terça-feira, 5 de janeiro de 2021

A História dos Batistas parte II

TEXTO DEVOCIONAL. Ef 2.11-22

11. Portanto, lembrem-se de que anteriormente vocês eram gentios por nascimento e chamados incircuncisão pelos que se chamam circuncisão, feita no corpo por mãos humanas, e que, 12. naquela época, vocês estavam sem Cristo, separados da comunidade de Israel, sendo estrangeiros quanto às alianças da promessa, sem esperança e sem Deus no mundo. 13. Mas agora, em Cristo Jesus, vocês, que antes estavam longe, foram aproximados mediante o sangue de Cristo. 14. Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o muro de inimizade, 15. anulando em seu corpo a Lei dos mandamentos expressa em ordenanças. O objetivo dele era criar em si mesmo, dos dois, um novo homem, fazendo a paz, 16. e reconciliar com Deus os dois em um corpo, por meio da cruz, pela qual ele destruiu a inimizade. 17. Ele veio e anunciou paz a vocês que estavam longe e paz aos que estavam perto, 18. pois por meio dele tanto nós como vocês temos acesso ao Pai, por um só Espírito. 19. Portanto, vocês já não são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus, 20. edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo Jesus Cristo como pedra angular, 21. no qual todo o edifício é ajustado e cresce para tornar-se um santuário santo no Senhor. 22. Nele vocês também estão sendo edificados juntos, para se tornarem morada de Deus por seu Espírito.

INTRODUÇÃO: Na lição anterior vimos que em relação ao surgimento das igrejas Batistas existem pelo menos três teorias, duas das quais apesar de terem em sua defesa teólogos renomados, não se enquadram como teorias mais aceitas em razão da pouca, ou quase nenhuma consistência histórica ou evidência documentada que possa defendê-las. Vimos que a terceira teoria aponta como o desfecho inicial para a historia dos batistas o contexto histórico do separatismo inglês provocado pelo rei da Inglaterra Henrique VIII, rompendo com a Igreja Católica Romana, e que ter um contexto histórico bastante consistente  e seguro é apontada como a teoria mais aceita das três. Sendo assim, hoje iremos nos deter nesta teoria observando todo seu contexto histórico e analisando todo o desfecho dos acontecimentos. Bom estudo!

I. BREVE HISTÓRICO DOS BATISTAS.

V. 20 edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo Jesus Cristo como pedra angular

A primeira dificuldade que encontramos ao tentar rastrear a história dos Batistas está em tentar identificar o teólogo que deu início a este movimento. Se paramos para olhar os movimentos protestantes históricos, percebemos que eles tem suas raízes bem definidas. Por exemplo:

● Luteranos. Martinho Lutero

● Presbiterianos. João Calvino

● Metodistas. John Wesley

Quanto aos batistas, não encontramos na história nenhum teólogo que com suas ideias tenha dado origem a tal movimento. Os Batista primeiro surgiram e se desenvolveram para depois apoiar suas doutrinas nas ideias então existentes.

1. INGLATERRA, SÉCULOS XVI E XVII.

Toda história começa na Inglaterra com o rei Henrique VIII que,  casado com a rainha Catarina de Aragão se apaixona por uma frequentadora da sua corte chamada Ana Bolena, que também era casada. Henrique VIII para tirar o marido de Ana de cena, resolve pagar uma pensão dando a ele terras e um título de nobreza. Em seguida, com a desculpa de que não podia ter se casado com a viúva de seu irmão mais velho, pede ao papa a anulação de seu casamento com Catarina Aragão, pois sendo ele rei, não era tão fácil se divorciar. Naquela época a Igreja Católica, era quem podia anular um casamento. Contudo, o papa rejeita o pedido do rei, afinal de contas, Catarina era tia do imperador Carlos V. Porém o rei, resolvido casar com Ana Bolena a qualquer custo, em 1534 rompe com a Igreja Católica e cria o Ato de Supremacia”, uma espécie de edito legislativo que declarava ser o rei o supremo da igreja da Inglaterra, afastando-se definitivamente da igreja Católica. Cria ainda uma igreja que ficou conhecida como Igreja Anglicana ou nos EUA, como Igreja Episcopal, e sendo ele agora o monarca da igreja, obviamente, aprovou imediatamente a anulação de seu casamento e casa-se com Ana Bolena. Alguns anos mais tarde, Henrique já farto de Ana Bolena, ordena que ela seja decapitada.

