segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Estudo Bíblico - Homilética

HOMILÉTICA A ARTE NA PREPARAÇÃO DOS SERMÕES

INTRODUÇÃO: a palavra "homilética" deriva-se do grego "homilétike" que significa "o ensino em tom familiar". No grego clássico "homilos" significa "multidão, assembléias do povo". Da mesma origem aparece o verbo "homileo" que quer dizer "conversar". Este foi usado nas reuniões cristãs primitivas para indicar os discursos familiares feito por seus dirigentes. De "homíleo" adaptou-se o termo "homilia". Hoje entendemos por "HOMILÉTICA" A arte na preparação dos sermões. Assim sendo podemos dizer que "HOMILÉTICA" é a ciência que ensina os princípios fundamentais dos discursos em público, que proclamam o ensina da verdade divina em reuniões regulares para exercício do culto (Holppin). É a arte na preparação dos sermões, os quais não se abstêm do aprimoramento das habilidades oratórias. Todo pregador deve ter em mente o significado de cada um dos seguintes termos, muito relacionados entre si, mas distintos quanto a significação:

  • ORATÓRIA. É a arte de falar em público de forma elegante, precisa, fluente e atrativa.
  • ELOQUÊNCIA. Capacidade do bem falar. Expressividade ao falar. Pode ser desenvolvida na teoria e na prática da oratória. Nela o dom natural é que se desenvolve, entretanto, existem correntes de interpretação que dizem ser uma arte, uma técnica.
  • RETÓRICA. É o estudo teórico das regras que desenvolvem e aperfeiçoam o talento natural da palavra, baseando-se na observação e no raciocínio. (Conjunto de regras relativo a eloqüência).
  • HOMILÉTICA. No seu aspecto técnico e prático atinge três elementos que devem ser claramente entendidos: Dom, conhecimento e habilidade. O Dom ou talento vem de Deus. O conhecimento é o resultado do estudo concentrado e consciencioso da Palavra de Deus. A habilidade pode ser desenvolvida pelo uso e pela experiência.

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O PREGADOR

Introdução: Pregador é alguém que recebe a mensagem de Deus e a entre aos homens. É o que trata com Deus dos interesses dos homens e, com os homens do interesse de Deus. Num termo clássico, pregador é aquele que faz "pregações", um orador religioso, aquele que repreende ou adverte, é a pessoa responsável a fazer o anuncio da mensagem divina, tanto no AT (Is 53.1), quanto no NT (1Co 1.21). A Bíblia
não diz que todos os crentes seriam pregadores e ensinadores (1Co 1.29; Ef 4.11). Na verdade, pregar e ensinar são dois ministérios diferentes e importantes no NT. A habilidade tanto de pregar como de ensinar em público e, portanto um Dom de Deus.

REQUISITOS AO PREGADOR.

  1. CONVERSÃO. O pregador precisa se alguém que experimentou a obra regeneradora do Espírito Santo em sua vida. Como alguém poderá pregar uma mensagem de salvação se ainda não tiver sido alcançado?
  2. CHAMADA INVIDIUAL. É a chamada do indivíduo pelo Espírito Santo para determinado trabalho que Deus quer que ele faça. Entre estes trabalhos está o que a Bíblia chama de "Ministério da Palavra" (2Tm4.5). Ter chamada especial de Deus para pregar implica na responsabilidade de ser portador de uma mensagem capaz de transformar seus ouvintes e manter s si próprio puro.


     

PRINCÍPIOS QUE REGEM A PREGAÇÃO E O PREGADOR.

1. OBJETIVIDADE. Qualidade necessária ao pregador para que a mensagem alcance resultados positivos. O sucesso da pregação verifica-se quando a mensagem redunda em louvor e glória a Cristo, e não ao pregador. Portanto, o pregador não deve chamar atenção para si, o objeto de sua pregação deve ser Cristo. O propósito da pregação não é exibição, mas a transmissão da mensagem divina com o fim de alcançar o resultado desejado, Cristo. A objetividade envolve três aspectos da pregação: O alvo, o sucesso e o resultado.

2. TRANSMISSÃO. O pregador deve receber a mensagem de Deus e transmiti-la aos homens. Ele deve olhar em duas direções: Para Deus na sua revelação aos homens, e para o povo a quem terá de entregar a mensagem de Deus.

3. EXPERIÊNCIA. A mensagem pregada, deve ser sentida e experimentada na vida do pregador. Ele não poderá convencer o povo sem que ele próprio tenha experimentado a eficácia de sua pregação.

