terça-feira, 16 de abril de 2024

AS SETENTA SEMANAS DE DANIEL SEGUNDA PARTE

 

Texto Básico: Dn 9.25,26,27 Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as ruas e as tranqueiras se reedificarão, mas em tempos angustiosos. E, depois das sessenta e duas semanas, será tirado o Messias e não será mais; me o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas assolações. E ele firmará um concerto com muitos por uma semana; e, na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador. 

 Introdução. Iniciamos na lição passada um novo contexto relacionado a história do povo hebreu. Depois de acompanharmos um longo período de história iniciando nas páginas no NT e chegando até nossos dias. Passamos agora para um momento da história onde encontramos o profeta Daniel como protagonista, já adiantado em idade e vivendo sob cativeiro Babilônia/Persa, depois de um longo período de cativeiro babilônico. Encontramos Daniel aqui em um momento de oração, depois de ter lido o livro do profeta Jeremias e não ter compreendido exatamente o que o profeta dizia relacionado ao período final do cativeiro que o seu povo estava vivendo. Segundo o que escreveu Jeremias, o período de tempo em que deveria durar o cativeiro era de 70 anos e para Daniel este período estava perto do fim. Jr 25.11 E toda esta terra virá a ser um deserto e um espanto, e estas nações servirão ao rei da Babilônia setenta anos. Neste contexto de dúvidas, Daniel busca resposta na Pessoa de Deus, pois somente Deus poderia lhe fazer entender o que o profeta, por inspiração divina havia escrito em seu livro. Daniel nem terminou sua oração, e Deus envia a ele, ninguém menos que o anjo Gabriel, que em outra ocasião já lhe havia aparecido também com respostas de Deus. Dn 9.23 No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para to declarar, porque és mui amado; toma, pois, bem sentido na palavra e entende a visão. Vimos na semana passada alguns ponto importantes que seria bom que fossem lembrados:  A profecia das Setenta Semanas trata especificamente de um “povo”, o povo de Daniel e de sua cidade, isto é Israel e Jerusalém. Todo período de tempo envolvido é precisamente indicado como “Setenta Semanas”, que como também vimos devem ser entendidas como semanas de anos, algo bem peculiar aos judeus. Estas setenta semanas são divididas em três períodos menores, um período de sete semanas, um período de sessenta e duas semanas e finalmente um período de uma semana. Hoje vamos continuar analisando esta tão importante profecia entregue a Daniel e aos poucos veremos a existência de fatos que ainda não aconteceram ou estão acontecendo em nossos dias. É bom também estarmos atento par o fato de que o livro de Daniel foi escrito para leitores judeus, enquanto o livro de Apocalipse foi escrito para nós a igreja. Assim quando Deus quis revelar o final dos tempos para os judeus, falou com Daniel, e quando a igreja, revelou a João na Ilha de Patmos o Apocalipse. Visto isso, prossigamos neste estudo tenhamos todos uma boa aula!

I. A DURAÇÃO DE TEMPO DAS SETENTA SEMANAS.

Dn.9:24 Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para extinguir a transgressão, e dar fim aos pecados, e expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e ungir o Santo dos santos.

Vimos na lição passada, que a profecia das Setenta Semanas tem um tempo determinado pelo próprio texto.Estas semanas, como também vimos, devem ser entendidas como semanas de anos, pois não faria nenhum sentido em uma semana de dias se cumprirem tudo o que está predito na profecia em apreço. Temos no texto uma palavra do hebraico  “shabua” cujo significado é um “sete”. Se lermos a profecia substituindo a frase “semanas” por “setes” talvez a evidência ficaria bastante clara para nosso entendimento, assim leríamos: “Setenta Setes estão determinados...” Contudo, o mais importante é sabermos que os judeus tinham tanto as semanas de anos quanto as semanas de dias.

Semana de anos Lv 25.8,9 Também contarás sete semanas de anos, sete vezes sete anos, de maneira que os dias das sete semanas de anos te serão quarenta e nove anos. Então, no mês sétimo, aos dez do mês, farás passar a trombeta do jubileu; no Dia da Expiação, fareis passar a trombeta por toda a vossa terra.

Semana de dias -Dn 10.2,3 Naqueles dias, eu, Daniel, estive triste por três semanas completas. Manjar desejável não comi, nem carne nem vinho entraram na minha boca, nem me ungi com unguento, até que se cumpriram as três semanas.