2. AS SUCESSÕES NO TRONO.

Henrique VIII tinha duas filhas: Mary Tudor, filha de Catarina e Elisabeth Tudor, filha de Ana Bolena. Com a morte de Henrique, assume o trono sua filha Mary, que ficou conhecida como Mary I, que por ser católica, promove intensa perseguição contra os protestantes, ficando conhecida como Mery a sanguinária em razão da quantidade de sangue que derramou em seu reinado que foi muito curto (1556-1558). Mary foi sucedida por sua meia irmã Elisabeth, cujo governo dura de 1558-1603 e por ser anglicana tenta pacificar a iminente guerra religiosa que aconteceria na Inglaterra serenado os ânimos entre católicos e anglicanos para que ela tivesse estabilidade para governar.

Elisabeth é sucedida no trono por James Stuart, rei da Escócia, que também era anglicano, primeiro rei de uma nova dinastia que substituía a dinastia Tudor. James I reinou de 1603-1625 e é efetivamente no reinado dele que começa a história dos batistas.

II. AQUI COMEÇA A HISTÓRIA.

V.13 Mas agora, em Cristo Jesus, vocês, que antes estavam longe, foram aproximados mediante o sangue de Cristo.

Em uma noite, no reinado de James I, para ser mais exato, de 4 para 5 de novembro de 1605, um católico radical chamado Guy Fawkes participa de uma conspiração para explodir o parlamento na data da abertura das sessões do mesmo onde certamente  estariam presentes o rei a rainha e todos os representantes do parlamento, assim eles de uma vez só matariam toda a monarquia e abririam espaço para um monarca catolico na Inglaterra que restauraria o catolicismo como religião oficial. No entanto a conspiração foi descoberta e Fawkes e todos participantes foram preso e executados. Contudo, a Conspiração da Pólvora, como ficou conhecida, mostrou para o rei que caso se ele quisesse governar de fato precisaria fazer uma composição política entre católicos e anglicanos. Mas havia um problema, o rei enfrentava também problemas com um grupo denominado puritanos que havia se originado da igreja anglicana desde o reinado da rainha Elisabeth I, que queriam purificar a igreja de qualquer traço do catolicismo. Basicamente os puritanos acusavam a igreja anglicana de ser uma igreja católica com outro nome sob a liderança do monarca da Inglaterra.  

1. SEPARATISTAS E NÃO SEPARATISTAS.

V. 21 no qual todo o edifício é ajustado e cresce para tornar-se um santuário santo no Senhor.

Com o passar dos tempos os puritanos se dividiram em dois grupos, separatistas e não separatistas. Os não separatistas era formado por aqueles que desejavam purificar a igreja anglicana sem causar um cisma na igreja, mas foram duramente reprimidos pela igreja anglicana e essa repressão fez que surgisse um segundo grupo, os separatistas. Estes entenderam que a igreja anglicana já era corrupta demais para ser purificada, então deveria ser criada uma nova igreja pura e de acordo com as Escrituras. Assim, tanto os separatistas como os não separatistas se tornaram um problema para Político para o rei, pois dividiam a igreja anglicana. Contudo os não separatistas eram um problema menor pois como vimos,  queriam mudar a igreja sem criar uma divisão. Até conseguem algumas modificações pontuais e se conformam. Porém os separatistas querem formar uma nova igreja separada da igreja anglicana o que indicava tirar o poder do rei de mediar os conflitos religiosos. O rei na tentiva de amenizar os problemas adota uma política de tolerância com os católicos desde que eles mantivessem a descrição. Ao mesmo tempo deslancha uma repressão contra os puritanos separatistas que já tinha congregações pequenas se espalhando pela Inglaterra.