FALA DO CORPO

O sermão é expresso através do corpo do pregador. A expressão do resto, as gesticulações, etc. de certa forma o pregador é o sermão.

1. EXPRESSÃO DO ROSTO. A
expressão do rosto deve refletir toda a beleza da alma, ela envolve os olhos, que possui um poder muito grande no rosto e podem contribuir para expressar alegria ou tristeza. É importante que o pregador saiba usar os olhos. Ele não deve fixar os olhos no teto, no chão e nem fechá-lo enquanto prega como se estivesse com medo de encarar o auditório. Certos hábitos faciais na forma de "cacoetes" devem ser corrigidos.

2. POSTURA. O pregador precisa cultivar uma postura educada e elegante, natural livre de hábitos prejudiciais.

  • CORPO. Deve estar naturalmente ereto, e todos os movimentos devem ser conscientes.
  • BRAÇOS. Os gestos das mãos e dedos devem ser naturais, disciplinados, evitando gestos que indicam gírias.
  • ROUPA. Devem ser decentes, sem extravagância, sempre limpas e bem passadas. As roupas devem demostrar zelo, asseio e ordem, devendo ser modestas, mas não deselegantes.
  • VOZ. O pregador deve cultivar o uso correto da voz por ser ela o principal instrumento da pregação. Uma boa voz precisa ter força, ela deve atingir o auditório sem necessariamente gritar. Deve ter pureza de tom, evitando aspereza da voz para que os pensamentos sejam emitidos com limpidez. Ritmo e velocidade devem reger o uso da voz, para que a pronunciação das palavras seja clara. Vícios de linguagem que cortam palavras ou distorcem sua pronunciação devem ser evitados. Em suma, o pregador deve usar a voz de maneira que o auditório não estranhe sua maneira de falar.

O MAU EMPREGO DA VOZ.

  • O RESMUNGADOR. É aquele que fala com os lábios fechados, dificultando a compreensão do que diz.
  • O GRITADOR. É o oposto do resmungador, não sabe dar volume a sua voz, sem gritar.
  • O CANTAROLADOR. Prega cantando, sua voz sob e desce compassadamente como numa canção.
  • O MONÓTONO. Mantém uma só tonalidade na voz. É um tipo de voz que enfada o ouvinte e o faz ter sono. Parece ser um pregador sem convicções.
  • O REPETIDOR. É aquele que repete uma dezena de vezes a mesma coisa a um só tempo.
  • O PIGARREADOR. O que normalmente, sofre de um tique psicológico, cada vez que tenta falar, procura limpar a garganta, como se nela houvesse algum pigarro.

QUALIDADES DA VOZ

Como o timbre, altura e volume da voz variam de indivíduo para indivíduo, devem as pessoas esforçar-se por conhecer a própria voz e os seus recursos, para tirar deles o máximo de aproveitamento. Quatro qualidades podem ser cultivadas:

  • CORREÇÃO. Emissões nítidas das vogais, articulação clara e constante das sílabas, e pronuncia de boa qualidade. O pregador deve ouvir sua própria voz.
  • FLUIDEZ. Consiste em falar sem cansar-se. Baseia-se na boa respiração, na adaptação do volume ao meio ambiente e na ausência de explosões e de gritos estridentes.
  • VARIEDADE. Consiste na modulação da voz, regulando as suas entonações, para evitar a monotonia que, por sua vez gera fadiga ao ouvinte.


 

AS BASES DO SERMÃO

Introdução: A Bíblia é a fonte principal da pregação. Um sermão sem texto bíblico por base é qual árvore cortada na raiz. Portanto, a base do sermão é o seu texto bíblico.

1. O TEXTO. Da palavra latina "textu", que significa tecido, deriva a palavra "texto". O texto na prédica refere-se a porção escolhida das Escrituras, na qual o sermão será desenvolvido. O texto pode ser um, mais de um ou apenas parte de um versículo. É fundamental o trabalho na escolha de textos para a pregação. Neste mister, certos princípios e regras merecem devida atenção para que se evitem interpretações distorcidas e erradas.

