Introdução: Será
que existe na Igreja um cargo com conotação de serviço tão
importante ao povo de Deus como a função do "DIÁCONATO"?
Acho que a resposta é não! Sem desmerecer qualquer outro cargo
eclesiástico, o diaconato é um trabalho que está ligado de forma
intima as pessoas que compõem o quadro de membros da Igreja. Eles
são os obreiros que estão mais próximos e geralmente são as
primeiras pessoas a manterem contato pessoal com os membros em suas
necessidades. Nossa finalidade neste curso é buscar um entendimento
em relação à tão importante função administrativa e espiritual.
Vamos tentar perguntas do tipo: Quando e porque foi instituída esta
função? Quando exatamente começaram seu trabalho? Como a Igreja
recebeu este ministério? Como foram os primeiros relacionamentos
entre Igreja e diáconos? Quem foram os sete primeiros diáconos a
serem escolhidos e qual função específica lhes fora determinada
pelos apóstolos? E hoje, esta função ainda está em plena validade
como na Igreja Primitiva? Para estas e outras dúvidas vamos buscar
respostas neste período em que passaremos juntos. Este workshop foi
criado para você, portanto procure tirar o maior proveito possível.
Não fique com dúvidas, pergunte, e caso discorde de qualquer
posição, não tenha medo, estamos aqui para nos ajudarmos uns aos
outros. Portanto, bom estudo!
I.
ENTENDENDO UM POUQUINHO, SÓ PARA COMEÇAR...
Escolhei,
pois, irmãos, dentre vós, sete homens...
O
termo Diácono em sua forma verbal. Gr "diakonein”, apareceu
com função primordial de "servir a mesa". Esta função
exigia na sua realização, uma proximidade com povo e por isso,
inicialmente os diáconos eram vistos como mensageiros. O vocábulo
grego de cuja significação etimológica vem à palavra DIÁCONO, é
"diákonos"
que no original apontava para trabalhos como distribuição de
comida, socorro, ministério e administração. Em ambos os casos, os
termos, tanto na forma verbal como na etimologia apontavam sempre
para a função propriamente dita e não para os ocupantes de um
posto ou título. Mesmo em se tratando de uma função recém-criada
na Igreja, o diaconato tinha o dever de substituir cuidados já
exercidos pelos apóstolos, porém, com mais tempo consequentemente
com maior dedicação e liberalidade.
Se
bem notarmos, os Diáconos assumem um serviço idêntico ao dos
garçons sendo serviçais da Igreja. Por servirem a mesa, podem ser
vistos com ocupações mais específicas como de padeiros ou
cozinheiros, muito embora, na sua função propriamente dita eles não
realizem nem uma coisa e nem outra. O termo "Diácono"
parece, em sua essência como um cargo aparentemente sem importância.
Aparece poucas vezes na Bíblia, especificamente na LXX (Versão dos
Setenta), e nas poucas vezes que o termo aparece, é apresentada num
sentido secular, descrevendo-os como servos de reis, identificação
que é bastante no sentido de mostrar a importância do cargo,
afinal, eles serviam a ninguém menos que reis e rainhas. Et 1.10 E
ao sétimo dia, estando já o coração do rei alegre do vinho,
mandou a Meumã, Bizta, Harbona, Bigtá, Abagta, Zetar e Carcas, os
sete camareiros
que serviam na presença do rei Assuero. Estes
"camareiros" eram na verdade vistos como "diáconos".
Flávio Josefo, historiador judeu, descreveu o profeta Elizeu como um
diácono que servia ao profeta Elias. O termo aparece num total de
trinta vezes somente o NT.
1.
A FUNÇÃO E APARECIMENTO DO CARGO DO DIÁCONO.
At
6:3 Escolhei,
pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do
Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este
importante negócio.
A
primeira vez que encontramos o termo "diácono" na Bíblia
foi a um momento em que a Igreja Primitiva enfrentava um problema no
âmbito da assistência social. Estava acontecendo, conforme diz o
texto, um desentendimento em relação a uma distribuição diária
que era feita entre viúvas de judeus helenistas e dos judeus de
Jerusalém. V.1 ORA,
naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma
murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas
eram desprezadas no ministério cotidiano. Parece
que o problema começou em decorrência do crescimento que a Igreja
experimentou logo em seu inicio. Houve uma verdadeira avalanche em
termos de conversões. De três mil crentes, que já era um número
expressivo, passou logo a cinco mil, e daí para frente o número não
parou de crescer. Muita gente, obviamente, começou a gerar muito
trabalho. "ORA,
naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma
murmuração...". Os
apóstolos tiveram que tomar a iniciativa, e, para sanar o problema,
decidiram escolher, na Igreja, pessoas com capacidade de executar o
trabalho de distribuição sem injustiça e desigualdade social. Pelo
que podemos notar pelo texto de Atos, a queixa dos helenistas parecia
ter sérios fundamentos.
