TEXTO BÁSICO: Lucas 12:13-21
¹³ E disse-lhe um da multidão: Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança.¹⁴ Mas ele lhe disse: Homem, quem me pôs a mim por juiz ou repartidor entre vós? ¹⁵ E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui. ¹⁶ E propôs-lhe uma parábola, dizendo: A herdade de um homem rico tinha produzido com abundância; ¹⁷ E ele arrazoava consigo mesmo, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher os meus frutos. ¹⁸ E disse: Farei isto: Derrubarei os meus celeiros, e edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens; ¹⁹ E direi a minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e folga. ²⁰ Mas Deus lhe disse: Louco! Esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? ²¹ Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus.
INTRODUÇÃO: A Mordomia Cristã das Finanças visa o estudo que envolve a gestão e o uso responsável e ético do dinheiro e dos bens materiais, reconhecendo que tudo vem de Deus, pertence a Ele e deve ser usado para Sua glória. Este estudo inclui planejamento financeiro, o consumo consciente, o investimento e a gestão de dívidas, buscando a direção de Deus em todas as decisões financeiras. A mordomia das finanças ou da educação financeira é um tema fundamental no que diz respeito ao correto desenvolvimento pessoal e social, na vida cristã, uma vez que entendemos o chamado para sermos administradores dos recursos que Deus nos confiou. No cenário político atual, onde a instabilidade econômica e as crises financeiras são frequentes, gerir nossos recursos de forma sábia é fundamental para garantir um futuro próspero e sustentável. Assim, a Mordomia Cristã das Finanças visa o estudar os princípios da educação financeira sob a perspectiva cristã bíblica, e a importância dos impactos positivos que podemos gerar na nossa vida e na sociedade como um todo.
I. DEFININDO O TERMO “FINANÇAS” Pv 30:7,8 Duas coisas te pedi; não mas negues, antes que morra: Afasta de mim a vaidade e a palavra mentirosa; não me dês nem a pobreza nem a riqueza; mantém-me do pão da minha porção de costume;
Segundo o dicionário Aurélio o termo Finanças indica a “ciência e a profissão do manejo do dinheiro, particularmente do dinheiro do Estado”. De uma forma mais ampla, podemos dizer que falar de “finança” tem o sentido de falar do processo, instituições, mercados e instrumentos que envolvem a transferência de fundos entre pessoas, empresas e governos. Ao contrário do que podemos pensar, a Bíblia não trata apenas das questões espirituais, mas de todas as áreas da vida humana, inclusive a financeira, nos exortando a procurar uma vida equilibrada e com isto estarmos contentes 1Tm 6.7-8 ⁷ Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele.⁸ Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes.
II. APRENDENDO A GERIR NOSSA FINANÇA. Fp 4:11,12 Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade.
Não encontramos nos textos bíblicos alguma afirmação exata em relação ao surgimento do dinheiro, contudo isto não diminui qualquer argumentação que tenha por objetivo o ensino teológico em relação ao correto uso do dinheiro ou dos bens materiais. Notemos o ensino bíblico é que devemos trabalhar para ter o salário com o qual gerimos o sustento nosso bem como o de nossa família. Sl 128.2 “Do trabalho de tuas mãos comerás, feliz serás, e tudo te irá bem” O apostolo Paulo chega a afirmar que quem não trabalha, também não deve se alimentar. 2Ts 3.10 Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto, que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também. Aos povo judeu, Deus só alimentou no deserto com maná enquanto eles estavam sem condições de se sustentarem por gestão própria, porque não podiam plantar nem colher. Mas quando, adentraram a terra prometida o maná cessou e Deus lhes orientou a trabalhar para sustento próprio. Js 5.12 E cessou o maná no dia seguinte, depois que comeram do fruto da terra, e os filhos de Israel não tiveram mais maná; porém, no mesmo ano comeram dos frutos da terra de Canaã. A Bíblia é clara ao nos orientar a usarmos as nossas finanças com sabedoria e responsabilidade cumprindo nossos compromissos, pagando o que devemos inclusive os impostos. Mt 22.20,21 E ele diz-lhes: De quem é esta efígie e esta inscrição? Dizem-lhe eles: De César. Então ele lhes disse: Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. Paulo em sua carta aos romanos confirma a ideia deste argumento ao dizer “Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra”. Rm 13:7 Portanto, fica entendido que não devemos ser infiéis nos contratos que fazemos; nem tampouco devemos sonegar os impostos. Fomos chamados para fazer a diferença como sal da terra e luz do mundo. Rm 1.31 Néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia;
