terça-feira, 26 de março de 2024

O ESTADO DE ISRAEL

O ESTADO DE ISRAEL.

TEXTO BÁSICO: GÊNESIS 13.6-12

6 - E não tinha capacidade a terra para poderem habitar juntos, porque a sua fazenda era muita; de maneira que não podiam habitar juntos. 

7 - E houve contenda entre os pastores do gado de Abrão e os pastores do gado de Ló; e os cananeus e os ferezeus habitavam, então, na terra

8 - E disse Abrão a Ló: Ora, não haja contenda entre mim e ti e entre os meus pastores e os teus pastores, porque irmãos somos.

9 - Não está toda a terra diante de ti? Eia, pois, aparta-te de mim; se escolheres a esquerda, irei para a direita; e, se a direita escolheres, eu irei para a esquerda.

10 - E levantou Ló os seus olhos e viu toda a campina do Jordão, que era toda bem regada, antes de o SENHOR ter destruído Sodoma e Gomorra, e era como o jardim do SENHOR, como a terra do Egito, quando se entra em Zoar.

11 - Então, Ló escolheu para si toda a campina do Jordão e partiu Ló para o Oriente; e apartaram-se um do outro.

12 - Habitou Abrão na terra de Canaã, e Ló habitou nas cidades da campina e armou as suas tendas até Sodoma.

INTRODUÇÃO: Para iniciar a lição de hoje talvez seja bom voltarmos um pouquinho no tempo. Na lição anterior ficamos entre 1933/1945, anos em que aconteceu o holocausto e seis milhões de judeus perderam suas vidas barbaramente assassinados pelo governo nazista sob comando de Hitler. Hoje começamos em 1910, ano em que um grande número de judeus migram para regiões de Israel e se estabelecem em comunidades que ficaram conhecidas como kibutz. Esta história começa quatro décadas antes da fundação do Estado de Israel que é o foco de nossa lição de hoje. Os kibutz desempenharam um papel fundamental no que diz respeito ao desenvolvimento agrícola e intelectual do país, bem como na defesa e na liderança política. Em apenas 7 anos, a população judaica na Palestina já alcançava um total de 56.000 pessoas, uma região que antes era habitada por cerca de 500.000 árabes, e apenas 10% de população judia. Em 2 de novembro de 1917 o ministro britânico das Relações Exteriores, Arthur James Balfour assina um documento que historicamente parece ter se tornado o ponto inicial do imenso conflito árabe-israelense. A “Declaração de Balfour”, foi um documento no qual o governo de uma das maiores potência da época, a Grã-Bretanha, respaldava pela primeira vez "o estabelecimento de um lar nacional para o povo judeu na Palestina". Documento que passou a simbolizar a pedra fundamental de Israel como Estado para os judeus e, ao mesmo tempo, uma "grande traição" na visão dos palestinos. A declaração do então ministro britânico de Relações Exteriores foi enviada a Walter Rothschild, um dos principais proponentes do Sionismo, movimento que defendia a autodeterminação do povo judeu em sua "terra histórica" que vai do Mediterrâneo até o lado oriental do Rio Jordão, área que passou a ser conhecida como Palestina. Pouco tempo depois da Declaração de Balfour, a Grã-Bretanha recebeu da Liga das Nações um mandato para administrar a região que hoje é Israel, Palestina e Jordânia. O mandato Britânico da Palestina foi estabelecido para ser uma solução temporária com a Partilha do Império Otomano logo após o final da Primeira Guerra Mundial, mas, com a substituição da Liga das Nações pela ONU, ao final da Segunda Guerra Mundial, a Palestina ainda era território administrado pela Grã-Bretanha. No entanto, a questão da criação de um "lar nacional judeu",  passou a ser uma causa de caráter urgente.  Em 1929 um primeiro grande conflito, uma disputa pelo acesso ao Muro das Lamentações resulta em um grande derramamento de sangue tanto de Judeus como de Palestinos. Mas mesmo em meio a toda está batalha a população judia crescia e em 1931 o número de judeus na Palestina já estava na casa dos 174.600. 

I. A DIVISÃO ISRAEL E PALESTINA.

O genocídio sofrido pelos judeus na Europa, durante a Segunda Guerra Mundial, como vimos na lição passada chocou o mundo e estabeleceu condições políticas para que um Estado judeu pudesse ser criado na Palestina. Finalmente chegamos em 1947, e os ingleses, autoridades colonial da região da Palestina abrem mão de seu domínio e entregam a disputa entre palestinos e judeus pela terra para a Organização das Nações Unidas. A decisão tomada pela ONU foi a de dividir a Palestina entre judeus e árabes e dessa forma, com a divisão aproximadamente metade do território seria ocupada por um desses povos, e Jerusalém, a capital, ficaria sob administração internacional. A ONU estabeleceu o seguinte:

▶Israel -  53,5% das terras;

▶Palestina - 45,4% das terras;

▶O restante corresponderia a Jerusalém, sob controle internacional.

