Int. A
aparência é a forma exterior como uma coisa ou pessoa se apresenta. Ela pode
ser bem diferente daquilo que representa, podendo portanto ser considerada como
uma ilusão ou um disfarce. Por se tratar do aspecto exterior, a aparência
é como um retrato que pode revelar os bons ou os maus momento que uma pessoa
esteja vivendo. O coração alegre é bom remédio, mas
o espírito abatido faz secar os ossos. Pv 17:22
Se temos
saúde, e estamos felizes, nossa aparência demostrará isto facilmente, e provavelmente,
em algum momento ouviremos declarações tipo: "Nossa, você está muito bem
hoje!". O coração alegre aformoseia o rosto...
Porém se nossa saúde encontra-se debilitada, ou por alguma
razão estamos tristes, logo invariavelmente, as pessoas perceberão ...com a tristeza do coração o espírito se
abate. Pv 15:13
Nossa
aparência quase sempre revelará nosso estado, Sinto-me
encurvado e sobremodo abatido, ando de luto o dia todo. Sl 38.6. Uma
pessoa, que esteja vivendo da maneira que descreve o salmista, ouvirá
expressões do tipo: "você está péssimo hoje!" Estou aflito e mui
quebrantado; dou gemidos por efeito do desassossego do meu coração.
Sl 38:8
A Bíblia nos
apresenta dois momentos bem distintos da pessoa do nosso Salvador. Em um
momento, Isaias vê o Senhor Jesus simplesmente como um homem. Um homem com
todas as suas aparências e características humanas. Paulo nos dá detalhes deste
momento descrito por Isaias em Fp 2.6,7 pois Ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como
usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma
de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana,
Veja as expressões de Paulo:
* Se esvaziou...
* Assumiu a "forma" de servo...
* Tornou-se em semelhança de homens...
* Reconhecido em figura humana
* Se esvaziou...
* Assumiu a "forma" de servo...
* Tornou-se em semelhança de homens...
* Reconhecido em figura humana
É exatamente
assim que Isaias vê o Senhor Jesus, um homem em direção ao Calvário, um homem
completamente desfigurado em vista do sofrimento a Ele imposto no episódio da
crucificação. ...o
seu aspecto estava mui desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua
aparência, mais do que a dos outros filhos dos homens...
Passado o
episódio da cruz, Jesus se apresenta novamente, desta vez a João, o
evangelista, porém não mais na figura de um homem de dores, desta vez o Senhor
Jesus assume a aparência de Deus. Deus vencedor, e digno de toda honra e
adoração. Pelo
que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome,
para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da
terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus
Pai. Fp 2:9-11
Se podemos
fazer uma comparação entre as duas apresentações da aparência do Senhor Jesus,
então temos a visão de Isaias e a visão de João Evangelista. Cada um na sua
descrição apontará para dois momentos distintos, mais ao mesmo tempo que se
complementam no cumprimento do plano estabelecido por Deus para salvação do
homem.
...não tinha aparência
nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse. Is
53:2
A descrição
do profeta Isaias é a mais perfeita descrição dos momentos de angustias e de
sofrimentos pelos quais passaram o nosso Salvador.
Isaias em
nenhum momento, em seu texto, faz alguma tentativa de dar uma descrição da
aparência física do homem Jesus. O que Isaias descreve, é exatamente aquilo que
ele vê. Certamente,
ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre
si...Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades...
Is 53:4,5
O que Isaias
vê é um homem sendo esmagado pela maldade humana. Um homem sofrendo todo
tipo de escárnios e maldades que a carne humana poderia suportar. Ele foi oprimido e
humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como
ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca. Is
53:7
I. O TRAJETO DE SOFRIMENTO.
Na sua descrição, o profeta Isaias, fala de
um homem com um longo e pesado tronco de madeira sobre os seus ombros se
arrastando por uma apertada rua dividida em duas partes dentro da velha cidade
de Jerusalém. Via Dolorosa, do latim, "O Caminho da dor" ou
simplesmente "Caminho Doloroso" assim ficou conhecido este caminho,
um percurso sinuoso que percorria uma distância, para ser bem exato, 595
metros. Mc 15:20 Depois de terem caçoado dele, tiraram a capa vermelha e o
vestiram com as suas próprias roupas. Em seguida o levaram para fora a fim de o
crucificarem.