2.
O TRABALHO DOS DIÁCONOS. ...aos
quais constituamos sobre este importante negócio.
Como
visto, o momento em que a Igreja surge no Livro de Atos dos Apóstolos
era um momento de crescimento. Multidão de pessoas, em razão da
pregação da Palavra e do ministério do Espírito Santo se unia a
Igreja, arrependidos de seus pecados e em busca do perdão divino. O
resultado: Um crescimento explosivo e à medida que aumentava o
número de pessoas, aumentavam os problemas. No princípio os
apóstolos bem que tentaram administrar a situação, mas logo
perceberam que seria inviável cuidar de tudo sozinhos.
...Não
é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às
mesas. Foi
quando então, resolveram convocar uma reunião. E
os doze, convocando a multidão dos discípulos... Feita
a reunião, veio à decisão: Escolhei,
pois, irmãos, dentre vós, sete homens... aos quais constituamos
sobre este importante negócio. Sete
homens para iniciarem um trabalho que eles mesmos descrevem como
extremamente importante. Os Apóstolos não achavam viável abandonar
o ensino, pois considerava um ministério fundamental a Igreja que
estava em pleno desenvolvimento, mas também não podiam abandonar as
pessoas menos favorecidas da Igreja. Assim, fazendo, cumpriam uma
missão da Igreja que ela tinha para com ela mesma, que era o cuidado
com o ensino e o suprimento dos seus membros com coisas necessárias
a subsistência. Por entenderem que não podiam abandonar o serviço
assistencial da Igreja, visto que muitos crentes eram dependentes
deste importante trabalho os sete primeiros diáconos foram
escolhidos. Dentre os trabalhos a ser desenvolvido e que passou a ser
responsabilidade destes novos obreiros da Igreja, podemos destacar:
a.
O CUIDADO COM AS VIÚVAS E COM OS ÓRFÃOS.
"Pai
de órfãos e juiz de viúvas é Deus, no seu lugar santo" Sl
68.5.
O
cuidado com órfãos e viúvas passou a ser uma missão fundamental
no aspecto social da Igreja. Este trabalho cumpre o principal ofício
dos diáconos, e é um trabalho muito edificante cumprindo o que foi
dito pelo salmista. Os diáconos foram responsabilizados de fazerem
funcionar na Igreja Primitiva o importante trabalho que visa cuidar
dos membros menos favorecidos, principalmente se o membro não tiver
quem a possa sustentar. Isto não isenta os familiares deste cuidado,
que primordialmente deve ficar por conta da família. A Igreja entra,
quando não há familiares que possam cuida destas pessoas. 1Tm
5.16 Se
algum crente ou alguma crente tem viúvas, socorra-as, e não se
sobrecarregue a igreja, para que se possam sustentar as que deveras
são viúvas. Hoje
conhecemos este traalho como "Assistência Social". Tg
1.27 A
religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os
órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da
corrupção do mundo. O
que torna este trabalho tão importante é, com toda a certeza, a
proximidade que havia entre os diáconos e as pessoas diretamente
atendidas por eles, órfãos e viúvas. Pessoas que obviamente
sozinhas, que tinham total dependência dos cuidados da Igreja, e
necessariamente um pouco de carinho. Os Apóstolos entenderam que tal
trabalho não poderia parar e então surgiu a função do diaconato.
b.
O MINISTÉRIO DE ENSINO.
At
8.5 E,
descendo Filipe à cidade de Samaria lhes pregava a Cristo.
Este
ministério, pelo que vemos logo no primeiro verso do capítulo 6,
foi deliberadamente mantido a cargo dos Apóstolos. Segundo o que diz
o texto: "Não
é razoável que nós deixemos a palavra" os
Apóstolos decidiram assumir para si esta responsabilidade. Mas vamos
convir, não há nenhuma indicação que os diáconos estivessem
impedidos de também fazer uso do dom da Palavra. Tinham que cuidar
do trabalho que lhes fora estabelecido, e, em tempos oportunos, e,
segundo a necessidade, exerciam o ensino e a pregação da Palavra.