  • Textos que expressem um pensamento completo, isto é, que contenham toda a proposição no sermão
  • Textos claros que em via de regra não necessitem de estudos profundos.
  • Textos objetivos que respondam as necessidades espirituais, físicas, morais e materiais dos ouvintes.
  • Textos que estejam dentro dos limites de capacidade do pregador para que, ao expor, não desaponte.
  • Textos que legitimem o tema do sermão.
  • Texto que despertem o interesse do auditório, textos dinâmicos.
  • Texto cujo fio possa ser lembrado com facilidade pelo pregador e não esquecido pelos ouvintes.

Ao formar a base do sermão, o pregador deve seguir as regras que determinam a interpretação do texto, para evitar desvios doutrinários ou uso de interpretações que podem acarretar danos aos ouvintes.

  • Interpretação fiel e correta do texto. É dever do pregador interpretar e aplicar o texto de acordo com o sentido real, verificando se a linguagem é literal ou simbólica.
  • Recorrer ao contexto. Significa examinar o que precede e o que sucede ao texto. Existem textos que isoladamente parecem estranhos, mas o contexto os elucida.
  • Explicar a Escritura pela Escritura. A Bíblia esclarece o que ensina, portanto o confronto da Bíblia com a própria Bíblia resolve as aparentes contradições e esclarece o texto, enriquecendo-o, definido-o e completando-o.


 

TERMOS INTERELACIONADOS NA APRESENTAÇÃO DO SERMÃO.

a) O TEMA. O tema é o assunto da mensagem, é a verdade central do sermão. Na verdade, o tema é o próprio sermão de forma resumida. A função básica do texto e a sua escolha é a de fornecer o tema do sermão. O texto é a raiz do tema. As vezes é o Espírito Santo que aviva a mente do pregador sobre um texto bíblico do qual tirará o tema a ser desenvolvido, outras vezes , o tema pode surgir na sua mente antes da escolha de um texto, bastando então que o pregador procure com cuidado o texto a ser adaptado ao tema. Em relação ao tema, temos pelo menos duas formas de temas:

  • Forma lógica. É a que apresenta um pensamento de modo resumido.
  • Forma retórica. Esta forma não requer que o tema seja expresso por um pensamento completo, mas facilita a criatividade do pregador na formação do tema mais objetivo, expresso por uma frase que não exija pensamento completo.

b) TÍTULO. O título de um sermão é o nome que a ele se dá, ou seja, o seu encabeçamento. O propósito primordial de um título é o de mostrar a linha de pensamento que vai se apresentar o sermão. O tema envolve "o todo" do sermão. O título é o nome que se dá ao todo.

c) PROPOSIÇÃO. É aquilo que se vai propor no sermão. É uma tese. A proposição é uma declaração na forma mais concisa possível, do tema que há de ser discutido na pregação. É a informação aos ouvintes do que se pensa dizer acerca do tema. É a apresentação do que há de ser explicado. A proposição envolve o esboço do sermão, e este desenvolve a proposição

A ESTRUTURA DO SERMÃO.

Três são as partes principais ou essenciais que formam a estrutura do sermão:

1. INTRODUÇÃO OU EXÓRDIO. É a parte do sermão que serve como ponto de contato entre o pregador e os ouvintes. Normalmente é a última coisa a ser feita na preparação, visto que o pregador deve, antes de tudo, formar ângulos a serem atingidos. A introdução de um sermão deve fazer com que os ouvintes sintam boa disposição para escutar o pregador. É a ponte entre o tema e a primeira divisão da prédica. A introdução não deve apresentar várias proposições. Em regra, ela inclui uma só idéia, por isso deve ser breve, apropriada, interessante e simples.

2. PLANO. Dentro da estrutura do sermão, plano é parte principal. Ele tem a ver com a ordem das divisões. Esta parte também é chamada de "Movimento do Sermão". Na realidade, o plano é o esqueleto com as partes colocadas em seus lugares, que devem ser revestidas com o desenvolvimento dinâmico do sermão. O sermão deve possuir uma ordem própria nas divisões, cada ponto deve corresponder ao outro, e isto chama-se: "dar ordem lógica ao pontos e sub-pontos do sermão". Cada divisão deve obedecer a uma ordem ascendente, isto é, os argumentos mais fracos devem ser crescentes, devem aumentar em força a medida que progridem. A ordem do esboço deve ser ainda "cronológica" que tem a ver com a evolução natural de um ponto principal para o outro. A transição é a passagem destes pontos, e o pregador precisa fazer uma ponte entre estas passagens, para que o raciocínio dos ouvintes passe para outro pensamento de maneira solene. As divisões precisam ser pertinentes com as necessidades presentes, por isso mesmo o tempo presente deve predominar em todo o sermão.

