sábado, 16 de julho de 2016

O NOVO NASCIMENTO

ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL VALE DAS BENÇÃOS
BACAXÁ/ SAQUAREMA
SOTERIOLOGIA 
Lição V

O NOVO NASCIMENTO
17/07/2016
24/07/2016
(Continuação)


Texto Básico: (Jo 3:1-10 RA) “Havia, entre os fariseus, um homem chamado Nicodemos, um dos principais dos judeus. Este, de noite, foi ter com Jesus e lhe disse: Rabi, sabemos que és Mestre vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele.  A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.  Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez?  Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus.  O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito.  Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo.  O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito.  Então, lhe perguntou Nicodemos: Como pode suceder isto? Acudiu Jesus:  Tu és mestre em Israel e não compreendes estas coisas?”
Introdução: O Novo Nascimento é um milagre operado por ação exclusiva do Espírito Santo na natureza do indivíduo. Somente o Espírito Santo tem poder para transformar o pecador em uma nova criatura. Esta ação não representa de forma alguma fruto do esforço ou boas qualidades do homem. Não existe mérito humano nesta operação (Jo 3.6,7) O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo. Nenhuma atitude ou ação sem que haja um encontro real com o Salvador Jesus Cristo, é capaz de em si mesmo operar tal milagre. O batismo nas águas, por exemplo, não efetua qualquer influência nesta ação sendo falsa a doutrina que ensina que a regeneração acontece pelas águas do batismo. O Novo Nascimento não é fruto de hereditariedade, nem de filiação a uma Igreja ou de participação em algum rito religioso. Nenhum fruto de resoluções humanas, nada, absolutamente nada será capaz de efetuar o Novo Nascimento se não a ação do Espírito Santo. Assim como o nascimento físico depende de fatores naturais, na regeneração o processo é passivo, recebemos o Novo Nascimento quando entregamos nossa vida ao Senhor Jesus Cristo. Jo 1.12. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome;

I. FUNDAMENTAÇÃO E EXPLANAÇÃO DOUTRINÁRIA.
Ef 2.1 (RA) Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados,
É bom procurarmos entender como se dá o processo ou o milagre do Novo Nascimento. Podemos começar vendo como acontece o processo divino e entender porque por nossos próprios méritos não podemos exercer ação de transformação ou mesmo de forma pura e simples, efetuar a transformação na nossa vida da nossa maneira.

I. ENTENDENDO O PROCESSO DOUTRINÁRIO.
O processo do Novo Nascimento pode ser visto como uma reação a uma ação. 
  • Primeiro, por reconhecermos nosso estado de pecador, sentimos tristeza em razão de nossa separação de Deus, e aí, o processo começará a acontecer na atitude que tomaremos ante este sentimento de tristeza e separação de Deus.
  • Tocados pelo Espírito Santo, nos arrependemos da vida de pecado que estamos levando e tomamos a atitude de buscar por socorro. 
  • Desta busca, acontece nosso encontro com o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Um encontro entre pecador e Salvador. Este é o ponto principal de todo o processo.
  • Neste encontro, nossa vida é entregue ao Salvador e imediatamente recebemos Dele, o perdão dos nossos pecados. Uma mudança de estado de mortos espirituais para um estado de vida com Deus. 
Ef 2.5,6 e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, - pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; 

Aqui começa definitivamente o milagre do Novo Nascimento. No momento em que, arrependidos de nossos pecados, confessamos nossas culpas ao Senhor Jesus, e o recebemos como Senhor e Salvador. Além do perdão de nossos pecados somos novamente “gerados” em Cristo Jesus. Este é o Novo Nascimento. 2Co 5.17 Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.

A operação deste milagre que chamamos do “Novo Nascimento” é um fenômeno, aos olhos humanos, quase que inexplicável em seu alcance mais profundo. Jo 3.4 Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez? 

Mais por ser um processo de ação puramente divino, pode ser entendido como a penetração da vida de Deus em nossa vida. Uma mudança radical em nosso estado de pecador para um estado de vivos, mortos para o pecado. O Novo Nascimento opera em nós uma nova vida, fato pelo qual Jesus insistiu na sua necessidade.

II. A DOUTRINA NA BÍBLIA.
Jo 1.10-12 O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu.Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome;
A doutrina referente ao Novo Nascimento é amplamente divulgada nas páginas das Escrituras Sagradas, tanto no NT, como no AT. Às vezes algumas expressões podem parecer diminuir ou até mesmo aumentar o valor doutrinário em razão dos diferentes termos apresentados, mas são palavras diferentes que apresentam uma mesma verdade. O sentido será sempre o de nos fazer compreender que não temos como nos movimentar na direção dos propósitos de Deus sozinhos. Nossa natureza está totalmente comprometida com a corrupção do pecado, por isto é necessário mudarmos nossa natureza e é Deus o único capaz de operar tal transformação, nos tornando um em Cristo. Vários textos podem e devem ser considerados para o conhecimento desta doutrina. João 3 é o que mais longamente expõe o tema, demonstrando  que pelo princípio da regeneração pela fé depende à entrada de qualquer pessoa no Reino dos Céus. Para um melhor entendimento do tema, vamos nos deter em algumas expressões usadas no texto:

1. OS FARISEUS.
Este constituíam uma das três principais seitas Judaicas, sendo ela em alguns sentidos melhor, no entanto muito severa (At 26:5). pois, na verdade, eu era conhecido deles desde o princípio, se assim o quiserem testemunhar, porque vivi fariseu conforme a seita mais severa da nossa religião. 

