terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

DIACONATO, UM IMPORTANTE NEGÓCIO.

Atos 6:1-7  ORA, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano. 2 - E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. - Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio. 4 - Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra. - E este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia; 6 - E os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos. - E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé. 



Introdução: Será que existe na Igreja um cargo com conotação de serviço tão importante ao povo de Deus como a função do "DIÁCONATO"? Acho que a resposta é não! Sem desmerecer qualquer outro cargo eclesiástico, o diaconato é um trabalho que está ligado de forma intima as pessoas que compõem o quadro de membros da Igreja. Eles são os obreiros que estão mais próximos e geralmente são as primeiras pessoas a manterem contato pessoal com os membros em suas necessidades. Nossa finalidade neste curso é buscar um entendimento em relação à tão importante função administrativa e espiritual. Vamos tentar perguntas do tipo: Quando e porque foi instituída esta função? Quando exatamente começaram seu trabalho? Como a Igreja recebeu este ministério? Como foram os primeiros relacionamentos entre Igreja e diáconos? Quem foram os sete primeiros diáconos a serem escolhidos e qual função específica lhes fora determinada pelos apóstolos? E hoje, esta função ainda está em plena validade como na Igreja Primitiva? Para estas e outras dúvidas vamos buscar respostas neste período em que passaremos juntos. Este workshop foi criado para você, portanto procure tirar o maior proveito possível. Não fique com dúvidas, pergunte, e caso discorde de qualquer posição, não tenha medo, estamos aqui para nos ajudarmos uns aos outros. Portanto, bom estudo!



I. ENTENDENDO UM POUQUINHO, SÓ PARA COMEÇAR...

Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens...

O termo Diácono em sua forma verbal. Gr "diakonein, apareceu com função primordial de "servir a mesa". Esta função exigia na sua realização, uma proximidade com povo e por isso, inicialmente os diáconos eram vistos como mensageiros. O vocábulo grego de cuja significação etimológica vem à palavra DIÁCONO, é "diákonos" que no original apontava para trabalhos como distribuição de comida, socorro, ministério e administração. Em ambos os casos, os termos, tanto na forma verbal como na etimologia apontavam sempre para a função propriamente dita e não para os ocupantes de um posto ou título. Mesmo em se tratando de uma função recém-criada na Igreja, o diaconato tinha o dever de substituir cuidados já exercidos pelos apóstolos, porém, com mais tempo consequentemente com maior dedicação e liberalidade.



Se bem notarmos, os Diáconos assumem um serviço idêntico ao dos garçons sendo serviçais da Igreja. Por servirem a mesa, podem ser vistos com ocupações mais específicas como de padeiros ou cozinheiros, muito embora, na sua função propriamente dita eles não realizem nem uma coisa e nem outra. O termo "Diácono" parece, em sua essência como um cargo aparentemente sem importância. Aparece poucas vezes na Bíblia, especificamente na LXX (Versão dos Setenta), e nas poucas vezes que o termo aparece, é apresentada num sentido secular, descrevendo-os como servos de reis, identificação que é bastante no sentido de mostrar a importância do cargo, afinal, eles serviam a ninguém menos que reis e rainhas. Et 1.10 E ao sétimo dia, estando já o coração do rei alegre do vinho, mandou a Meumã, Bizta, Harbona, Bigtá, Abagta, Zetar e Carcas, os sete camareiros que serviam na presença do rei Assuero. Estes "camareiros" eram na verdade vistos como "diáconos". Flávio Josefo, historiador judeu, descreveu o profeta Elizeu como um diácono que servia ao profeta Elias. O termo aparece num total de trinta vezes somente o NT.



1. A FUNÇÃO E APARECIMENTO DO CARGO DO DIÁCONO.

At 6:3 Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.