Paulo os coloca lado a lado com bispos, ao escrever aos Filipenses.
Fp 1.1 PAULO
e Timóteo, servos de Jesus Cristo, a todos os santos em Cristo
Jesus, que estão em Filipos, com os bispos e diáconos:
Muitos
líderes não consideram o ensino como parte do ministério diaconal,
mas, pelo menos dois, entre os sete diáconos são vistos exercendo
tal ministério. É verdade que não exerceram especificamente na
Igreja, Estevão e Felipe, exerceram este ministério em um momento
circunstancial, mas isto não é um impedimento ao diácono de
exercer tal responsabilidade desde que sejam obreiros dedicados e
preparados para o ensino. At 8:31 E
ele disse: Como poderei entender, se alguém não me ensinar? E rogou
a Filipe que subisse e com ele se assentasse. O
importante no exercício da Palavra é a "dedicação". O
obreiro dedicado busca sempre crescer na graça e no conhecimento.
2Pe 3.18 Antes
crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus
Cristo... Crescer
no conhecimento significa uma buscar de forma apurada um
relacionamento com Deus e com a Sua Palavra. Este ministério é
muito importante para pessoas que desejam fazer um bom trabalho para
Deus. Rm 12:7 Se
é ministério... é ensinar, haja dedicação ao ensino; E
no final de tudo, o ensino é um ofício importante e quanto mais
pessoas se dedicarem ele, melhor será para o desenvolvimento da
Igreja. 2Tm 2:2 E
o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens
fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros.
Na
Igreja Primitiva, mesmo que o ensino tenha ficado a cargo dos
Apóstolos, não podemos imaginar que os diáconos não exerceram um
papel tão fundamental como este logo no início e crescimento da
Igreja. Os locais de culto e as frequências em que os cultos que
eram realizados nas casas pediam, sem dúvida, uma ação
compartilhada e urgente. Fm 1.2 E
à nossa amada Áfia, e a Arquipo, nosso camarada, e à igreja que
está em tua casa:
c.
A RELAÇÃO COM A ORGANIZAÇÃO DO CULTO.
1Tm
3.13 Porque
os que servirem bem como diáconos, adquirirão para si uma boa
posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus.
Os
diáconos, como obreiros escolhidos para "servirem a mesa"
são responsáveis em exercer funções específicas na organização
do culto de adoração a Deus. Entre suas funções está o trabalho
de preparar a mesa da ceia do Senhor e servir a congregação no ato
propriamente dito. Os diáconos também, geralmente exercem funções
de guarda estrutural da porta de acesso ao culto. Eles ficam durante
o desenvolvimento do culto, atentos, as pessoas que chegam para o
mesmo. (Os diáconos não são responsáveis para tomarem conta dos
nossos filhos. Os países não podem transferir esta obrigação a
eles). Na prática do ofertório, geralmente são eles que
especificamente fazem a coleta. Mas, nada impede que os diáconos
exerçam funções de direção de cultos, afinal são trabalhadores
ou obreiros que foram provados e escolhidos para servirem a Igreja, e
estas funções também são funções de serviço.
(É
bom que fique o entendimento de que a princípio este estudo foi
elaborado para ser ministrado especificamente na nossa Igreja. No
caso a Igreja Batista Nacional Vale das Bençãos em
Bacaxá/Saquarema. Outra Igreja ou Igreja ou denominação que
desejar fazer uso, mas não concorde com qualquer colocação no
sentido ministerial do diácono, esteja à vontade para fazer
qualquer modificação).
II.
OS DIÁCONOS E A ESCOLHA.
At
6.3 Escolhei,
pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do
Espírito Santo e de sabedoria...
Os
escolhidos a receberem a unção para o serviço diaconal na Igreja
Primitiva, deveriam ser portadores de algumas características que
eram consideradas fundamentais a realização do serviço para o qual
seriam designados. A primeira observação a ser notada é que os
escolhidos deveriam ser crentes que tinham vida de igreja, isto é,
crentes que estavam dispostos a trabalharem para o pleno
desenvolvimento do reino. Escolhei,
pois, irmãos, dentre vós... O
diaconato, em nenhuma hipótese, poderia compor-se de pessoas que
ainda não tivesse encontrado a salvação no Senhor Jesus Cristo.