2. JOHN SMITH E THOMAS HELWIS.

V. 14 Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o muro de inimizade

Neste ponto surge na história um personagem chamado Johm Smyth (1570-1612), teólogo formado em Cambridge. Pastor anglicano entre 1600 a 1603. Puritano entre 1603 a 1606. Em 1606 se torna um separatista criando uma congregação separatista auxiliado por um advogado chamado Thomas Helwys (1575-1616). Smyth era o pastor e Helwys o auxiliar. Mas com a repressão desencadeada pelo rei, Smyth e Helwys resolvem fugir para a Holanda, precisamente em Amsterdã, entre os anos 1607 a 1608. Nesta fuga, somente os homens participaram uma vez que não acreditavam que o rei perseguisse as mulheres.

Na Holanda não havia perseguição religiosa, mas desde a Reforma Protestante por Lutero, na Europa toda a Teologia que era monopólio da igreja católica passou a ser discutida por teólogos de fora do catolicismo, por universitários e pelas igrejas em geral. Assim ao chegarem a Holanda encontram este ambiente fervilhante da teologia e passam a ter contato com uma série de ideias de teólogos como Menno Simons (1496-1561), que se tornou o grande teólogo dos anabatistas que por sofrer influência dele passam a ser chamados de Menonitas, e Ulrich Zwingli (1484-1531), ambos já mortos quando eles ali chegaram. No entanto foram as ideias de dois teólogos que causaram as maiores influências em Smyth e Helwys, são eles o francês João Calvino (1509-1564) e um holandês Jacó Harminio (1560-1609), o único que estava vivo quando chegaram a Amsterdã.

3. A PRIMEIRA IGREJA BATISTA.

V. 19 Portanto, vocês já não são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus,

Em Amsterdã, Smith e Helwis fundam uma congregação de separatistas mantendo contato com os Menonitas e com outros separatistas ingleses, mas sem se juntar a eles. Por ser profundo conhecedor das línguas originais da Bíblia, Smyth após alguns estudos chega a conclusão que somente os que professam a fé em Cristo deveria ser batizados e isso contrariava as doutrinas anglicana e de todos os demais protestantes da época. Este foi o primeiro ponto importante para a origem dos batistas.

Finalmente em 1609, Smyth concluiu que ele é sua congregação receberam um batismo sem valor em suas igrejas na inglaterra e sendo assim seria necessário que eles se rebatizassem. Smyth convence os membros da igreja a começarem tudo de novo, assim ele e Helwys, dissolvem a a congregação e iniciaram uma nova igreja pelo batismo. Ainda em 1609 Smyth se auto batiza,pois não havia nenhum pastor para o batizar, depois, batiza Helwys. No entanto, esta atitude de Smyth vai causar uma grande dor de cabeça e uma primeira cisão dentro da igreja batista. os demais membros da igreja são batizados por Smyth e Helwys após se submeterem a pública profissão de fé, outra conclusão dé Smyth que se torna o primeiro pastor Batista da história.

3. SEPARAÇÃO ENTRE SMITH E HELWIS.

No entanto, como dito antes, Smyth acabou sendo duramente criticado por seu auto batismo. Ele se arrepende do ato, dissolve a igreja por ele fundada e, acatando a sugestão de seus críticos, pediu filiação aos menonitas. A maior parte da igreja seguiu Smyth, 15 homens e 17 mulheres. No entanto os Menonitas rejeitaram a filiação de Smyth alegando que ele mudava constantemente suas posições religiosas. Somente em 1615, três anos após a morte de Smyth que aconteceu em 1612 os Menonitas aceitaram a filiação de seus seguidores.

Entre 1610 e 1612, Helwys passou a criticar Smyth alegando que ele tinha blasfemado contra o Espírito Santo ao duvidar da sua orientação para se batizar e fundar uma nova igreja. Helwys permanece Batista sendo acompanhado pela minoria da congregação original entre 10 a 12 pessoas e, por ser um estudioso das Escrituras se torna pastor da igreja.

Os primeiros batistas ficaram conhecidos como Batistas Originais ou Batistas Gerais pois eram Harminianos crendo na expiação universal de Cristo. Depois, em 1616, por discordar da visão harminiana da soteriologia surge os Batistas Particulares, por serem Calvinistas, crendo na expiação limitada de Cristo, e em 1641 adotaram o batismo por imersão.

 

 

 

 

 

 

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