A primeira vez que encontramos o termo "diácono" na Bíblia foi a um momento em que a Igreja Primitiva enfrentava um problema no âmbito da assistência social. Estava acontecendo, conforme diz o texto, um desentendimento em relação a uma distribuição diária que era feita entre viúvas de judeus helenistas e dos judeus de Jerusalém. V.1 ORA, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano. Parece que o problema começou em decorrência do crescimento que a Igreja experimentou logo em seu inicio. Houve uma verdadeira avalanche em termos de conversões. De três mil crentes, que já era um número expressivo, passou logo a cinco mil, e daí para frente o número não parou de crescer. Muita gente, obviamente, começou a gerar muito trabalho. "ORA, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração...". Os apóstolos tiveram que tomar a iniciativa, e, para sanar o problema, decidiram escolher, na Igreja, pessoas com capacidade de executar o trabalho de distribuição sem injustiça e desigualdade social. Pelo que podemos notar pelo texto de Atos, a queixa dos helenistas parecia ter sérios fundamentos.



2. O TRABALHO DOS DIÁCONOS. ...aos quais constituamos sobre este importante negócio.

Como visto, o momento em que a Igreja surge no Livro de Atos dos Apóstolos era um momento de crescimento. Multidão de pessoas, em razão da pregação da Palavra e do ministério do Espírito Santo se unia a Igreja, arrependidos de seus pecados e em busca do perdão divino. O resultado: Um crescimento explosivo e à medida que aumentava o número de pessoas, aumentavam os problemas. No princípio os apóstolos bem que tentaram administrar a situação, mas logo perceberam que seria inviável cuidar de tudo sozinhos. ...Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. Foi quando então, resolveram convocar uma reunião. E os doze, convocando a multidão dos discípulos... Feita a reunião, veio à decisão: Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens... aos quais constituamos sobre este importante negócio. Sete homens para iniciarem um trabalho que eles mesmos descrevem como extremamente importante. Os Apóstolos não achavam viável abandonar o ensino, pois considerava um ministério fundamental a Igreja que estava em pleno desenvolvimento, mas também não podiam abandonar as pessoas menos favorecidas da Igreja. Assim, fazendo, cumpriam uma missão da Igreja que ela tinha para com ela mesma, que era o cuidado com o ensino e o suprimento dos seus membros com coisas necessárias a subsistência. Por entenderem que não podiam abandonar o serviço assistencial da Igreja, visto que muitos crentes eram dependentes deste importante trabalho os sete primeiros diáconos foram escolhidos. Dentre os trabalhos a ser desenvolvido e que passou a ser responsabilidade destes novos obreiros da Igreja, podemos destacar:



a. O CUIDADO COM AS VIÚVAS E COM OS ÓRFÃOS.

"Pai de órfãos e juiz de viúvas é Deus, no seu lugar santo" Sl 68.5.

O cuidado com órfãos e viúvas passou a ser uma missão fundamental no aspecto social da Igreja. Este trabalho cumpre o principal ofício dos diáconos, e é um trabalho muito edificante cumprindo o que foi dito pelo salmista. Os diáconos foram responsabilizados de fazerem funcionar na Igreja Primitiva o importante trabalho que visa cuidar dos membros menos favorecidos, principalmente se o membro não tiver quem a possa sustentar. Isto não isenta os familiares deste cuidado, que primordialmente deve ficar por conta da família. A Igreja entra, quando não há familiares que possam cuida destas pessoas. 1Tm 5.16 Se algum crente ou alguma crente tem viúvas, socorra-as, e não se sobrecarregue a igreja, para que se possam sustentar as que deveras são viúvas. Hoje conhecemos este traalho como "Assistência Social". Tg 1.27 A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo. O que torna este trabalho tão importante é, com toda a certeza, a proximidade que havia entre os diáconos e as pessoas diretamente atendidas por eles, órfãos e viúvas. Pessoas que obviamente sozinhas, que tinham total dependência dos cuidados da Igreja, e necessariamente um pouco de carinho. Os Apóstolos entenderam que tal trabalho não poderia parar e então surgiu a função do diaconato.



b. O MINISTÉRIO DE ENSINO.

At 8.5 E, descendo Filipe à cidade de Samaria lhes pregava a Cristo.

