Texto Devocional: Lucas 2.15 - E aconteceu que, ausentando-se deles os anjos para o céu, disseram os pastores uns aos outros: Vamos, pois, até Belém e vejamos isso que aconteceu e que o Senhor nos fez saber.
Introdução: Os anjos são parte de uma criação especial de Deus. Quanto à sua natureza, os anjos são apresentados na Bíblia como seres criados, superiores ao homem em inteligência e conhecimento, mais gloriosos e poderosos que qualquer rei terreno em toda a sua pompa e força. Quanto à multiplicação de suas ações, os anjos são o conforto daqueles que hão de ser salvos, guardando o povo de Deus, comunicando as boas novas dos céus aos crentes e por fim, como elementos que estarão envolvidos com os acontecimentos proféticos do porvir. Mt 16.27 - Porque o Filho do Homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e, então, dará a cada um segundo as suas obras.
I. A CRIAÇÃO DOS ANJOS
Muito se tem escrito no mundo secular e religioso acerca dos anjos, explorando a credulidade de pessoas espiritualmente carentes e supersticiosas, induzindo-as à contextualizações erradas e falsas sobre o mundo espiritual. O ponto de partida para melhor entendimento a respeito da criação dos anjos está na declaração de que todas as coisas criadas foram feitas “segundo o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade” (Ef 1.11). Portanto, o relato da obra da criação no livro de Gênesis se Constitui como o princípio e a base de toda a revelação divina e, consequentemente, a base da relação do homem com Deus. Quatro grandes verdades estabelecem os fundamentos da obra da criação.
1. A OBRA DA CRIAÇÃO, AUTORIA ÚNICA DO DEUS TRIÚNO.
A Bíblia revela que o Deus Trino é o Autor da criação (Gn l.l; Is 40.12; 44.24; 45.12). O apóstolo Paulo destaca a segunda Pessoa da Trindade, Jesus Cristo, na qualidade de criador, mas diz que “todas as coisas são de Deus, o Pai” (1Co 8.6; Jo 1.3; Cl 1.15-17) A terceira Pessoa da Trindade, o Espírito Santo, participa da obra da criação em harmonia perfeita com o Pai e o Filho conforme indicam os textos de Gn 1.2; Jó 26.13; 33,4 Sl 104.30; Is 40.12,13). Não há na Trindade Divina qualquer resquício de competição. As três Pessoas são distintas mas formam uma só essência divina indivisível.
· INDEPENDÊNCIA - A Bíblia deixa claro que Deus é auto-suficiente e não tem qualquer relação de dependência de nada e de ninguém (Jó 22.3. At 17.25). Ao realizar a obra da criação, Ele o fez não por necessidade, mas por sua soberana e livre vontade de fazer o que quer e o que lhe apraz, Ora, a única dependência divina é a de sua própria e soberana vontade. A Bíblia Sagrada refuta essa ideia e fortalece o fato de que “Deus fez todas as coisas segundo o conselho da sua vontade” (Ef 1.11; Ap 4.l 1).
· INÍCIO - A criação teve um princípio, um começo para tudo, nas coisas visíveis e invisíveis. A prova irrefutável do ponto de vista bíblico está no primeiro versículo da Bíblia: “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). A expressão “no princípio” no hebraico é bereshith, que literalmente significa “começo”. O sentido da palavra é indefinido e sugere que a criação teve um início, um começo (Sl 90.2; 102.25), Por essas escrituras, entende-se que, num momento específico, conforme sua soberana vontade, Deus criou a matéria e a substância que antes nunca existiram Quanto existência do mundo espiritual, o princípio é o mesmo estabelecido para a criação da matéria, pois Deus criou tudo do nada.
2. O PROCESSO DA OBRA DA CRIAÇÃO
A criação dos anjos só será entendida plenamente depois de conhecermos os fundamentos da doutrina da criação, Há um processo ordenado na história da criação que apresenta-se em três fases distintas como se segue:
a. A CRIAÇÃO DAS COISAS ESPIRITUAIS.
Ao responder aos questionamentos do patriarca Jó, o Criador disse-lhe, de modo enfático e poético que, quando este ainda nem havia nascido, nem o mundo material havia sido criado, os seus anjos, que são espíritos criados por Ele, já estavam presentes na criação do mundo material (Jó 38.1-7). Nesta escritura, Deus procura convencer a Jó que o Senhor é o Criador da terra e a rege com justiça e que, ao criar mundo material, “as estrelas da alva alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus rejubilavam” (Jó 38.7). Na linguagem figurada da Bíblia, tanto “as estrelas da alva” quanto “os filhos de Deus” são figuras dos seres espirituais criados pelo Senhor.
b. A CRIAÇÃO DAS COISAS MATERIAIS.
A base dessa declaração está na narrativa bíblica dos primeiros capítulos de Gênesis Entretanto, a criação material é imensa e abrange todo o sistema solar e outros sistemas existentes e descobertos pelo homem. A extensão dos corpos celestes espalhados no espaço sideral, fazendo parte da Via Láctea, com muitos sóis, planetas e satélites, nos dá uma visão apenas limitada de toda a grandeza da criação material (Nee 9.6).
c. A CRIAÇÃO DA VIDA SOBRE A TERRA.