Era um cargo que não interno da Igreja e não comportava pessoas
descompromissadas com o desenvolvimento da mesma. Os escolhidos,
portanto, deveriam ser pessoas com frequência nos cultos além de
serem participativas, de alguma forma, no sentido de auxiliar no
desenvolvimento do mesmo. Feito esta observação, os Apóstolos
utilizaram três características que consideraram fundamentais aos
ocupantes deste novo cargo na Igreja:
a.
BOA REPUTAÇÃO. (CONFIANÇA). ...sete
homens de boa reputação...
A
NTLH define que a distribuição que seria feita pelos diáconos era
em dinheiro. Em se tratando de dinheiro, o cuidado deve ser
redobrado, em especial na Igreja. Para evitar problemas posteriores,
a exigência da boa reputação era realmente fundamental e os
Apóstolos fizeram muito bem em exigir. 1Tm 3.8 Da
mesma sorte os diáconos sejam honestos... Para
que ter certeza de que os candidatos ao diaconato possuíam boa
reputação, os candidatos eram colocados à prova, e somente os
aprovados eram considerados aptos. 1Tm 3.10 E
também estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem
irrepreensíveis. Além
de honestidade, outra exigência dizia respeito à boa reputação em
relação ao cônjuge. Assim como o candidato, a sua esposa também
deveria ter uma postura de honestidade na comunidade em que vivia.
Pode até parecer uma exigência boba e sem fundamento, mas como
falamos, em se tratando de dinheiro, todo cuidado é pouco! 1Tm
3.11 Da
mesma sorte as esposas sejam honestas,
Na
língua original o termo "reputação" vem do
vocábulo "Marturouménos" que
significa também "testemunho". Isto indica que para
exercer o ministério diáconal o obreiro deve comprovar idoneidade
de caráter é fé. A confiança nos diáconos dá aos líderes
tranquilidade, pois sabem que em situações extremas, eles são
obreiros em condições de atenderem nas circunstâncias que se
fizerem necessárias.
b.
CHEIOS DO ESPÍRITO SANTO. ...cheios
do Espírito Santo...
Ser
cheio do Espírito Santo é uma característica vital a todos os
crentes em Cristo Jesus, e não somente a pessoas que exercem cargos
na Igreja. Contudo, foi uma exigência dos Apóstolos aos candidatos
ao diaconato. Os apóstolos entenderam que além de ser um cargo onde
se exerceriam funções administrativas na Igreja, os diáconos
também deveriam estar prontos para realizarem serviços de cunho
espiritual. O culto, por exemplo, exigia a participação de pessoas
que tinham um relacionamento de intimidade com o Espírito Santo.
O
Senhor Jesus fez uma promessa fundamental aos crentes: Jo 14.16 E
eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique
convosco para sempre; Segundo
esta promessa, o Espírito Santo passou habitar de forma permanente
no crente. Mas, parece haver certa distinção entre ser cheio do
Espírito e ter o Espírito Santo de forma permanente. Segundo o que
escreveu Paulo em Ef. 1.13, A permanência do Espírito Santo no
crente, é um privilégio de todos os que receberam a salvação na
Pessoa do Senhor Jesus Cristo. Em
quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o
evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes
selados com o Espírito Santo da promessa. O
próprio Senhor Jesus fortalece este argumento em Jo 7.38-39 Quem
crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do
seu ventre. E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os
que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por
ainda Jesus não ter sido glorificado. Finalmente
temos ainda o enfoque do Apóstolo Paulo escrevendo aos Coríntios
que somos "templos", isto é, lugar de habitação. 1Co
3.16 Não
sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus
habita em vós?
No
entanto, Paulo escrevendo a Igreja Éfeso faz a observação de que
os crentes, mesmo sendo morada do Espírito Santo, deveriam ser cheio
do Espírito Santo. Ef 5.18 E
não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos
do Espírito; Nos
textos anteriores é dito que o Espírito Santo habita em nós
crentes, e este caso parece que esta habitação pode ser
"melhorada". Não é exatamente isso que o Apóstolo está
dizendo. Precisamos experimentar o que a Bíblia chama de "plenitude"
da operação do Espírito Santo em nossas vidas. Significa dar a Ele
plena liberdade em ocupar cada parte de nossa vida, guiando e
controlando. Somente assim, poderemos exercer o poder do Espírito
Santo produzindo frutos para Deus. Ser cheio do Espírito Santo, é
um privilégio dos Salvos em Jesus Cristo, que, sem reservas, faz uma
entrega de sua vida para o serviço de Deus. Não se aplica somente a
atos externos, mais se aplica aos pensamentos e as motivações.