Este ministério, pelo que vemos logo no primeiro verso do capítulo 6, foi deliberadamente mantido a cargo dos Apóstolos. Segundo o que diz o texto: "Não é razoável que nós deixemos a palavra" os Apóstolos decidiram assumir para si esta responsabilidade. Mas vamos convir, não há nenhuma indicação que os diáconos estivessem impedidos de também fazer uso do dom da Palavra. Tinham que cuidar do trabalho que lhes fora estabelecido, e, em tempos oportunos, e, segundo a necessidade, exerciam o ensino e a pregação da Palavra. Paulo os coloca lado a lado com bispos, ao escrever aos Filipenses. Fp 1.1 PAULO e Timóteo, servos de Jesus Cristo, a todos os santos em Cristo Jesus, que estão em Filipos, com os bispos e diáconos:



Muitos líderes não consideram o ensino como parte do ministério diaconal, mas, pelo menos dois, entre os sete diáconos são vistos exercendo tal ministério. É verdade que não exerceram especificamente na Igreja, Estevão e Felipe, exerceram este ministério em um momento circunstancial, mas isto não é um impedimento ao diácono de exercer tal responsabilidade desde que sejam obreiros dedicados e preparados para o ensino. At 8:31 E ele disse: Como poderei entender, se alguém não me ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se assentasse. O importante no exercício da Palavra é a "dedicação". O obreiro dedicado busca sempre crescer na graça e no conhecimento. 2Pe 3.18 Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo... Crescer no conhecimento significa uma buscar de forma apurada um relacionamento com Deus e com a Sua Palavra. Este ministério é muito importante para pessoas que desejam fazer um bom trabalho para Deus. Rm 12:7 Se é ministério... é ensinar, haja dedicação ao ensino; E no final de tudo, o ensino é um ofício importante e quanto mais pessoas se dedicarem ele, melhor será para o desenvolvimento da Igreja. 2Tm 2:2 E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros.



Na Igreja Primitiva, mesmo que o ensino tenha ficado a cargo dos Apóstolos, não podemos imaginar que os diáconos não exerceram um papel tão fundamental como este logo no início e crescimento da Igreja. Os locais de culto e as frequências em que os cultos que eram realizados nas casas pediam, sem dúvida, uma ação compartilhada e urgente. Fm 1.2 E à nossa amada Áfia, e a Arquipo, nosso camarada, e à igreja que está em tua casa:



c. A RELAÇÃO COM A ORGANIZAÇÃO DO CULTO.

1Tm 3.13 Porque os que servirem bem como diáconos, adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus.

Os diáconos, como obreiros escolhidos para "servirem a mesa" são responsáveis em exercer funções específicas na organização do culto de adoração a Deus. Entre suas funções está o trabalho de preparar a mesa da ceia do Senhor e servir a congregação no ato propriamente dito. Os diáconos também, geralmente exercem funções de guarda estrutural da porta de acesso ao culto. Eles ficam durante o desenvolvimento do culto, atentos, as pessoas que chegam para o mesmo. (Os diáconos não são responsáveis para tomarem conta dos nossos filhos. Os países não podem transferir esta obrigação a eles). Na prática do ofertório, geralmente são eles que especificamente fazem a coleta. Mas, nada impede que os diáconos exerçam funções de direção de cultos, afinal são trabalhadores ou obreiros que foram provados e escolhidos para servirem a Igreja, e estas funções também são funções de serviço.



(É bom que fique o entendimento de que a princípio este estudo foi elaborado para ser ministrado especificamente na nossa Igreja. No caso a Igreja Batista Nacional Vale das Bençãos em Bacaxá/Saquarema. Outra Igreja ou Igreja ou denominação que desejar fazer uso, mas não concorde com qualquer colocação no sentido ministerial do diácono, esteja à vontade para fazer qualquer modificação).



II. OS DIÁCONOS E A ESCOLHA.

At 6.3 Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria...