Antes de fazer este caminho, Ele havia sido
forçado a andar 4Km, isto depois de uma noite inteira sem dormir, durante a
qual Ele sofreu a angústia de pelo menos seis julgamentos. Ele foi oprimido e humilhado,
Pela manhã,
ai invés de torradas ou biscoitos, Ele tem de enfrentar um violento
espancamento físico. Jo 19.1 Aí Pilatos mandou
chicotear Jesus.
Amarrado a
um poste, rasgaram parte de suas vestes deixando suas costas inteiramente
exposta. Nestes casos, os romanos usavam uma espécie de chicote que chamavam
"flagelum" que consistia em pequenas partes de osso e metal unidos a
vários cordões de couro.
O número de
açoites não é registrado, por nenhum dos evangelistas porém o costume era de
que fosse 40, reduzido para 39, para prevenir golpes excessivos por um erro de
contagem. Dt 25.3 Quarenta açoites lhe fará dar, não mais; para que,
porventura, se lhe fizer dar mais do que estes, teu irmão não fique aviltado
aos teus olhos.
Durante as
chicotadas, Isaias podia ver a pele do Senhor Jesus sendo arrancada de suas
costas, e ficando em seu lugar exposta, uma massa ensanguentada de músculo e
osso. Sl 22:16-18 Um bando de marginais está me cercando; eles avançam contra
mim como cachorros e rasgam as minhas mãos e os meus pés. Todos os meus
ossos podem ser contados. Os meus inimigos me olham e gostam do que veem.
Eles repartem entre si as minhas roupas e fazem sorteio da minha túnica.
Isaias vê
Jesus sofrer uma extrema perda de sangue, ficando enfraquecido ao ponto de
quase lhe causar inconsciência. A cada golpe Ele reage em um sobressalto
de dor ficando clara a afirmação do profeta que disse: Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído
pelas nossas iniquidades...
Um suor frio
desce por sobre a sua a fronte, a cabeça gira em vertigens e náuseas. As forças
se esvaem. Calafrios lhe correm ao longo das costas. Jesus é escarnecido. Mt
27:28-30 Tiraram a roupa de Jesus e o vestiram com
uma capa vermelha. Fizeram uma coroa de ramos cheios de espinhos, e a puseram
na sua cabeça, e colocaram um bastão na sua mão direita.
Soldados Romanos em estado de zombaria se
ajoelham um após outro diante do Mestre e caçoam, dizendo: Viva o Rei dos
Judeus! Eles cospem nele... Com um bastão e batiam na sua cabeça...
O salmista descreve a severidade do
espancamento: Is 50.6. Ofereci as minhas costas aos
que me batiam e o rosto aos que arrancavam a minha barba. Não tentei me
esconder quando me xingavam e cuspiam no meu rosto.
Com longos espinhos mais duros do que acácia, os
soldados entrelaçam uma espécie de capacete, ao que chamaram de coroa, e o
aplicam sobre a cabeça do Mestre. Os espinhos penetram no couro cabeludo,
fazendo-o sangrar. Nesta hora, o profeta parece não conseguir mais segurar toda
sua indignação e declara: Is 52.14. Muitos ficaram
horrorizados quando o viram, pois ele estava tão desfigurado, que nem parecia
um ser humano.