Exatamente o que o cargo diaconal exigia para a realização de suas
funções. 1Co 4.1 QUE
os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos
mistérios de Deus.
c.
CHEIOS DE SABEDORIA. ...Cheios...
de sabedoria...
Segundo
uma ótica bíblica, a sabedoria pode ser entendida como uma forma de
viver agindo e reagindo segundo as circunstancias. Os apóstolos ao
colocarem a sabedoria como uma característica fundamental ao
exercício do ministério diaconal, não esperavam encontrar crentes
com cultura acadêmica, mas intencionavam descobrir aqueles que
tinham vida de intimidade com Deus, capacitados a agirem como servos
em um mundo corrompido. Eles esperavam encontrar homens que possuíam
capacidade de resolver problemas sem serem levados por
circunstâncias. A procura, não eram por crentes possuidores de
sabedoria tipo as que adquirimos pela leitura de livros ou de estudos
em universidades (embora isto ajude bastante). Os Apóstolos buscaram
na Igreja homens que exerciam a sabedoria vinda diretamente de Deus.
Tg 1.5 E,
se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos
dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada. É
uma sabedoria diferente porque não visa interesses próprios, não
comete injustiça e é capaz de observar e considerar uma situação
antes de tomar qualquer atitude. É uma sabedoria pura, livre de
qualquer preconceito. Não permite que qualquer tipo de atitude
hipócrita interfira em suas decisões. Tg
3.17 Mas
a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica,
moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem
parcialidade, e sem hipocrisia. O
sábio procura viver de forma irrepreensível e, portanto procura
preencher seu dia com atitudes como:
- LEITURA DA BÍBLIA. 1Tm 4.13 Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá. O Diácono deve ser um obreiro que valorize o estudo e a leitura da Palavra de Deus. É na leitura da Bíblia que encontramos sabedoria e conhecimento necessário para agirmos segundo os padrões divinos. Nos tempos dos Apóstolos, na Igreja Primitiva, era exatamente de pessoas dedicadas assim que os Apóstolos precisavam para as funções que deveriam ser preenchidas. Por isso, colocaram como imprescindível esta característica tão importante.
- ORAÇÃO. At 1:14 Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas... Os Apóstolos resolveram consagrar diáconos exatamente para que eles tivessem tempo para se dedicar a oração. At 6:4 Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra. Isto, contudo, não significava que os diáconos não precisariam também se dedicar a este ministério, pelo contrário, a oração era uma aliada essencial ao trabalho do ministério diaconal, tendo em vista ser ela um caminho curto para se adquirir a sabedoria divina. Ef 6.18 Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos,
- TEMOR AO SENHOR. Ef 5:21 Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus. O temor a Deus é um sentimento capaz de nos trazer para bem perto Dele. O termo tem pelo menos três importantes definições: Reverência, respeito e veneração. Cada uma destas três definições trazem em si significados apontam para uma mesma direção. A atitude de reverência tem a ver diretamente com o ato de respeito a Pessoa de Deus. Fala do modo digno de correspondência à majestade e a santidade divina. Desta atitude fluem com naturalidade atos de obediência. 2Co 7.1 ORA, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus. Quando reverenciamos a Deus em atitude de respeito é porque veneramos Sua Pessoa. A veneração tem muito a ver com o culto e a relatividade à pessoa cultuada, no entanto, se diferencia da adoração que lhe é devida. Na adoração nos dirigimos diretamente a Deus, confessando-o como Ser Supremo, enquanto que na reverência respeitamos Sua Soberania e Seu poder Supremo.
- GUARDA DOS MANDAMENTOS. Seria muito difícil imaginarmos os Apóstolos, homens dedicados ao Estudo da Palavra, escolhendo sete homens que não exercesse a guarda dos mandamentos, para um trabalho de tamanha relevância na Igreja. Jo 14.15 Se me amais, guardai os meus mandamentos. Se guardarmos os mandamentos, logo somos pessoas que amam a Deus naquilo que fazemos. Não fazemos nada sem o prazer de agradar a Deus. E, esta condição os torna obreiros amados por Deus e instrumentos capazes de realizar a obra para a qual receberam o chamado de Deus. Jo 14.21 Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.
