“Portanto, assim como
por um só homem entrou no pecado o mundo, e pelo pecado a morte, assim também a
morte passou a todos os homens, porque todos pecaram”. (Rm 5:12)
O ensino da Bíblia em relação à origem
do pecado, é que seu início se deu com a transgressão de Adão no Éden, sendo,
portanto, com um ato perfeitamente voluntário da parte do homem. O tentador sugestionou
o homem, a fim de coloca-lo em oposição a Deus, e Adão rende-se à tentação cometendo
o primeiro pecado, comendo do fruto que Deus havia proibido. O mal não para aí,
com esse primeiro pecado o homem tornou-se escravo do pecado. Esse pecado
trouxe consigo corrupção permanente, tendo efeito, não somente sobre Adão, mas
sobre todos os seus descendentes. Como resultado da Queda, o pai da raça
transmitiu uma natureza depravada aos que viriam depois dele. Dessa fonte não
santa o pecado flui numa corrente impura passando para todas as gerações de
homens, corrompendo tudo e todos com que entra em contato. É exatamente esse
estado de coisas que torna tão pertinente a pergunta de Jó:
·
“Quem da imundícia poderá tirar cousa
pura? Ninguém”, Jó 14.4.
Adão pecou não somente como o pai da
raça humana, mas também como representante de todos os seus descendentes,
portanto, a culpa do seu pecado é posta na conta deles, pelo que todos são
passíveis de punição e morte. É primariamente nesse sentido que o pecado de
Adão é o pecado de todos.
·
Rm 5.12: “Portanto, assim como por
um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a
morte passou a todos os homens, porque todos pecaram”.
As últimas palavras só podem
significar que pecaram em Adão, e isso de modo que se tornaram sujeitos ao
castigo e à morte. Não se trata do pecado considerado meramente como corrupção,
mas como culpa que leva consigo o castigo. Deus declara e estabelece todos os
homens na condição de pecadores culpados em Adão, exatamente como todos os
crentes a condição de justos em Jesus Cristo.
·
“pois assim como por uma só ofensa veio
o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de
justiça veio à graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida.
Porque, como pela desobediência de um só homem muitos se tornaram pecadores,
assim também por meio da obediência de um só muitos se tornarão justos”, Rm 5.18, 19.
NATUREZA DO PECADO.
Podemos afirmar, numa perspectiva
puramente formal, que o primeiro pecado do homem consistiu em comer da árvore
do conhecimento do bem e do mal. Não sabemos exatamente que espécie de árvore
era, e nada havia de ofensivo no fruto. Comê-lo não era pecaminoso, pois não
era uma transgressão da lei moral. Quer dizer que não seria pecaminoso, se Deus
não tivesse dito: “da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás”.
Não há unanimidade quanto ao motivo pelo qual a árvore foi denominada “do
conhecimento do bem e do mal”. A opinião mais comum é que a árvore foi
chamada assim pelo fato de que comer do seu fruto infundiria conhecimento prático
do bem e do mal; mas é difícil sustentar isso face à exposição bíblica segundo
a qual, comendo-o, o homem passaria a ser como Deus, no conhecimento do bem e
do mal, pois Deus não comete pecado e, portanto, não tem conhecimento prático
dele. É muito mais provável que a árvore foi denominada desse modo porque fora
destinada a revelar:
·
Se o estado futuro do homem seria bom ou mal.
·
Se o homem deixaria que Deus lhe determinasse o que era
bom ou mau.
·
Se o homem se encarregaria de determina-lo por si e para
si.
Mas, seja qual for à explicação que se
dê do nome, a ordem de Deus para não comer do fruto da árvore serviu
simplesmente ao propósito de pôr à prova a obediência do homem. Foi um teste de
pura obediência, desde que Deus de modo nenhum procurou justificar ou explicar
a proibição. Adão tinha que mostrar sua disposição para submeter a sua vontade a
vontade do seu Deus com obediência implícita.
CONSEQUÊNCIAS DO PECADO.
A primeira transgressão do homem teve os
seguintes resultados:
A depravação total da natureza humana. O contágio do pecado de Adão
espalhou-se imediatamente por todos os homens, não ficando sem ser tocada
nenhuma parte da sua natureza, mas contaminando todos os poderes e faculdades
do corpo e da alma. Esta completa corrupção do homem é ensinada claramente na
Escritura, Gn 6.5; Sl 14.3; Rm 7.18. A depravação total de que se trata aqui
não significa que a natureza humana ficou logo tão completamente depravada como
teria a possibilidade de vir a ser. Na vontade essa depravação manifestou-se
como incapacidade espiritual.
A perda da comunhão com Deus mediante o Espírito Santo. Esta é simplesmente o reverso da
completa corrupção mencionada anteriormente. Ambos podem ser combinados numa
única declaração, de que o homem perdeu a imagem de Deus no sentido de retidão
original. Ele rompeu com a verdadeira fonte de vida e bem-aventurança, e o
resultado foi uma condição de morte espiritual, Ef 2.1, 5, 12; 4.18.
Mudança da condição real do homem. O pecado refletiu-se também na
consciência. Houve, primeiramente, uma consciência da corrupção, revelando-se
no sentido de vergonha, e no esforço que os nossos primeiros pais fizeram para
cobrir a sua nudez. E depois houve uma consciência de culpa, que achou
expressão numa consciência acusadora e no temor de Deus que isso inspirou.
Morte espiritual, e morte física. A morte resultou do primeiro pecado do
homem. Havendo pecado, ele foi condenado a retornar ao pó do qual fora tomado,
Gn 3.19; Rm 5.12; Rm 6.23.
Mudança de residência. O homem foi expulso do paraíso, porque este
representava o lugar da comunhão com Deus, e era símbolo da vida mais completa
e de uma bem-aventurança maior reservadas para ele, se continuasse firme.
Foi-lhe vedada à árvore da vida, porque esta era o símbolo da vida prometida na
aliança das obras.
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