Os Judeus sofreram feroz perseguição por parte de Antíoco Epifanes, rei da Síria, depois da volta do Cativeiro Babilônico. Os mais patriotas se organizaram em partido para resistirem à infiltração do Helenismo. Isso em 175-164 a.C. Logo, os fariseus tiveram uma nobre origem. Mas seu nome aparece só lá pelos anos 135-105 a.C.

Os fariseus visavam preservar a religião de Israel, as Escrituras Hebraicas, estimular o amor pátrio, etc. Criam na imortalidade da alma, na ressurreição do corpo, na existência do espírito, nas recompensas e castigos na vida futura (céu e inferno). Pontos é que se opunham aos saduceus, não aceitando nem uma nem outra destas coisas (At 23:6-8). Sabendo Paulo que uma parte do Sinédrio se compunha de saduceus e outra, de fariseus, exclamou: Varões, irmãos, eu sou fariseu, filho de fariseus! No tocante à esperança e à ressurreição dos mortos sou julgado! Ditas estas palavras, levantou-se grande dissensão entre fariseus e saduceus, e a multidão se dividiu. Pois os saduceus declaram não haver ressurreição, nem anjo, nem espírito; ao passo que os fariseus admitem todas essas coisas. 

Os Fariseus eram extremos em suas formas externas de religião, opondo-se ferrenhamente a Jesus. Eram verdadeiros legalistas. Apesar de tudo, homens como Gamaliel (At 5.34; 22.3); Saulo de Tarso (Fp 3.5), Nicodemos (Jo 3.1), e outros de muito boa vontade (At 5.34; Jo 7.50), pertenceram a tal religião. Os fariseus julgavam que por muito falarem seriam ouvidos em suas orações (Mt 6:7).

2. NICODEMOS. 
Jo 3.1 Havia, entre os fariseus, um homem chamado Nicodemos, um dos principais dos judeus...
Agostinho descreve Nicodemos como “um dos crentes em quem Jesus não podia confiar logo”. A tradição dos rabinos o descreve como um dos três homens mais ricos de Jerusalém. Exercia altíssima autoridade no Sinédrio, corpo legislativo, judicial e executivo entre os judeus, e, aparentemente no início de sua conversa com o Mestre, ele não estava ainda convertido. Jesus repudia o regime religioso de Nicodemos e exige dele uma transformação para entrar no Reino dos Céus. Nicodemos é mencionado três vezes no Evangelho de João.
  • A primeira vez, visitando Jesus de noite (Jo 3:1-15); 
  • A segunda, protestando contra a condenação de Jesus sem o ouvirem. Nicodemos estava tão impressionado com as palavras de Jesus que seu desejo era que seus colegas o ouvissem também (Jo 7:50,51); 
  • A terceira vez, trazendo especiarias para ungir o corpo de Jesus em seu sepultamento (Jo 19:38,39).

Jo 3:2, diz “... Este, de noite, foi ter com Jesus...” Ao que parece havia um temor político e social e Nicodemos não se expôs para não prejudicar sua posição (Jo 3:10). O texto bíblico apresenta o motivo, em relação a José de Arimatéia: “por medo dos judeus” (Jo 19:38,39). Porém nada fala em relação a Nicodemos. Orlando Boyer assim testifica em relação a Nicodemos: “A sinceridade militava contra a timidez e a timidez contra a sinceridade no coração de Nicodemos” Mas não podemos negar, Nicodemos pelo menos mostrou devoção a Jesus. Foi ele que juntamente com José de Arimatéia, cuidou do corpo de Jesus e do seu sepultamento (Jo 19:38,39).

Rabi, SABEMOS que és Mestre...” Nicodemos, ao falar na terceira pessoa, fala por seu grupo. Ele era membro do Sinédrio e delegado único dos chefes dos judeus, que provavelmente conheciam suas pretensões. O magno tribunal já havia investigado oficialmente acerca de João Batista (Jo 1:19-31), mas não fez isso com relação a Jesus. Nicodemos se queixa disso mais tarde (Jo 7:50), querendo que Jesus fosse ouvido em juízo. Ele mesmo ficara impressionado com a pessoa e o ensino de Jesus de ter estado com ele naquela noite.