Os escolhidos a receberem a unção para o serviço diaconal na Igreja Primitiva, deveriam ser portadores de algumas características que eram consideradas fundamentais a realização do serviço para o qual seriam designados. A primeira observação a ser notada é que os escolhidos deveriam ser crentes que tinham vida de igreja, isto é, crentes que estavam dispostos a trabalharem para o pleno desenvolvimento do reino. Escolhei, pois, irmãos, dentre vós... O diaconato, em nenhuma hipótese, poderia compor-se de pessoas que ainda não tivesse encontrado a salvação no Senhor Jesus Cristo. Era um cargo que não interno da Igreja e não comportava pessoas descompromissadas com o desenvolvimento da mesma. Os escolhidos, portanto, deveriam ser pessoas com frequência nos cultos além de serem participativas, de alguma forma, no sentido de auxiliar no desenvolvimento do mesmo. Feito esta observação, os Apóstolos utilizaram três características que consideraram fundamentais aos ocupantes deste novo cargo na Igreja:



a. BOA REPUTAÇÃO. (CONFIANÇA). ...sete homens de boa reputação...

A NTLH define que a distribuição que seria feita pelos diáconos era em dinheiro. Em se tratando de dinheiro, o cuidado deve ser redobrado, em especial na Igreja. Para evitar problemas posteriores, a exigência da boa reputação era realmente fundamental e os Apóstolos fizeram muito bem em exigir. 1Tm 3.8 Da mesma sorte os diáconos sejam honestos... Para que ter certeza de que os candidatos ao diaconato possuíam boa reputação, os candidatos eram colocados à prova, e somente os aprovados eram considerados aptos. 1Tm 3.10 E também estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis. Além de honestidade, outra exigência dizia respeito à boa reputação em relação ao cônjuge. Assim como o candidato, a sua esposa também deveria ter uma postura de honestidade na comunidade em que vivia. Pode até parecer uma exigência boba e sem fundamento, mas como falamos, em se tratando de dinheiro, todo cuidado é pouco! 1Tm 3.11 Da mesma sorte as esposas sejam honestas,



Na língua original o termo "reputação" vem do vocábulo "Marturouménos" que significa também "testemunho". Isto indica que para exercer o ministério diáconal o obreiro deve comprovar idoneidade de caráter é fé. A confiança nos diáconos dá aos líderes tranquilidade, pois sabem que em situações extremas, eles são obreiros em condições de atenderem nas circunstâncias que se fizerem necessárias.



b. CHEIOS DO ESPÍRITO SANTO. ...cheios do Espírito Santo...

Ser cheio do Espírito Santo é uma característica vital a todos os crentes em Cristo Jesus, e não somente a pessoas que exercem cargos na Igreja. Contudo, foi uma exigência dos Apóstolos aos candidatos ao diaconato. Os apóstolos entenderam que além de ser um cargo onde se exerceriam funções administrativas na Igreja, os diáconos também deveriam estar prontos para realizarem serviços de cunho espiritual. O culto, por exemplo, exigia a participação de pessoas que tinham um relacionamento de intimidade com o Espírito Santo.



O Senhor Jesus fez uma promessa fundamental aos crentes: Jo 14.16 E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; Segundo esta promessa, o Espírito Santo passou habitar de forma permanente no crente. Mas, parece haver certa distinção entre ser cheio do Espírito e ter o Espírito Santo de forma permanente. Segundo o que escreveu Paulo em Ef. 1.13, A permanência do Espírito Santo no crente, é um privilégio de todos os que receberam a salvação na Pessoa do Senhor Jesus Cristo. Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa. O próprio Senhor Jesus fortalece este argumento em Jo 7.38-39 Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado. Finalmente temos ainda o enfoque do Apóstolo Paulo escrevendo aos Coríntios que somos "templos", isto é, lugar de habitação. 1Co 3.16 Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?



No entanto, Paulo escrevendo a Igreja Éfeso faz a observação de que os crentes, mesmo sendo morada do Espírito Santo, deveriam ser cheio do Espírito Santo. Ef 5.18 E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito; Nos textos anteriores é dito que o Espírito Santo habita em nós crentes, e este caso parece que esta habitação pode ser "melhorada". Não é exatamente isso que o Apóstolo está dizendo. Precisamos experimentar o que a Bíblia chama de "plenitude" da operação do Espírito Santo em nossas vidas. Significa dar a Ele plena liberdade em ocupar cada parte de nossa vida, guiando e controlando. Somente assim, poderemos exercer o poder do Espírito Santo produzindo frutos para Deus. Ser cheio do Espírito Santo, é um privilégio dos Salvos em Jesus Cristo, que, sem reservas, faz uma entrega de sua vida para o serviço de Deus. Não se aplica somente a atos externos, mais se aplica aos pensamentos e as motivações. Exatamente o que o cargo diaconal exigia para a realização de suas funções. 1Co 4.1 QUE os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus.



c. CHEIOS DE SABEDORIA...Cheios... de sabedoria...