III.
OS SETE ESCOLHIDOS.
At
6.5 E
este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estêvão,
homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e
Nicanor, e Timão, e Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia;
Feito
o "processo seletivo", finalmente sete homens foram
escolhidos. Foram homens que preencheram os requisitos necessários
para o desempenho da função. Eram todos eles homens que na
comunidade gozavam de uma reputação ilibada. Na Igreja eram homens
cheios do Espírito Santo, característica que fazia com que os
crentes locais acreditassem e confiassem neles. Na execução do
trabalho, eles demonstraram capacidades de exercer suas funções com
liberalidade e integridade. Em fim, eram homens que conheciam a
Palavra, homens que oravam, temiam ao Senhor com uma atitude de que
fazia deles diáconos no sentido da palavra. A relação dos sete é
apresentada no verso cinco, e são os seguintes: Estevão, Felipe,
Prócoro, Nicanor, Timão e Parmenas e Nicolau. At 6.6 E
os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram
as mãos.
1.
ESTEVÃO, UM DEFENSOR COVICTO.
E
este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estêvão,
homem cheio de fé e do Espírito Santo...
Estevão
era grego, membro da igreja primitiva de Jerusalém, e sua primeira
aparição foi exatamente na instituição dos sete diáconos.
indicados para supervisão e distribuição diária de alimentos às
viúvas e a outros membros necessitados da igreja, assegurando que
não houvesse injustiça na sua alocação entre os destinatários
helenistas e hebreus. Ao que parece, todos os sete indicados eram
gregos (At 6.1-6). Estevão demonstrou grande convicção e
conhecimento da Palavra quando levantou uma veemente oposição entre
os judeus helenistas de Jerusalém. Por causa de sua oposição, foi
realizado um acalorado debate na Sinagoga, comparecendo muitos judeus
das províncias ocidentais, inclusive, Saulo de Tarso. At 6.10 E
não podiam resistir à sabedoria, e ao Espírito com que falava. Os
argumentos de Estevão sobre o caráter temporário da adoração no
templo, e a substituição dos antigos costumes pelo Senhor Jesus, o
segundo Moisés (Dt 18.15 O
SENHOR teu Deus te levantará um profeta do meio de ti, de teus
irmãos, como eu; a ele ouvireis)
mostraram-se difíceis de ser refutados e sem dúvida pela facilidade
com que Estevão mostrou os registros dos profetas do AT confirmavam
as suas palavras. As autoridades da Sinagoga levaram acusações
contra Estevão perante o Sinédrio, e eles fizeram duas acusações:
- Que Estevão havia cometido uma blasfêmia contra Deus ao dizer que Jesus de Nazaré iria destruir o templo, semelhante acusação que foi feita contra o Senhor Jesus em Mc 14.58. Nós ouvimos-lhe dizer: Eu derrubarei este templo, construído por mãos de homens, e em três dias edificarei outro, não feito por mãos de homens.
- Que Estevão havia cometido uma blasfêmia contra Moisés ao dizer que Jesus iria mudar os costumes que o próprio Moisés lhes havia entregado.
Estevão,
em razão de sua veemente defesa, sofreu penalidade de apedrejamento
imposta àqueles que blasfemavam, mas em sua morte ele foi vindicado
com a visão do Filho do Homem glorificado. At 6.15 Então
todos os que estavam assentados no conselho, fixando os olhos nele,
viram o seu rosto como o rosto de um anjo. Sua
morte não foi em vão, pois foi rapidamente acompanhados pela missão
aos gentios, liderada por cristãos gregos que possuíam o mesmo
pensamento, Seus ensinos continuaram a produzir frutos, e ecoaram
através da futura geração na Epístola aos Hebreus.
2.
FILIPE, O EVANGELISTA. ...e
Filipe...
O
Nome Felipe vem de um termo grego que significa “que ama cavalos”.
No NT, temos pelo menos quatro homens trazem esse nome.