3. CONCLUSÃO OU PERORAÇÃO. Na conclusão o pregador deve apresentar o clímax da sua pregação. A aplicação final e definitiva de todo o sermão está na conclusão. Para a conclusão podemos Ter várias aplicações, como:

a) RECAPITULAÇÃO. Implica em relembrar, sucinta e dinamicamente os pontos principais, os pensamentos chave, os pontos fortes e positivos, sem discuti-los outra vez.

b) NARRAÇÃO. Narrar um fato que possa servir de aplicação a mensagem pregada.

c) PERSUAÇÃO. Levar os ouvintes a decisão.

d) CONVITE. Enquadra o propósito específico da pregação.

TIPOS DE SERMÃO.

Introdução: Basicamente existem três tipos de sermões que abrangem vários tipos, podendo ser usados nas mais diferentes ocasiões conforme a necessidade, lugar e as circunstâncias. Estes três tipos são apenas as formas de conduzir uma mensagem, aproveitando toas as possibilidades científicas que a homilética oferece ao pregador na preparação dos sermões.

  1. SERMÃO TÓPICO. Também chamado de sermão temático ou do assunto. As divisões derivam-se do tema ou assunto apresentado, e é independente do texto. Neste tipo de sermão, o texto pode fornecer o pensamento para o assunto de que se vai tratar. O pregador pode exercer a sua capacidade analítica e imaginativa, para usar diferentes modos de dividir o assunto que deseja apresentar. Este tipo de sermão envolve criatividade e versatilidade da parte do pregador, oferecendo algumas vantagens tais como: maior unidade no sermão, maior campo de ação para desenvolver o tema, além de adestrar a mente do pregador na análise lógica.
  2. SERMÃO TEXTUAL. Aqui, o plano do sermão é tirado do texto. Suas divisões são encontradas nas próprias palavras escolhidas para basear o sermão. Consiste em selecionar alguns versículos, um versículo ou parte de um versículo como texto. As divisões do sermão podem ser:

a) NATURAL. É a divisão encontrada no próprio texto. Neste caso a distinção das idéias está no texto e apenas devem ser postas em destaque.

b) ANALÍTICA. Baseia-se em perguntas: Quem? Que? Quando? Por que? Onde?. O tema do sermão textual analítico é tirado da idéia geral do texto.

c) SINTÉTICA. É a que dá ao pregador o direito de organizar seu esboço sem se preocupar com a ordem das partes do texto, podendo o mesmo adaptar cada divisão na ordem que desejar, sem se prender a ordem cronológica. A palavra "sintética" é relativa a síntese, resumo.

  1. SERMÃO EXPOSITIVO. Este sermão está diretamente ligado ao sermão textual, com a diferença de que seu desenvolvimento é feito sob regras da exegese bíblica, e não abrange um só versículo, mas uma passagem, um capítulo, vários capítulos ou mesmo um livro inteiro. O sermão expositivo é primordialmente bíblico, porque se ocupa em interpretar, literal ou figuradamente a passagem ou o texto bíblico.


 

REQUISITOS BÁSICOS A DIVISÃO DO ESBOÇO.

Quatro são os requisitos básicos indispensáveis na elaboração das divisões dos sermões.

1. UNIFORMIDADE. Cada divisão principal do esboço deve Ter relação com a outra divisão. Todos os pontos principais devem Ter a mesma classe de relação com o tema do sermão.

2. SIMETRIA. É a harmonia resultante de certas combinações e proporções regulares. É o que forma a posição das partes que estão em lados opostos. As divisões de um sermão ainda que distintas, devem harmonizar-se com o propósito do tema.

3. TRANSIÇÃO. Este requisito trata do cuidado que o pregador deve ter na passagem de um ponto para o outro. Em cada divisão o pregador deve fazer um ponte de passagem para o ponto seguinte, evitando assim um salto precipitado. Neste ponto conta-se com a perícia do pregador. Os pontos e sub-pontos devem Ter correspondência para que a transição seja feita naturalmente.

4. PERTINÊNCIA. O assunto exposto no começo do sermão deve ser o mesmo até o fim. A unidade está na pertinência dos pontos principais entre si e com o tema do sermão. Para que haja pertinência nas divisões, é necessário que o sermão tenha um só tema, um só propósito e uma só forma de elaboração.


 

Bibliografia

Alfalit, Curso Bíblico, Mod 14 - Homilética

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