Segundo uma ótica bíblica, a sabedoria pode ser entendida como uma forma de viver agindo e reagindo segundo as circunstancias. Os apóstolos ao colocarem a sabedoria como uma característica fundamental ao exercício do ministério diaconal, não esperavam encontrar crentes com cultura acadêmica, mas intencionavam descobrir aqueles que tinham vida de intimidade com Deus, capacitados a agirem como servos em um mundo corrompido. Eles esperavam encontrar homens que possuíam capacidade de resolver problemas sem serem levados por circunstâncias. A procura, não eram por crentes possuidores de sabedoria tipo as que adquirimos pela leitura de livros ou de estudos em universidades (embora isto ajude bastante). Os Apóstolos buscaram na Igreja homens que exerciam a sabedoria vinda diretamente de Deus. Tg 1.5 E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada. É uma sabedoria diferente porque não visa interesses próprios, não comete injustiça e é capaz de observar e considerar uma situação antes de tomar qualquer atitude. É uma sabedoria pura, livre de qualquer preconceito. Não permite que qualquer tipo de atitude hipócrita interfira em suas decisões. Tg 3.17 Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia. O sábio procura viver de forma irrepreensível e, portanto procura preencher seu dia com atitudes como:

  • LEITURA DA BÍBLIA. 1Tm 4.13 Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá. O Diácono deve ser um obreiro que valorize o estudo e a leitura da Palavra de Deus. É na leitura da Bíblia que encontramos sabedoria e conhecimento necessário para agirmos segundo os padrões divinos. Nos tempos dos Apóstolos, na Igreja Primitiva, era exatamente de pessoas dedicadas assim que os Apóstolos precisavam para as funções que deveriam ser preenchidas. Por isso, colocaram como imprescindível esta característica tão importante.

  • ORAÇÃO. At 1:14 Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas... Os Apóstolos resolveram consagrar diáconos exatamente para que eles tivessem tempo para se dedicar a oração. At 6:4 Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra. Isto, contudo, não significava que os diáconos não precisariam também se dedicar a este ministério, pelo contrário, a oração era uma aliada essencial ao trabalho do ministério diaconal, tendo em vista ser ela um caminho curto para se adquirir a sabedoria divina. Ef 6.18 Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos,

  • TEMOR AO SENHOR. Ef 5:21 Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus. O temor a Deus é um sentimento capaz de nos trazer para bem perto Dele. O termo tem pelo menos três importantes definições: Reverência, respeito e veneração. Cada uma destas três definições trazem em si significados apontam para uma mesma direção. A atitude de reverência tem a ver diretamente com o ato de respeito a Pessoa de Deus. Fala do modo digno de correspondência à majestade e a santidade divina. Desta atitude fluem com naturalidade atos de obediência. 2Co 7.1 ORA, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus. Quando reverenciamos a Deus em atitude de respeito é porque veneramos Sua Pessoa. A veneração tem muito a ver com o culto e a relatividade à pessoa cultuada, no entanto, se diferencia da adoração que lhe é devida. Na adoração nos dirigimos diretamente a Deus, confessando-o como Ser Supremo, enquanto que na reverência respeitamos Sua Soberania e Seu poder Supremo.

  • GUARDA DOS MANDAMENTOS. Seria muito difícil imaginarmos os Apóstolos, homens dedicados ao Estudo da Palavra, escolhendo sete homens que não exercesse a guarda dos mandamentos, para um trabalho de tamanha relevância na Igreja. Jo 14.15 Se me amais, guardai os meus mandamentos. Se guardarmos os mandamentos, logo somos pessoas que amam a Deus naquilo que fazemos. Não fazemos nada sem o prazer de agradar a Deus. E, esta condição os torna obreiros amados por Deus e instrumentos capazes de realizar a obra para a qual receberam o chamado de Deus. Jo 14.21 Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.