- FILIPE, O TETRARCA. Irmão de Herodes Antipas e governou a Ituréia e Traconites (Lc 3.1). Filho de Herodes o Grande com sua quinta mulher, Cleópatra de Jerusalém. Foi nomeado pelo Imperador Augusto. Filipe reinou por 37 anos (de 4 a.C. até 34 d.C.). O historiador Flávio Josefo relata que por sua benevolência e justiça Filipe ganhou o favor de seus súditos e também foi distinguido de sua família. Filipe construiu Cesárea de Filipe (Mt 16.13) e deu o nome de “Júlia” (em honra à filha de Augusto) a Betsaida. Casou-se com Salomé, filha de Herodias, e sua simpatia por Roma era muito conhecida.
- FILIPE HERODES. Filho de Herodes o Grande, e Mariane. Foi o primeiro marido de Herodias (Mc 6.17), e não chegou a reinar. Viveu como um cidadão em Roma. Seu meio-irmão Herodes Antipas casou-se com Herodias depois de divorciar-se de sua esposa. Nada mais se sabe sobre a sua pessoa através do NT, e Josefo se refere a ele apenas como Herodes.
- FILIPE, O APÓSTOLO, UM DOS DOZE DISCÍPULOS DE JESUS. Ele é mencionado nos três primeiros Evangelhos e em Atos (Mt 10.3; Mc 3.18; Lc 6.14; At 1.13), ocupando a quinta posição na relação dos apóstolos. Foi no Evangelho de João que ele possivelmente tenha desempenhado seu mais importante papel. Filipe era de Betsaida, a mesma cidade de André e Simão (Jo 1.44). Foi dito que Jesus o “encontrou”, e ele, por sua vez, encontrou Natanael, falou-lhe sobre Jesus e o convidou dizendo: “Vem e vê” (Jo 1.43,45,46). Mais tarde, o Senhor Jesus lhe perguntou como conseguiriam pão para alimentar a multidão (Jo 6.5). E sua resposta mostrou que ele era uma pessoa prática e realista (Jo 6.7), alguém que provavelmente ainda não havia entendido plenamente o poder de Jesus. Depois, ele foi abordado por “certos gregos” que desejavam ver Jesus (Jo 12.20,21). Pode ter sido apenas uma coincidência, ou pode ser que eles já conhecessem o seu nome grego (Philippos). Sua reação foi relatar o fato a André, que, por sua vez, o relatou a Jesus, Finalmente, ele pediu a Jesus que mostrasse o Pai (Jo 14.8). Assim como em 6.7, aqui ele usou a palavra “basta” para caracterizar a sua afirmação. Dessa forma, parece que ele tinha uma mente objetiva que calculava antes de falar. Aparentemente, foi confundido pelos patriarcas da Igreja com Filipe, o evangelista.
- FILIPE, O EVANGELISTA. Morava em Cesárea (At 21.8) e era pai de quatro filhas virgens que profetizavam na igreja primitiva (21.9). Junto com Estevão, ele foi um dos sete diáconos mais importantes nomeados originalmente para cuidar das viúvas (At 6.1-6) na igreja de Jerusalém. Ele foi descrito como uma pessoa de boa reputação, cheio do Espírito Santo e de sabedoria. Durante a perseguição sob Saulo de Tarso, Filipe foi forçado a fugir de Jerusalém para Samaria, proclamando o Cristo (o “Messias”) aos samaritanos (At 8.5). Seu ministério teve muito sucesso ali, e até influenciou Simão, o mágico, a acreditar e receber o batismo cristão (8.9-13). Mais tarde, foi em direção à velha Gaza e orientou um oficial etíope quanto à fé em Jesus (26.38). Dessa forma, como um judeu helenístico (que falava o grego), ele estabeleceu uma importante ligação entre a igreja de Jerusalém e as regiões vizinhas. Referências feitas a ele pelos patriarcas da Igreja, especialmente Eusébio e Clemente de Alexandria, parecem mostrar que houve uma confusão entre esse Filipe e o apóstolo Filipe. Lucas, entretanto, tomou o cuidado de fazer uma distinção entre ambos por meio da localização de um acontecimento específico. At 8.1. Naquele dia levantou-se grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e da Samária. E do título:
- Os Apóstolos. At 1.13 E, entrando, subiram ao cenáculo, onde habitavam Pedro e Tiago, João e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelote, e Judas, irmão de Tiago.
- O Evangelista, At 21.8 E no dia seguinte, partindo dali Paulo, e nós que com ele estávamos, chegamos a Cesaréia; e, entrando em casa de Filipe, o evangelista, que era um dos sete, ficamos com ele.
3.
PRÓCORO, O AMANUENSE. ...e
Prócoro...