Na criação da terra, o Criador formou a vida física numa combinação do imaterial com o material (Gn 1.11,20-22). Nesta ordem da criação, são incluídos o homem, os animais nas mais variadas espécies, além da vida vegetal. Há certa reciprocidade entre anjos e homens como seres espirituais. Porém, é preciso distinguir ambas as criações, porque os anjos são apenas seres espirituais e os homens são seres espirituais e materiais. A vida dos anjos é apenas espiritual. A vida dos homens é espiritual e física. A vida física foi criada para propagar-se, por isso, os homens procriam e geram outros homens, A vida dos anjos é única eterna; não pode propagar-se. Isto é. Os anjos não procriam.
II. A REALIDADE ESPIRITUAL.
A existência humana testemunha a existência dos seres espirituais aos quais são dados os mais variados nomes: espíritos, deuses e semi-deuses. gênios, heróis, demônios e tantos outros nomes. Porém, é a Bíblia Sagrada que revela a verdade sobre o mundo espiritual. Independentemente das idéias e fantasias mitológicas das religiões do mundo, a revelação aceitável no mundo religioso se encontra na Bíblia.
1. OS ANJOS SÃO REAIS.
A palavra anjo no hebraico é ma “ak” e no grego é “angellos” que significam a mesma coisa: mensageiro, enviado. O termo anjo aplica-se a todas as ordens dos espíritos criados por Deus (Hb 1.14). Os anjos são seres espirituais criados especialmente com a mais alta distinção entre todos os seres vivos criados por Deus. Eles exercem atividades importantes no mundo espiritual, mas não são independentes dessas atividades, pois as fazem dentro dos limites a que foram criados. A Bíblia fala da manifestação dos anjos na obra da criação do mundo físico (Jó 38.6,7). Eles estavam presentes quando Moisés recebeu de Deus as tábuas da Lei (Hb 2.2); no nascimento de Jesus (Lc 2.13); quando foram servir ao Senhor Jesus no deserto da tentação. ( Mt 4.11); na ressurreição de Cristo (Mt 28.2; Lc 24.4,5); na ascensão de Cristo (At 1.10). Outras manifestações podem ser listadas neste ponto em toda a Bíblia. Sua manifestação é incorpórea; eles são seres espirituais e morais, porque acima de tudo, são pessoas. A realidade dos anjos se comprova mediante os atributos de personalidade que eles demonstram falando, pensando, sentindo e decidindo. Muita das suas manifestações são feitas através de formas materiais inexistentes. Entretanto, os demônios, que são anjos caídos da graça de Deus, tomam para se incorporarem corpos de pessoas vivas ou de animais, e por essas possessões materiais, se manifestam. Os anjos de Deus não tomam outros corpos para se manifestarem, mas tomam, formas de pessoas humanas visíveis para se fazerem manifestos.
2. EXISTEM ANJOS BONS MAUS.
Na criação original dos anjos, não houve essa classificação entre bons e maus. A Bíblia declara que os anjos foram criados no mesmo nível de justiça, bondade e santidade (2Pe 2.4; Jd 6). O que define entre bons e maus é o fato de que foram criados como seres morais com livre-arbítrio, e daí, a liberdade de escolha consciente entre o bem e o mal. A queda de Lúcifer deve-se a esta condição moral dos anjos (Is 14.12-16; Ez 28.12-19). A Bíblia fala acerca dos anjos que pecaram contra o Criador e não guardaram a sua dignidade (2Pe 2.4; Jd 6; 36 4.18-21). Aos anjos que não pecaram e não seguiram a Lúcifer, Deus os exaltou e os confirmou em sua posição celestial é, para sempre estarão na sua presença, contemplando e executando a vontade do Criador (1Tm 5.21; Mt 18.10).
3. A HABITAÇÃO E QUANTIDADE DOS ANJOS.
Ao estudarmos as várias classes angelicais, entendemos que estas são distintas por várias atividades e se manifestam no vastíssimo espaço das “regiões celestiais “. A Bíblia declara ainda que os anjos de Deus são organizados em milícias espirituais que povoam os céus e são distribuídos em distintas ordens e graus (Lc 2.13; Mt 26.53). Trata-se, portanto, de uma habitação numa dimensão celestial. A quantidade existente de anjos é única e incontável, porque desde que foram criados não foram aumentados nem diminuídos. Eles não procriam e foram criados de uma vez pelo poder da Palavra de Deus. A Bíblia utiliza expressões variadas para designar “milhares de milhares”, “multidão dos exércitos celestiais”, “muitos milhares de anjos” (Ap 5.11; Dn 7.10; Dt 33.2; Hb 12.22; Lc 2.13). É impossível determinar o número de anjos porque é incontável e é o mesmo número em todos os tempos, desde que foram criados (SI 148.2-5).
continua
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