III. OS SETE ESCOLHIDOS.

At 6.5 E este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia;

Feito o "processo seletivo", finalmente sete homens foram escolhidos. Foram homens que preencheram os requisitos necessários para o desempenho da função. Eram todos eles homens que na comunidade gozavam de uma reputação ilibada. Na Igreja eram homens cheios do Espírito Santo, característica que fazia com que os crentes locais acreditassem e confiassem neles. Na execução do trabalho, eles demonstraram capacidades de exercer suas funções com liberalidade e integridade. Em fim, eram homens que conheciam a Palavra, homens que oravam, temiam ao Senhor com uma atitude de que fazia deles diáconos no sentido da palavra. A relação dos sete é apresentada no verso cinco, e são os seguintes: Estevão, Felipe, Prócoro, Nicanor, Timão e Parmenas e Nicolau. At 6.6 E os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos.



1. ESTEVÃO, UM DEFENSOR COVICTO.

E este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo...

Estevão era grego, membro da igreja primitiva de Jerusalém, e sua primeira aparição foi exatamente na instituição dos sete diáconos. indicados para supervisão e distribuição diária de alimentos às viúvas e a outros membros necessitados da igreja, assegurando que não houvesse injustiça na sua alocação entre os destinatários helenistas e hebreus. Ao que parece, todos os sete indicados eram gregos (At 6.1-6). Estevão demonstrou grande convicção e conhecimento da Palavra quando levantou uma veemente oposição entre os judeus helenistas de Jerusalém. Por causa de sua oposição, foi realizado um acalorado debate na Sinagoga, comparecendo muitos judeus das províncias ocidentais, inclusive, Saulo de Tarso. At 6.10 E não podiam resistir à sabedoria, e ao Espírito com que falava. Os argumentos de Estevão sobre o caráter temporário da adoração no templo, e a substituição dos antigos costumes pelo Senhor Jesus, o segundo Moisés (Dt 18.15 O SENHOR teu Deus te levantará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis) mostraram-se difíceis de ser refutados e sem dúvida pela facilidade com que Estevão mostrou os registros dos profetas do AT confirmavam as suas palavras. As autoridades da Sinagoga levaram acusações contra Estevão perante o Sinédrio, e eles fizeram duas acusações:

  • Que Estevão havia cometido uma blasfêmia contra Deus ao dizer que Jesus de Nazaré iria destruir o templo, semelhante acusação que foi feita contra o Senhor Jesus em Mc 14.58. Nós ouvimos-lhe dizer: Eu derrubarei este templo, construído por mãos de homens, e em três dias edificarei outro, não feito por mãos de homens.

  • Que Estevão havia cometido uma blasfêmia contra Moisés ao dizer que Jesus iria mudar os costumes que o próprio Moisés lhes havia entregado.

Estevão, em razão de sua veemente defesa, sofreu penalidade de apedrejamento imposta àqueles que blasfemavam, mas em sua morte ele foi vindicado com a visão do Filho do Homem glorificado. At 6.15 Então todos os que estavam assentados no conselho, fixando os olhos nele, viram o seu rosto como o rosto de um anjo. Sua morte não foi em vão, pois foi rapidamente acompanhados pela missão aos gentios, liderada por cristãos gregos que possuíam o mesmo pensamento, Seus ensinos continuaram a produzir frutos, e ecoaram através da futura geração na Epístola aos Hebreus.



2. FILIPE, O EVANGELISTA. ...e Filipe...

O Nome Felipe vem de um termo grego que significa “que ama cavalos”. No NT, temos pelo menos quatro homens trazem esse nome.

  • FILIPE, O TETRARCA. Irmão de Herodes Antipas e governou a Ituréia e Traconites (Lc 3.1). Filho de Herodes o Grande com sua quinta mulher, Cleópatra de Jerusalém. Foi nomeado pelo Imperador Augusto. Filipe reinou por 37 anos (de 4 a.C. até 34 d.C.). O historiador Flávio Josefo relata que por sua benevolência e justiça Filipe ganhou o favor de seus súditos e também foi distinguido de sua família. Filipe construiu Cesárea de Filipe (Mt 16.13) e deu o nome de “Júlia” (em honra à filha de Augusto) a Betsaida. Casou-se com Salomé, filha de Herodias, e sua simpatia por Roma era muito conhecida.