Contudo, parecia haver nessa divisão uma contradição, pois os judeus, correspondiam a 30% da população, e ficaram com uma parcela maior do território. Os palestinos, por sua vez, correspondiam a 70% da população e ficaram com uma parcela menor. As autoridades árabes ainda alegaram que o território cedido a eles concentrava as terras menos férteis e de acesso mais limitado à água potável. O resultado é que a proposta da ONU foi aceita pelos judeus, mas rejeitada pelos árabes. Mesmo assim, foi aprovada na Assembleia Geral da ONU no dia 29 de novembro de 1947. No ano seguinte, os britânicos se retiraram da Palestina, e, em 04 de maio de 1948, finalmente foi proclamada a fundação do Estado de Israel, um sonho de milhares de judeus que agora se tornava realidade. Contudo, o problema, estava apenas começando, pois com a fundação de Israel tiveram início os grandes conflitos entre árabes e israelenses na região. Ao longo do século XX, foram travadas inúmeras batalhas, entre as quais podemos citar a Primeira Guerra Árabe-Israelense, a Guerra de Suez, a Guerra dos Seis Dias, e a Guerra de Yom Kippur. Assim, como podemos notar, ainda temos muita história pela frente.

1. PRIMEIRA GUERRA ÁRABE-ISRAELENSE.

A fundação do Estado de Israel, como vimos, não foi bem aceita pelas nações árabes, que imediatamente deram início a um ataque contra os israelenses. As tropas árabes eram formadas por soldados do Egito, Síria, Líbano, Iraque e Transjordânia (atual Jordânia). Mas a guerra foi desastrosa para os palestinos, pois Israel  possuía forças armadas bem organizadas e esse conflito se estendeu de maio de 1948 a julho de 1949 só terminando com um último acordo de paz sendo assinado. A guerra fez com que Israel expandisse o seu território, e os 53% do território sob controle passaram para 79%. Os palestinos reconheceram esse conflito como nakba, palavra, em árabe, que significa “tragédia”. Isso porque, além de perderem território, cerca de 700 mil palestinos foram expulsos de suas casas. Israel nunca permitiu que essas pessoas e seus descendentes retornassem às suas casas, mesmo com uma resolução da ONU indicando que isso acontecesse.

2. DEMAIS CONFLITOS.

Na década de 1950, os israelenses se aproveitaram de uma crise do Egito com França e Reino Unido para invadirem a Faixa de Gaza e a Península do Sinai. A relação entre israelenses e palestinos seguiu tensa, o que resultou em movimentos de resistência palestina contra a ocupação por Israel. Em 1964, foi criada a Organização para a Libertação Palestina, a OLP, que buscava lutar pelos direitos perdidos dos palestinos na região com os acontecimentos então recentes. Os membros da OLP usavam a luta armada como caminho para resistir a Israel, e um de seus nomes mais conhecidos foi Yasser Arafat, líder da organização a partir de 1969. O principal grupo político da OLP é o Fatah, um grupo moderado que ainda existe. 

  1. Em 1967, foi iniciada a Guerra dos Seis Dias após ataques de Israel contra a Síria. Em apenas seis dias, os israelenses tomaram a Faixa de Gaza, a Península do Sinai, as Colinas de Golã da Síria, Jerusalém Oriental e a Cisjordânia. Mesmo com a resolução posterior da ONU em que Israel deveria devolver tais territórios, eles continuaram sob seu domínio por um bom tempo. 

  2. Em 1973, teve início outra guerra, a Guerra do Yom Kippur, em que os países árabes derrotados na Guerra dos Seis Dias tentaram reaver os seus territórios. Todavia, Israel conseguiu uma nova vitória, pois contava com o apoio indireto dos Estados Unidos. Tais circunstâncias levaram os árabes a criarem a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), um cartel entre os países petrolíferos da região que elevou o preço dessa importante matéria prima. Por essa razão, o sistema capitalista entrou na maior crise depois de 1929, conhecida como Choque do Petróleo. 

  3. Em 1979, Israel decidiu pela devolução da Península de Sinai para o Egito, após a mediação dos Estados Unidos, no sentido de selar um acordo entre os dois países, os Acordos de Camp David. Com isso, os egípcios tornaram os primeiros árabes a reconhecerem oficialmente o Estado de Israel, gerando profunda revolta entre os demais países da região.

EPÍLOGO. O HEZBOLAH.

