partes do Mundo. Richard Cook, que publicou, em 1884, A História dos Batistas em Todos os Tempos e Países. Thomas Armitage, que publicou A História dos Batistas em 1889. Mais temos ainda o grande historiador batista Albert Henry Newmann que concorda com essa teoria na sua História do Antipedobatismo publicada em 1897, o mesmo acontecendo com o famoso iniciador do Cristianismo Social, o pastor e professor Walter Rauschenbusch.

Sobre esta segunda linha teórica, o que podemos dizer é que os batistas teve sim alguns pontos de contato com os anabatistas, mas não com o movimento chefiado por Tomás Munzer, que julgava que Lutero não era suficientemente radical, e por isto apregoou sua reforma própria cujo sinal seria o batismo exclusivo de adultos, rebatizado que aderiram ao movimento. Os “Anabatistas já existiam antes mesmo deste movimento.

3. TEORIA DO ÂNGULO HISTÓRICO.

A terceira teoria caminha pelo ângulo da teoria histórica e afirma que os batistas se originaram dos separatistas ingleses que defendiam o governo congregacional e o batismo apenas de adultos convertidos, insistiam na necessidade do batismo somente de regenerados especialmente aqueles que eram congregacionais na eclesiologia. Mesmo este ângulo apresenta linhas diferentes. Historicamente, e segundo uma das linhas, seria em 1609, na Holanda, quando John Smyth, Thomas Helwys e uma congregação de 40 pessoas ali se instalaram, fugindo da perseguição da Igreja anglicana. Outra linha, defendida pelo grande teólogo Strong, liga-os a um grupo que, em 1641, na Inglaterra, começou a batizar por imersão, na igreja de Southwark. Strong defende esta posição porque os primeiros batistas, os que deram origem à primeira igreja com este nome, o grupo de Smyth e Helwys, batizavam por afusão. Na realidade, os batistas só adotaram a imersão depois de seu contato com os menonitas, não  sendo imersionistas no início. Daí a ideia de Strong. Ele se preocupa mais com a linha teológica que com a histórica linear. Seu ponto de vista não parece o mais correto.

Advogam essa teoria o notável teólogo Augustus Hopkins Strong e o historiador Henry C. Vedder, professor do Seminário Teológico Crozer, na Pensilvânia, de 1894 a 1927. Em sua Breve História dos Batistas, publicada em 1907, Vedder declara que depois de 1610 temos uma sucessão ininterrupta de igrejas batistas, estabelecidas com provas documentais indubitáveis. Também adota essa teoria o mais recente e respeitado dos historiadores batistas, Robert G. Torbet, ex-presidente da Convenção Batista Americana, cujo livro História dos Batistas foi publicado em 1950, precedido de um prefácio de outro grande historiador batista, Kenneth Scott Latourette, professor da Universidade de Yale. Torbet resume as razões por que aceita essa teoria:

● Ela não violenta os princípios da exatidão histórica, como fazem os que procuram afirmar uma continuidade definida entre as seitas primitivas e os batistas modernos.

● Os batistas não partilham com os anabatistas a aversão destes pelos juramentos e pelos cargos públicos e nem adotaram doutrinas anabatistas, como o pacifismo, o sono da alma e a necessidade de sucessão apostólica para a ministração do batismo.

Nós, entretanto, dizemos que é possível aproveitar alguma coisa de cada uma dessas teorias. É preciso ter em mente que o nome «Batista» é um rótulo, uma designação cômoda, um apelido adotado por inimigos do povo batista, com o objetivo de melhor caracterizá-los. Não nos deixemos perturbar pelo nome. Lembremo-nos também que para Jesus Cristo essas designações humanas não têm importância. Para ele seus discípulos são seus filhos. Importa ao discípulo que seja fiel, importa ao discípulo que seja obediente. Temos, então, que examinar o problema histórico do ponto de vista da obediência e da fidelidade a Jesus Cristo. 

CONCLUSÃO:

Desde 1609 começaram a surgir várias comunidades chamadas batistas, e podemos identificar um período de estratificação doutrinária dessas igrejas até 1641, quando se cristalizou o movimento batista como nós o temos, com doutrinas e práticas como as que temos hoje, em grande parte. Muitos outros aspectos doutrinários surgiram e muitas querelas teológicas por narcisismo e estrelismo surgiram, mas em linhas gerais, os batistas mantiveram as doutrinas que hoje sustentam. As particularidades e esquisitices ficam mais por conta de líderes locais em determinadas épocas que à visão geral dos batistas.

 

Um pouco da história dos batistas | Isaltino Gomes Coelho Filho

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