III. FIDELIDADE A DEUS. SL 24:1 Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam.
Somos orientados na Bíblia que nosso salário é o fruto do nosso trabalho e é deste fruto que deverá sair o sustento nosso e de nossa família. Mas a Bíblia também nos orienta que devemos ter o coração aberto para contribuirmos na obra de Deus com os nosso dízimos e as nossas ofertas para que, segundo o texto de Malaquias, haja mantimento na Casa do Senhor. Ml 3.10 Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes. A palavra hebraica aqui para “mantimento” é טֶרֶף (teref) que significa alimento, folha. Neste contexto, segundo a tradição oral, as “folhas” são consideradas simbolo de vida, alimentação e também são associadas a nossa fragilidade humana, Isso parece indicar que devemos mesmo usufruirmos dos bens que podemos adquiri com o nosso dinheiro, passeando, nos divertindo, vivendo, mas devemos também separar as primícias, ou seja, a parte que pertence para entregar ao Senhor Pv 3.9 Honra ao Senhor com os teus bens, e com a primeira parte de todos os teus ganhos; O ato de negligenciamos a entrega do dízimo pode ser entendido como um ato de desobediência a Palavra de Deus e acima de tudo, ingratidão pelas muitas bençãos que Ele tem concedido. Neste conceito de fidelidade a Deus, temos ainda o atendimento aos pobres e aos necessitados. Deus ensinou o povo de Israel a se preocupar com o bem estar alheio. Nas colheitas, eles foram orientados a não recolherem tudo, mas deixarem os rabiscos para os necessitados Lv 23.22 E, quando fizerdes a colheita da vossa terra, não acabarás de segar os cantos do teu campo, nem colherás as espigas caídas da tua sega; para o pobre e para o estrangeiro as deixarás. Eu sou o Senhor vosso Deus. O escritor Lucas referenciou este conceito ao citar as palavras do Senhor Jesus em At 20.35 “Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber”. Nos dias da igreja primitiva, a igreja não só pregava o evangelho, mas também, atendia aqueles que necessitavam de socorro material Gl 2.10. Recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também procurei fazer com diligência. Paulo ensinou que além do sustento pessoal devemos nos preocupar também em ajudar aqueles que talvez, diferente de nós, não tenha em sua mesa o alimento necessário a sua subsistência Ef 4.28 ...antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade.
IV. COISAS QUE PRECISMOS FUGIR DELAS.
1. COMPULSIVIDADE.“O que amar o dinheiro nunca se fartará de dinheiro; e quem amar a abundância nunca se fartará da renda; também isto é vaidade” (Ec 5.10). Alcançar todos os bens que se deseja não confere a ninguém a satisfação plena.
2. AVAREZA. “Por que o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns de desviaram da fé e se transpassaram a si mesmos com muitas dores” (1Tm 6.9,10). Deus não condena o dinheiro, mas, a ambição, cobiça, exploração, e usura.
3. DÍVIDAS DESNECESSÁRIAS. “O rico domina sobre os pobres, e o que toma emprestado é servo do que empresta” Pv 22.7 As dívidas podem causar muitos males, tais como: desequilíbrio financeiro, inadimplência, intranquilidade; provocando até certos aparecimentos de doenças, desavenças no lar; perda de autoridade e o mau testemunho perante os ímpios.
4. EVITANDO SER FIADOR. “Decerto sofrerá severamente aquele que fica por fiador do estranho, mas o que aborrece a fiança estará seguro”. Há pessoas que perdem tudo o que adquiriram ao longo da vida para pagar dívidas alheias. Não podemos comprometer o sustento e a estabilidade de nossa família para assegurar os negócios arriscados de outra pessoa.
5. EVITAR O DESPERDÍCIO. Jo 6.12 “Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca” Jesus quando multiplicou pães e peixes, ordenou depois que a multidão comeu, que as sobras fossem recolhidas.
CONCLUSÃO: Além de nos orientar quanto a nossa vida espiritual, a Bíblia nos exorta também a termos cuidado com a nossa vida financeira. Uma má administração das finanças poderá acarretar em prejuízo moral e espiritual. Para evitar tal dano, devemos exercer a mordomia com sabedoria e equilíbrio.
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