  • FILIPE HERODES. Filho de Herodes o Grande, e Mariane. Foi o primeiro marido de Herodias (Mc 6.17), e não chegou a reinar. Viveu como um cidadão em Roma. Seu meio-irmão Herodes Antipas casou-se com Herodias depois de divorciar-se de sua esposa. Nada mais se sabe sobre a sua pessoa através do NT, e Josefo se refere a ele apenas como Herodes.

  • FILIPE, O APÓSTOLO, UM DOS DOZE DISCÍPULOS DE JESUS. Ele é mencionado nos três primeiros Evangelhos e em Atos (Mt 10.3; Mc 3.18; Lc 6.14; At 1.13), ocupando a quinta posição na relação dos apóstolos. Foi no Evangelho de João que ele possivelmente tenha desempenhado seu mais importante papel. Filipe era de Betsaida, a mesma cidade de André e Simão (Jo 1.44). Foi dito que Jesus o “encontrou”, e ele, por sua vez, encontrou Natanael, falou-lhe sobre Jesus e o convidou dizendo: Vem e vê” (Jo 1.43,45,46). Mais tarde, o Senhor Jesus lhe perguntou como conseguiriam pão para alimentar a multidão (Jo 6.5). E sua resposta mostrou que ele era uma pessoa prática e realista (Jo 6.7), alguém que provavelmente ainda não havia entendido plenamente o poder de Jesus. Depois, ele foi abordado por “certos gregos” que desejavam ver Jesus (Jo 12.20,21). Pode ter sido apenas uma coincidência, ou pode ser que eles já conhecessem o seu nome grego (Philippos). Sua reação foi relatar o fato a André, que, por sua vez, o relatou a Jesus, Finalmente, ele pediu a Jesus que mostrasse o Pai (Jo 14.8). Assim como em 6.7, aqui ele usou a palavra basta” para caracterizar a sua afirmação. Dessa forma, parece que ele tinha uma mente objetiva que calculava antes de falar. Aparentemente, foi confundido pelos patriarcas da Igreja com Filipe, o evangelista.

  • FILIPE, O EVANGELISTA. Morava em Cesárea (At 21.8) e era pai de quatro filhas virgens que profetizavam na igreja primitiva (21.9). Junto com Estevão, ele foi um dos sete diáconos mais importantes nomeados originalmente para cuidar das viúvas (At 6.1-6) na igreja de Jerusalém. Ele foi descrito como uma pessoa de boa reputação, cheio do Espírito Santo e de sabedoria. Durante a perseguição sob Saulo de Tarso, Filipe foi forçado a fugir de Jerusalém para Samaria, proclamando o Cristo (o “Messias”) aos samaritanos (At 8.5). Seu ministério teve muito sucesso ali, e até influenciou Simão, o mágico, a acreditar e receber o batismo cristão (8.9-13). Mais tarde, foi em direção à velha Gaza e orientou um oficial etíope quanto à fé em Jesus (26.38). Dessa forma, como um judeu helenístico (que falava o grego), ele estabeleceu uma importante ligação entre a igreja de Jerusalém e as regiões vizinhas. Referências feitas a ele pelos patriarcas da Igreja, especialmente Eusébio e Clemente de Alexandria, parecem mostrar que houve uma confusão entre esse Filipe e o apóstolo Filipe. Lucas, entretanto, tomou o cuidado de fazer uma distinção entre ambos por meio da localização de um acontecimento específico. At 8.1. Naquele dia levantou-se grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e da Samária. E do título:

  • Os Apóstolos. At 1.13 E, entrando, subiram ao cenáculo, onde habitavam Pedro e Tiago, João e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelote, e Judas, irmão de Tiago.
  • O Evangelista, At 21.8 E no dia seguinte, partindo dali Paulo, e nós que com ele estávamos, chegamos a Cesaréia; e, entrando em casa de Filipe, o evangelista, que era um dos sete, ficamos com ele.