Is 53. "Ele foi
oprimido e afligido"
No Calvário
os carrascos despojam nosso Mestre mais sua túnica está colada nas chagas cada
fio do tecido está aderido à carne viva pelo sangue coagulado. Os carrascos dão
um puxão violento, e o sangue começa a escorrer. A dor é intensa
Jesus é
deitado de costas, suas chagas, agora a exposto, se incrustam misturando-se no
pó e nas pedras.
Deitado
sobre o braço horizontal da cruz, os algozes tomam a medida e com longos pregos
pontudos e quadrado aproximadamente 18 cm de comprimento por 1 cm de diâmetro.
Apoiam-no
sobre o pulso de Jesus, e com um martelo, o plantam e rebatem sobre a madeira.
Jesus contrai o rosto assustadoramente.
O nervo
mediano foi lesado, uma dor agudíssima que se fundiu pelos dedos e espalhou por
todo o ombro, atingindo o cérebro.
O nervo é destruído
em parte. A lesão do tronco nervoso permanece em contato com o prego, quando o
corpo é suspenso pela cruz, o nervo se estica fortemente.
A cada solavanco,
a cada movimento, dores dilacerantes causa um suplício que dura horas. O
carrasco e seu ajudante empunham a extremidade da trava, elevam a Jesus,
colocando-o primeiro sentado, depois em pé, consequentemente fazendo-o tombar
para trás encostam na estaca vertical.
Foi uma cena assim que foi visto pelo profeta
Isaias...
Isaias viu o
Senhor Jesus e o descreveu como alguém que” Era
desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que
é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e
dele não fizemos caso". Is 53:3
Não era um
Jesus vencido, era um Jesus que...
"...derramou a
sua alma na morte..."
"...foi contado
com os transgressores..."
Mais que acima de tudo isto, Isaias via um Jesus
que "...levou sobre si o pecado de muitos e
pelos transgressores intercedeu. Is 53:12
Ap 1:7 Olhem! Ele vem com as nuvens! Todos o verão, até mesmo os que
o atravessaram com a lança. Todos os povos do mundo chorarão por causa dele.
Certamente será assim.
Agora, a
cena muda, João, o Evangelista que estava exilado em Pátmos por causa do
Evangelho do Senhor Jesus, descreve sua visão. Ap 1:10 No dia do Senhor
fui dominado pelo Espírito de Deus e ouvi atrás de mim uma voz forte como o som
de uma trombeta,
A visão não
mais de um simples homem. Na visão de João, Jesus é visto em toda plenitude de
sua divindade, diferença perceptível logo no início da descrição. ...e ouvi atrás de
mim uma voz forte como o som de uma trombeta...
João diz que
Jesus tinha alguma semelhança com um homem... Ap 1:12-16 Eu virei para ver
quem falava comigo e vi sete candelabros de ouro. No meio deles estava um ser
parecido com um homem...
Mais o que
João vai descrever a partir daí, vai nos aproximar, em cada detalhe, não mais
de um Jesus homem, mais um Jesus Deus em toda plenitude da sua divindade.
...vestindo uma roupa
que chegava até os pés e com uma faixa de ouro em volta do peito.
Suas vestimentas já não apontam mais para um homem comum. Ele não usa mais aquela
roupa que lhe tiraram na hora da crucificação. Tiraram
a roupa de Jesus e o vestiram com uma capa vermelha. Ele agora se
veste em toda a dignidade de um Rei.
...Os seus cabelos
eram brancos como a lã ou como a neve... A brancura de seus
cabelos contrapõe todo aquele estado de sofrimento pelo qual passara o nosso
Mestre. Nele já não se via sangue, nem suor, nem resquício algum que lembrasse
a rigidez daquela horrenda coroa de espinhos "Fizeram uma coroa
de ramos cheios de espinhos, e a puseram na sua cabeça..."