É comum em notícias recentes dos conflitos entre Israel e Palestina ouvirmos o nome "Hezbollah”. Hezbollah é o nome de um grupo paramilitar islâmico de orientação xiita que surgiu durante a Guerra Civil do Líbano (1975-1990). Sua atuação é registrada lá pelo início de 1980, mas o grupo somente lançou seu manifesto em 1985. Hoje o Hezbollah tem sua atuação no campo político e no campo militar, sendo classificado por alguns países como um grupo terrorista. O grupo mantém como objetivo a garantia da independência e soberania do Líbano, sendo Israel seu principal foco de combate. Contudo, nos últimos anos, o apoio popular que o Hezbollah possui no Líbano diminuiu consideravelmente, mas em razão da sua atuação enquanto um partido político e, nesse sentido, do apoio dado à população libanesa por meio da ampliação de acesso aos serviços públicos, como hospitais e escolas, o Hezbollah obtem aprovação de uma parte dos moradores do seu país de origem. O mesmo não pode ser dito sobre a visão e aceitação do grupo internacionalmente."

COMO SURGIU O HEZBOLAH.

Em 1947, com a criação do Estado de Israel e a posterior delimitação dos territórios correspondentes à Palestina, houve um intenso fluxo de refugiados palestinos (muçulmanos de maioria sunita) em direção ao Líbano. Os refugiados se instalaram no sul do país, mas viviam em condições precárias pela falta de apoio popular, tendo em vista que a maioria cristã não aceitava a permanência dos palestinos no país. Nas décadas de 1970 acontece uma escalada de tensões entre cristãos e árabes muçulmanos, quando um atentato em Beirute, promovido por cristãos, causou a morte de dezenas de palestinos. Nesse ínterim, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) havia se instalado no sul do Líbano, o que mais tarde resultou na invasão de Israel nesta região. Pouco depois disso, os conflitos da Guerra Civil Libanesa ganharam maiores dimensões e passaram a envolver outros territórios. Foi nesse contexto que surgiram vários grupos paramilitares, entre eles o Hezbollah. O Hezbollah iniciou oficialmente as suas atividades paramilitares no ano de 1985, quando publicou o seu manifesto. Ainda assim, existem acontecimentos do início da década de 1980 atribuídos ao grupo. O Partido de Deus, como se traduz seu nome em árabe, logo recebeu a alcunha de extremista por entrar em conflito com outros grupos de orientação xiita, como o Movimento Amal, que surgiu também no início da Guerra Civil do Líbano."

DIFERENÇAS ENTRE HEZBOLLAH E HAMAS.

Devido à sua atuação militar, tanto o Hazbollah quanto o Hamas são classificados como grupos terroristas por alguns países, principalmente pelos Estados Unidos. Os dois têm origem no Oriente Médio e atuam contra o Estado de Israel."

HAMAS.

  • "Grupo paramilitar islâmico de orientação sunita."

  • "Tem sede na Faixa de Gaza (Palestina)."

  • "Responsável pela administração da Faixa de Gaza."

  • "Objetiva a criação e a formalização do Estado da Palestina."

  • "Além do Irã e da Síria, tem o apoio de países como Iraque, Paquistão, Qatar, o próprio Líbano, Kwait e outros."

  • "Promove ações para auxiliar as famílias palestinas que vivem na Faixa de Gaza e na Cisjordânia."

HEZBOLAH

  • "Grupo paramilitar islâmico de orientação xiita."

  • "Tem sede no Líbano."

  • "Atua na política do Líbano, mas não detém o poder sobre o território de forma integral."

  • "Embora tivesse como um dos objetivos iniciais o estabelecimento de um Estado regido pela lei islâmica, hoje atua politicamente em prol de uma democracia unitária."

  • "Recebe o apoio do Irã e da Síria."

  • "Promove ações de cunho social e econômico no país de origem."

XIITAS E SUNITAS.

Os xiitas e sunitas são dois ramos que existem no interior do islamismo, possuindo algumas diferenças doutrinárias e religiosas. Esses dois grupos se estabeleceram como parte da disputa política pela sucessão do poder depois que o profeta "Muhammad" faleceu em 632. Para os xiitas somente descendentes do profeta poderiam assumir sucessão de Ali Bin-Abu Talib, parente do profeta. Já os sunitas, por sua vez, defendiam que qualquer um poderia suceder o profeta, não somente seus descendentes, por isso apoiavam Abu Bakr. As diferenças entre xiitas e sunitas existem até hoje, e o grupo majoritário no islã são os sunitas, possuindo cerca de 85% dos fiéis. A maior potência xiita é o Irã, enquanto a Arábia Saudita é a maior potência sunita."


Bibliografia:

https://brasilescola.uol.com.br/historiag/hezbollah.htm

CAMARGO, Cláudio, Guerras Árabe-Israelenses. In.: MAGNOLI, Demétrio (org.). História das guerras. São Paulo: Contexto, 2013. p. 431.

|1| |2| OMER, Mohammed. Shell-Shocked: on the ground under Israel’s Gaza assault. Chicago: Haymart Books, 2015.


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