3. PRÓCORO, O AMANUENSE. ...e Prócoro...

Prócoro, cujo nome vinha do grego e significava "Líder de Dança" (Segundo Thayer), era Cristão Helenista, e teve seu nome relacionado junto ao dos primeiros discípulos, e que foi escolhido como diácono (At 6.5). Temos pouca informação sobre Prócoro, o que temos é o que a tradição relata, que ele tornou-se bispo de Nicomédia. A obra apócrifa Historia Prochori Christi Discipuli contém muitas lendas sobre esse homem. Por causa da força de seu nome. A arte bizantina o retrata como sendo o amanuense do apóstolo João durante a escrita do Evangelho que traz o nome deste apóstolo. Prócoro é apresentado como o autor de uma biografia de João que surgiu na segunda metade do século V d.C. A tradição ainda afirma que Prócoro era sobrinho de Estevão e companheiro de João Evangelista, que o consagrou bispo de Nicomédia, na Bítinia (Atualmente Turquia). A ele foi atribuída o Livro apócrifo de Atos de João e acredita-se que ele tenha terminado sua vida como um mártir na Antioquia no século I d.C.





4. NICANOR, O "SANTO". ...e Nicanor...

Se considerarmos que temos pouca informação sobre Prócoro, o que dizer de Nicanor. Sabemos que ele foi um dos sete homens escolhidos para serem diáconos, com a função de atender as necessidades das viúvas que falavam a língua grega na Igreja de Jerusalém (At 6.5), e que seu nome significa "vencedor de homens". De acordo com Annales Ecclesisastici de Baronius, atualmente considerado historicamente como incorreto, Nicanor era um judeu cipriota que retornou para sua terra natal e morreu lá como mártir em 76 d.C. Outros relatos afirmam que tenha sido martirizado em "Berj", um local não identificado, possivelmente uma confusão com "Botrys". Ele é comemorado como um santo em 10 de Janeiro.



5. TIMÃO, O PREGADOR. ...Timão...

Outro dos sete homens escolhidos pela Igreja de Jerusalém, consagrado pelos apóstolos para a supervisão de uma distribuição mais justa das provisões diárias. A julgar peio aspecto grego de seu nome, "aquele que honra a Deus", não há dúvida de que era um helenista, isto é, um judeu que falava grego. Timão possuía uma ótima reputação junto aos demais cooperadores, e é descrito como um homem cheio do Espírito Santo e de sabedoria (At 6.5). Acredita-se que Timão tenha sido helenizado e se tornou bispo na Grécia ou em Bosra, na Síria. Num relato posterior, sua pregação provocou a fúria de um governador local, que mandou queimar-lhe vivo.



6. PARMENAS, O MÁRTIRE.

...e Parmenas...

Também um dos setes diáconos escolhidos pelo povo e nomeados pelos doze apóstolos para supervisionar a distribuição diária de provisões às viúvas cristãs em Jerusalém (At 6.5). seu nome, no grego significa "Firme". A única informação que temos sobre este servo do Senhor, é que provavelmente tenha sido martirizado em Filipos, no reinado de Trajano.



7. NICOLAU, O CONQUISTADOR DO POVO.

...e Nicolau, prosélito de Antioquia;

Esse nome, que significa “conquistador do povo”, só é mencionado em Atos 6.5. Ele era um dos sete “diáconos” escolhidos para cuidar do ministério cotidiano e servir a mesa (At 6.1,2). Sua terra natal era Antioquia e ele era, originalmente, um gentio convertido ao judaísmo, porque é chamado de “prosélito de Antioquia”. Epifânio (aprox. 315-403 d.C.), bispo de Salamina, afirmou que mais tarde Nicolau se sentiu descontente ou enfadado, e fundou a seita herética dos nicolaítas (Ap 2.6,151). Mas essa informação parece ser extremamente duvidosa. Clemente de Alexandria (aprox. 150-220 d.C.) defendeu o caráter de Nicolau. Como os outros seis diáconos, Nicolau evidentemente preenchia as qualificações estabelecidas pelos apóstolos: “Sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria (At 6.3), portanto esta informação contrária é muito duvidosa.





Próxima etapa do curso: A Participação dos Diáconos no expediente do culto a Deus.

Bom Estudo!


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