3. REINO DE DEUS.
... se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus
Os Judeus esperavam que a vinda do Reino fosse alguma coisa assinalada tipo por manifestações de poderio bélico ou político. Esperavam a chegada de um líder como Sansão Jefté, Eúde, disposto como comandante de um grande exército, pronto para destruir os inimigos e libertar o povo de Israel. O Reino de Deus, no entanto, falava de uma era ou época Messiânica. O Senhor Jesus, aparece, para decepção deste que respiravam a guerra, proclamando uma ordem espiritual invisível aos olhos, e aos sentidos humanos. A tônica de Sua mensagem nunca falou em guerra, mas em regeneração, arrependimento e renovação pelo Espírito Santo. Experiências indispensáveis para a entrada no Reino dos Céus.

4. NASCER DA ÁGUA E DO ESPÍRITO.
...quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus” 
C. H. Wright, erudito anglicano, traz, em nossa opinião, uma interpretação interessante do tema, Ele apresenta ambos os termos “Água” e “Espírito” como sinônimos da mesma expressão. Segundo Wright, nascer da água e do Espírito significa a mesma coisa. Jesus apenas cita ambos para enfatizar a necessidade de nascer de cima.

a. OUTRAS INTERPRETAÇÕES:
  • A expressão “água e Espírito” sinaliza o batismo pelo seu significado “arrependimento”. Assim, nascer da água, segundo dizem, pode ser entendido como “nascer do arrependimento”. 
  • A expressão “nascer da água”, apontaria para o “nascimento”, pelo aspecto impressionante do parto. Fogem da ideia do Reino Espiritual identificando “água e espírito” com as Igrejas, e dando ao batismo o valor de admissão às mesmas. O sentido de tal admissão teria a equivalência da entrada no Reino. 
Os sacramentalistas interpretam a expressão “nascer da água”, como uma referência do Mestre ao batismo. Os católicos, por exemplo, entende como Regeneração Batismal, o sacramento chamado batismo.

b. REFUTAÇÕES A INTERPRETAÇÕES.
Embora muitos não concordem que as expressões “Água e Espírito” sejam sinônimas, é bem mais viável admitir a probabilidade de que sejam. E, optar pela interpretação inteligente do Dr. Wright. Assim, não corremos o risco de ferir qualquer doutrina bíblica, e cair num sacramentalismo anti-bíblico. Se admitirmos como sinônimo as duas expressões, enfatizaremos a necessidade de uma transformação a ser operar somente pela Pessoa de Deus. Neste caso as duas expressões significariam uma mesma coisa, nascer de novo, seria o mesmo que nascer de cima. (Taylor).

Entendermos como arrependimento, batismo ou qualquer forma de nascimento a expressão “nascer da água”, seria no mínimo contraditório. É o mesmo que ligar a esta expressão à ideia sacramentalista de que para “entrar na igreja”, tem de se admitir o “nascer da água” como sendo o batismo, que no caso, se tornaria um requisito ao Novo Nascimento. O único batismo conhecido, na época em que JESUS proferiu tal discurso, era o de João, e este era destituído da graça salvadora e do Espírito regenerador. 

Além de tudo isso, temos a ideia sacramentalista que entra em contradição com todo o ensino claro das Escrituras sobre a doutrina bíblica do batismo, que não tem o poder de operar a regeneração; o batismo não salva. É para ser ministrado a pessoas que já tenham tido a experiência do Novo Nascimento. 

A participação dos ritos sacramentais de qualquer seita religiosa não abre a porta a ninguém para entrar no Reino de Deus, mas só o arrependimento e fé, são caminhos bíblicos da regeneração. Pois, se fosse de outro modo (pelo batismo), não seria razoável censurar Nicodemos por não entender o ensino de Jesus.

CONCLUSÃO:
O fator indispensável na regeneração do pecador é sem nenhuma dúvida a Palavra de Deus, o Evangelho. Vários textos ensinam isto:
Jo 15:3; Ef 5:26; Hb 4:12; 10:22; Tg 1:21; 1Pe 1:22, 23; etc.
É doutrina bíblica inegável que o Espírito Santo opera a regeneração pela Palavra. “Essas considerações me levam a afirmar que aqui, como nas outras passagens estudadas nas páginas do Evangelho de João, Jesus ensina um Novo Nascimento com dois fatores sublimes: o poder purificador do Evangelho de salvação pelo sangue de Jesus e a obra vitalizadora do Espírito Santo que acompanha a pregação e opera no pecador ouvinte a graça e a Nova Vida”. (Taylor).
Esta interpretação de Taylor concorda com tantos outros textos claros da Palavra de Deus. Nicodemos foi um profundo conhecedor de textos como Is 44:3; Ez 36:25,26; que tratam da regeneração como operação divina pelo Seu poder e pela Sua palavra. Água simboliza a purificação efetuada no crente pelo Evangelho de Jesus, fator sublime na regeneração. Observando Jo 3.6 “Todo o que é nascido do Espírito é espírito”, fica claro que não apenas o crente batizado, mas todo o crente tem a vida eterna, quando crê. Haja vista o caso do ladrão convertido à cruz foi salvo sem batismo, quando lhe prometeu Jesus: “Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso” (Lc 23:43).



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