Prócoro,
cujo nome vinha do grego e significava "Líder de Dança"
(Segundo Thayer), era Cristão Helenista, e teve seu nome relacionado
junto ao dos primeiros discípulos, e que foi escolhido como diácono
(At 6.5). Temos pouca informação sobre Prócoro, o que temos é o
que a tradição relata, que ele tornou-se bispo de Nicomédia. A
obra apócrifa Historia Prochori Christi Discipuli contém muitas
lendas sobre esse homem. Por causa da força de seu nome. A arte
bizantina o retrata como sendo o amanuense do apóstolo João durante
a escrita do Evangelho que traz o nome deste apóstolo. Prócoro é
apresentado como o autor de uma biografia de João que surgiu na
segunda metade do século V d.C. A tradição ainda afirma que
Prócoro era sobrinho de Estevão e companheiro de João Evangelista,
que o consagrou bispo de Nicomédia, na Bítinia (Atualmente
Turquia). A ele foi atribuída o Livro apócrifo de Atos de João e
acredita-se que ele tenha terminado sua vida como um mártir na
Antioquia no século I d.C.
4.
NICANOR, O "SANTO". ...e
Nicanor...
Se
considerarmos que temos pouca informação sobre Prócoro, o que
dizer de Nicanor. Sabemos que ele foi um dos sete homens escolhidos
para serem diáconos, com a função de atender as necessidades das
viúvas que falavam a língua grega na Igreja de Jerusalém (At 6.5),
e que seu nome significa "vencedor de homens". De acordo
com Annales Ecclesisastici de Baronius, atualmente considerado
historicamente como incorreto, Nicanor era um judeu cipriota que
retornou para sua terra natal e morreu lá como mártir em 76 d.C.
Outros relatos afirmam que tenha sido martirizado em "Berj",
um local não identificado, possivelmente uma confusão com "Botrys".
Ele é comemorado como um santo em 10 de Janeiro.
5.
TIMÃO, O PREGADOR. ...Timão...
Outro
dos sete homens escolhidos pela Igreja de Jerusalém, consagrado
pelos apóstolos para a supervisão de uma distribuição mais justa
das provisões diárias. A julgar peio aspecto grego de seu nome,
"aquele que honra a Deus", não há dúvida de que era um
helenista, isto é, um judeu que falava grego. Timão possuía uma
ótima reputação junto aos demais cooperadores, e é descrito como
um homem cheio do Espírito Santo e de sabedoria (At 6.5).
Acredita-se que Timão tenha sido helenizado e se tornou bispo na
Grécia ou em Bosra, na Síria. Num relato posterior, sua pregação
provocou a fúria de um governador local, que mandou queimar-lhe
vivo.
6.
PARMENAS, O MÁRTIRE.
...e
Parmenas...
Também
um dos setes diáconos escolhidos pelo povo e nomeados pelos doze
apóstolos para supervisionar a distribuição diária de provisões
às viúvas cristãs em Jerusalém (At 6.5). seu nome, no grego
significa "Firme". A única informação que temos sobre
este servo do Senhor, é que provavelmente tenha sido martirizado em
Filipos, no reinado de Trajano.
7.
NICOLAU, O CONQUISTADOR DO POVO.
...e
Nicolau, prosélito de Antioquia;
Esse
nome, que significa “conquistador do povo”, só é mencionado em
Atos 6.5. Ele era um dos sete “diáconos” escolhidos para cuidar
do ministério cotidiano e servir a mesa (At 6.1,2). Sua terra natal
era Antioquia e ele era, originalmente, um gentio convertido ao
judaísmo, porque é chamado de “prosélito de Antioquia”. Epifânio
(aprox. 315-403 d.C.), bispo de Salamina, afirmou que mais tarde
Nicolau se sentiu descontente ou enfadado, e fundou a seita herética
dos nicolaítas (Ap 2.6,151). Mas essa informação parece ser
extremamente duvidosa. Clemente de Alexandria (aprox. 150-220 d.C.)
defendeu o caráter de Nicolau. Como os outros seis diáconos,
Nicolau evidentemente preenchia as qualificações estabelecidas
pelos apóstolos: “Sete varões de boa reputação, cheios do
Espírito Santo e de sabedoria (At 6.3), portanto esta informação
contrária é muito duvidosa.
Próxima
etapa do curso: A Participação dos Diáconos no expediente do culto
a Deus.
Bom
Estudo!
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