Assim fica óbvio quando se trata de semanas de dias, pois seria impensável que o profeta ficasse em jejum por vinte e um anos. Quanto a semana de anos temos ela bem especifica também no texto bíblico. Com este entendimento especificado, precisamos agora definir a duração destes anos proféticos e para tanto usaremos o livro de Gênesis e o livro de Apocalipse. Em Gênesis temos a narrativa do dilúvio, se observarmos com cuidado o texto perceberemos que o mês era bíblico era composto por 30 dias, assim, doze meses ou um ano teríamos 360 dias. Vejamos:

Inicio do dilúvio: Gn 7.11 No ano seiscentos da vida de Noé, no mês segundo, aos dezessete dias do mês...

Termino do dilúvio: Gn 8.4 E a arca repousou, no sétimo mês, no dia dezessete do mês, sobre os montes de Ararate.

Total de tempo em dias: Gn 8.3 - E as águas tornaram de sobre a terra continuamente e, ao cabo de cento e cinquenta dias, as águas minguaram.

 Em outro caso, temos o profeta Daniel menciona no seu livro um período de perseguição aos judeus por um “príncipe vindouro”: Dn 7.25 E proferirá palavras contra o Altíssimo, e destruirá os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei; e eles serão entregues nas suas mãos por um tempo, e tempos, e metade de um tempo. Apocalipse cita este mesmo tempo em que surgirá este regente político e sua perseguição aos santos em meses: Ap 11.2 - E deixa o átrio que está fora do templo e não o meças; porque foi dado às nações, e pisarão a Cidade Santa por quarenta e dois meses. No mesmo Apocalipse em 12.6 temos o período mencionado em dias: E a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias.

Se atentarmos para estes números percebemos que todos tratam de um período 3 anos e meio. Onde, em Daniel “tempo” significa um ano, “tempos” 2 anos e “metade de um tempo” 6 meses. Apocalipse nos da estes mesmos 3,5 anos em meses, isto é: 42 meses, e também em dia, ou seja: 1260 dias. A Conclusão é óbvia: O ano profético é composto de 360 dias, pois temos temos 70X7=490 anos

 II.QUANDO COMEÇARAM AS 70 SEMANAS.

Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as ruas e as tranqueiras se reedificarão, mas em tempos angustiosos. 

Uma que definimos as setenta semanas em semanas de anos e entendido que cada um destes anos tem 360 dias, resta-nos agora identificarmos na história quando exatamente começou a contagem deste período. Neste ponto Daniel não nos deixa em dúvida pois na profecia ele aponta um fato específico para inicio das semanas. O texto fala da expedição de um decreto de reconstrução da cidade de Jerusalém. Tal decreto foi baixado no ano 445 a.C. por Artaxerxes Longímano, de acordo com as maiores autoridades no assunto. No livro de Neemias encontramos a ocasião desse decreto onde Neemias foi comissionado pelo rei para dar cumprimento a esse ato. Ne 2.4-6 E o rei me disse: Que me pedes agora? Então orei ao Deus dos céus, E disse ao rei: Se é do agrado do rei, e se o teu servo é aceito em tua presença, peço-te que me envies a Judá, à cidade dos sepulcros de meus pais, para que eu a reedifique. Então o rei me disse, estando a rainha assentada junto a ele: Quanto durará a tua viagem, e quando voltarás? E aprouve ao rei enviar-me, apontando-lhe eu um certo tempo. De acordo com a profecia, no fim de 49 anos a cidade de Jerusalém estaria reconstruída (ano 397 a.C). Na verdade houve dois decretos ligados à reconstrução de Jerusalém. Um em 457 a.C, que aponta a reconstrução do templo e restauração do culto, a cargo de Esdras (Ed.7). O outro foi o da reconstrução dos muros e, portanto, da cidade, a cargo de Neemias. É deste que a profecia está tratando. Neemias  registra em seu livro a data exata deste decreto: Ne 2.1 - Sucedeu, pois, no mês de nisã, no ano vigésimo do rei Artaxerxes.. A data de ascensão de Artexerxes, segundo a Enciclopédia Britânica foi no ano de 465 a. C. desta forma, o ano vigésimo e ano em que o decreto foi baixado seria o ano 445 aC. A partir daí, segundo o texto de Daniel, temos o começo da contagem das Setenta Semanas Proféticas. O mês foi nisã e como o dia não foi indicado, conforme costume judaico seria entendido como o primeiro dia. No nosso calendário a data seria: 14 de março de 445 a.C. (“As Setenta Semanas de Daniel, um Estudo Profético” do Dr Alva J. MªClain)

III. O SEGUNDO GRUPO DE SEMANAS - 62 SEMANAS OU 434 ANOS 

Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as ruas e as tranqueiras se reedificarão, mas em tempos angustiosos. E, depois das sessenta e duas semanas, será tirado o Messias e não será mais; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas assolações