...e os seus olhos
eram brilhantes como o fogo. Nada, absolutamente nada está agora
oculto aos olhos do Mestre. Com os olhos que brilham como labaredas de fogo Ele
a tudo pode ver. A luz do sol já não lhe causa nenhum incômodo, pois Ele, até
do sol é Senhor. Mas para vós outros que temeis o meu nome nascerá o sol da
justiça, trazendo salvação nas suas asas; saireis e saltareis como bezerros
soltos da estrebaria. Ml 4:2
...Os seus pés
brilhavam como o bronze refinado na fornalha e depois polido, Jesus
na visão de João, em nenhum momento lembra aquele Jesus que se arrastava pelas
ruas conhecida como Via Dolorosa. Os seus pés já não estão encrustado de sangue
misturado com poeira. Não, até os pés de Jesus agora conseguem refletir sua
divindade como bronze refinado na fornalha e depois polido.
...E a sua voz
parecia o barulho de uma grande cachoeira. Sua voz já não era aquela
voz de alguém que havia experimentado todo tipo de sofrimentos. Na cruz, Jesus
apenas pode sussurrar algumas poucas palavras, pois lhe faltava força e
respiração adequada. Agora, sua voz, diz João, parecia
o barulho de uma grande cachoeira
...Na mão direita
ele segurava sete estrelas, Nas suas mãos já não haviam cravos ou
pregos pontiagudos. Ele agora não estava mais seguro ou suspenso aquele rude madeiro.
João o vê agora na maior demonstração de todo o seu poder e todo o
domínio. Ele mantêm sobre Sua mão direita, sete estrelas.
...E da sua boca saía
uma espada afiada dos dois lados. Na cruz, tentaram lhe enfiar
vinagre pela sua boca ferida e ressecada pela sede. Agora da Sua boca, diz
João, saía uma espada afiada dos dois lados.
Talvez fazendo menção a extrema autoridade que Ele agora mantêm sobre todos os
moradores da terra.
...O seu rosto
brilhava como o sol do meio-dia. Nada, absolutamente nada na visão
de João há que possa nos fazer lembrar daquele Jesus descrito por Isaias. ...ele estava tão desfigurado, que nem parecia um ser humano.
Na visão de
João, Jesus se apresenta na maior expressão da sua divindade: O seu rosto brilhava como o sol do meio-dia.
Na visão de
Isaias, Jesus é visto na menor expressão da sua humanidade: ...não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma
beleza havia que nos agradasse
A cruz não
conseguiu apagar a aparência divina do Senhor Jesus. O máximo que ela fez foi
criar uma ilusão momentânea de um Cristo aparentemente vencido pela dor e pela
morte. Sendo este (Jesus) entregue pelo determinado
desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de
iníquos ao qual, porém, Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da
morte; porquanto não era possível fosse ele retido por ela. Atos
2:23,24
Pura ilusão,
pois Ele mesmo testifica de si dizendo: Eu sou aquele que vive. Estive morto, mas agora estou vivo
para todo o sempre. Tenho autoridade sobre a morte e sobre o mundo dos mortos.
Ap 1.18
Ora, se já morremos
com Cristo, cremos que também com ele viveremos, sabedores de que, havendo
Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte já não tem domínio
sobre ele. Rm 6:8,9
Já morremos
com Cristo...
A morte, por mais assustadora que ela seja, foi
vencida na cruz. Nossa morte agora consiste unicamente em vivermos a vida do
Senhor Jesus. Assim, como disse o Apostolo Paulo aos Romanos, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele
viveremos.
Jesus, foi o
Rei que foi visto por muitos, porém talvez não entendido pela maioria daqueles
que o viram. Porque
aquilo que não lhes foi anunciado verão, e aquilo que não ouviram entenderão.
Sua
aparência na cruz, podia até ser bastante diferente de sua aparência vista
depois por João no Apocalipse. Mais a cruz demostrou para nós, mesmo que
de forma bem cruel, que na Pessoa do Senhor Jesus, sempre teremos a certeza da
nossa vitória. Agora, pois, já nenhuma condenação há
para os que estão em Cristo Jesus. Rm 8:1
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