Já temos o inicio das Setenta Semanas e agora precisamos  encontrar o tempo específico de cada grupo uma vez que como vimos as setenta semanas se dividem em três grupos de tempos. O texto fala em sete semanas, sessenta e duas semanas e por fim uma semana. O texto define: “...desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas...” Aqui faremos uso, mais uma vez do livro “As Setenta Semanas de Daniel, um Estudo Profético” do Dr Alva J. MªClain, onde na página 22 cita cálculos de Sir Robert Anderson, em seu livro “The Coming Prince” - O Principe Vindouro. Para encontrar o final das sessenta e nove semanas, diz Robert Anderson, temos que reduzi-las em dia. Desde que há 69 semanas de 7 anos e cada ano tem 360 dias, a equação que chegamos é: 69x7x360=173.880 dias. Começando com 14 de março de 445 a.C. chegamos em 6 de abril de 32 a.D. Seguindo este calculo, chegamos a um evento bíblico específico: Lc 19.35,36 E trouxeram-no a Jesus; e, lançando sobre o jumentinho as suas vestes, puseram Jesus em cima. E, indo ele, estendiam no caminho as suas vestes. O dia em que Jesus entrou triunfalmente em Jerusalém montado em um jumentinho se apresentando como príncipe e rei de Israel. Texto em cumprimento a Zc 9.9 Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que o teu rei virá a ti, justo e Salvador, pobre e montado sobre um jumento, sobre um asninho, filho de jumenta. O texto de Lucas pode parecer não ter grande importância, mas este evento marca o fim das 69 semanas, e o Senhor Jesus tinha plena noção da importância deste dia. Lc 19.42 dizendo: Ah! Se tu conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas, agora, isso está encoberto aos teus olhos.

Jesus aqui se refere a significância deste dia, o dia estabelecido por Deus, na profecia do profeta Daniel, o dia em que o Messias se manifestaria como o “príncipe”. O dia 173.880 da profecia das Setenta Semanas.

EPÍLOGO. Então temos até aqui que as 70 semanas inicia com um decreto de reconstrução da cidade de Jerusalém no ano 445 a.C. “...desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém...” A partir deste decreto inicia as primeiras sete semanas ou 49 anos. Em seguida o texto diz: “...até ao Messias, o Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas...” Agora, temos um acontecimentos importante citado, o surgimento do Messias, e consequentemente, o final  das 62 semanas ou dos 434 dias mencionados no texto. Assim temos: 7 semanas + 62 semanas = 69 semanas. Depois das 69 semanas o texto aponta outros dois acontecimentos, mas eles não fazem parte da semana 69, estes eventos estão localizados entre as semanas 69 e 70 semana, mas em um intervalo de tempo entre as duas.  São eles: o Messias é tirado: E, depois das sessenta e duas semanas, será tirado o Messias...”  e a cidade de Jerusalém é destruída por um “príncipe que há de vir. “...e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá...”  Aqui temos a crucificação do Senhor Jesus e em seguida a cidade de Jerusalém sendo completamente destruída. Os 434 anos vão de 397 a.C, até os dias da morte de Jesus Cristo. Logo depois ocorreu a destruição de Jerusalém pelos Romanos, em 70 d.C. e conforme o versículo acima, após a morte de Jesus seguiu-se um período até a destruição de Jerusalém. Assim, de acordo com a profecia lida, o Messias morreria antes da destruição da cidade, o que de fato ocorreu conforme estudamos em aulas anteriores. Em resumo podemos dizer que com o aparecimento do Messias findaram as 69 semanas, ou seja 483 anos, dia em que Jesus entrou em Jerusalém em um jumentinho. Em seguida segue-se um  intervalo de tempo de 38 anos entre a crucificação e a destruição de Jerusalém. Daniel vê precisamente os sofrimentos  do Senhor Jesus depois da sexagésima nona semana mas antes da setuagésima e confessa: Dn 12. 8 - Eu, pois, ouvi, mas não entendi; por isso, eu disse: Senhor meu, qual será o fim dessas coisas? Em referência a semana 70 a resposta a Daniel é a seguinte: Dn 12. 9 - E ele disse: Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até ao tempo do fim. Aqui, fica óbvio que o tempo de cumprimento das profecias estava longe da época de Daniel. Diferente de João no Apocalipse que ao final da revelação, recebe uma orientação bem diferente. Ap 22.10 E disse-me: Não seles as palavras da profecia deste livro, porque próximo está o tempo. Após a “retirada do Messias”, a profecia fala sobre a incidência de guerras até o fim. Mas isto será assunto na próxima lição...

 

 

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A ÚLTIMA SEMANA DE DANIEL

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