domingo, 17 de dezembro de 2023

O NATAL DE CRISTO

Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz; Is 9:6

Int. O termo "natal" segundo o dicionário da língua portuguesa aponta para a condição ou o lugar de "nascimento" de alguém. O dicionário ainda relaciona o termo como LITURGIA•RELIGIÃO, indicando a festa de nascimento do Senhor Jesus, cuja data é celebrada no dia 25 de dezembro desde o século IV pela Igreja ocidental e desde o século V pela Igreja oriental. Apesar da polêmica e toda discórdia gerada em relação às incertezas no que se refere a data de celebração do natal, o mais importante para nós, salvos na Pessoa do Senhor Jesus Cristo, é o seu real significado e o sentido representativo no que diz respeito à razão da nossa fé.H oje, nesta cantata promovida pelos jovens Vale das Bênçãos, temos a oportunidade de refletirmos um pouco sobre este importante tema que podemos chamar de O NATAL DE CRISTO.

Eis um tema que fala de um assunto muito maior do que uma simples festa, data de comemoração ou registro de nascimento. O natal representa em todos os sentidos o início de um plano que podemos chamar de “processo de redenção divina” efetuado por Deus, na Pessoa do Senhor Jesus Cristo, suficientemente poderoso para alcançar a humanidade inteira e resolver todos os problemas relacionados à queda do homem e sua condenação final. Pela sua grandeza, e em vista de toda a sua representação, o natal deve ser visto como a maior demonstração do imensurável e perfeito amor de Deus enviando Seu Filho Unigênito para morrer de morte expiatória para perdão dos nossos pecados. ‭‭Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Rm 5:8 

O natal é tudo isso e talvez um pouco mais, ele pode ser entendido como início de uma representação pragmática no desenvolvimento de um processo que se consolida no ato em que o Senhor Jesus, Deus em todo sentido da palavra, assume uma natureza humana, nasce do ventre de uma mulher chamada Maria, e habita corporalmente entre nós pecadores… Lc 2.11,12 é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor. E isto vos servirá de sinal: encontrareis uma criança envolta em faixas e deitada em manjedoura…

E é assim, na forma humana que Jesus a si mesmo se entrega como preço de redenção, e morre de morte de cruz em favor da humanidade inteira. porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus Cl 1.19-20

Isaías consegue em poucas palavras desenvolver um quadro descritivo de toda a trajetória deste soberano plano divino que começa no que chamamos de NATAL DE CRISTO ao dizer…

I. UM MENINO NOS NASCEU…" A concepção de um plano"Mas, quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos.  Gl 4.4-5

Neste texto o profeta consegue desenvolver um conceito teológico do que hoje conhecemos como natal de Cristo. Isaías é chamado de "profeta messiânico" exatamente por conseguir demonstrar com muita precisão o que os estudiosos da teologia chamam de "União hipotástica". Termo técnico empregado principalmente na Cristologia com referência à encarnação e a união das naturezas divina e humana de Cristo em uma só pessoa. ‭‭Cl‬ ‭2:9‬ ‭NTLH‬‬ Pois em Cristo, como ser humano, está presente toda a natureza de Deus, 

A doutrina da “União Hipostática” testemunhada pelo Concílio de Calcedônia, em 451 d.C, serviu para dar resposta a certos conceitos equivocados que vinham surgindo a respeito da pessoa do Senhor Jesus em relação à sua divindade e humanidade. As duas principais teorias nesse sentido eram o Nestorianismo e o Eutiquianismo. A primeira, o Nestorianismo afirmava que Jesus era duas pessoas distintas. Já a segunda, o Eutiquianismo, dizia que Jesus possuía uma natureza mista que foi formada de um suposto processo de absorção de sua natureza humana por sua natureza divina. Isso significa que enquanto a primeira dividia a pessoa de Cristo, a segunda confundia suas naturezas. Por isso o Concílio de Calcedônia se preocupou em enfatizar como nós os cristãos devemos enxergar a doutrina bíblica a respeito da pessoa de Cristo e suas naturezas. Nesse sentido, basicamente o Concílio afirmou que as duas naturezas, humana e divina, são inconfundíveis, imutáveis, indivisíveis e inseparáveis na pessoa de Cristo, implicando no fato de que verdadeiramente Ele é o “Deus-Homem”. Isto é, plenamente Deus e plenamente Homem. ‭‭Cl‬ ‭1:19‬ ‭NTLH‬‬ Pois é pela própria vontade de Deus que o Filho tem em si mesmo a natureza completa de Deus. 

Paulo descreve esta condição quando escreve aos Filipenses, as seguintes palavras... "sendo Deus" se "esvaziou", assumindo a forma humana. pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz”. Fp 2:6-8

Assim, o nascimento, ou "natal" de Cristo, deve ser entendido na sua maior representação como a execução de um processo soberano e grandioso em que Jesus, em toda a plenitude de sua divindade  assume a natureza humana e nesta condição entrega-se a si mesmo, morre em nosso lugar e nos reconcilia novamente com Deus, mesmo estando nós ainda na condição de pecadores. Rm ‭8:3‬ ‭NTLH‬‬ Deus fez o que a lei não pôde fazer porque a natureza humana era fraca. Deus condenou o pecado na natureza humana, enviando o seu próprio Filho, que veio na forma da nossa natureza pecaminosa a fim de acabar com o pecado. 

Em fim, o natal se concentra na grandeza do fato de que em toda plenitude da sua divindade, o Senhor Jesus, sem se desfazer da sua condição divina, assume corporalmente a condição humana em todo sentido da palavra. ‭‭João‬ ‭1:14‬ ‭NAA‬‬ E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.

Por isso, ao dizer: "um menino nos nasceu" Isaías consegue responder todas as possíveis indagações e dúvidas em relação a condição humana assumida por Deus.‭‭Rm ‭9:4‭-‬5‬ ‭NAA‬‬ São israelitas. A eles pertence a adoção, assim como a glória, as alianças, a promulgação da Lei, o culto e as promessas. Deles são os patriarcas, e também deles descende o Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para sempre. Amém! 

Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem (1Tm 2.5).

Mas Isaías não para por aí, ele continua descrevendo com com precisão inconfundível de alguém que foi divinamente inspirado, todo este processo divino ao continuar dizendo…

II UM FILHO SE NOS DEU...." A execução de um plano" E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai  Jo 1.14

As duas naturezas de Cristo são imutáveis! Se Cristo tivesse se tornado menos Deus para ser homem, o universo com toda sua grandeza teria deixado de existir, uma vez que Ele próprio é o sustentador de toda criação Cl 1:15-17 Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste.

Em sua obra seminal POR QUE DEUS SE TORNOU HOMEM, Anselmo da Cantuária (1033 – 1109 d.C.) sintetizou a importância das duas naturezas de Cristo para a sua obra expiatória ao dizer: “É necessário que a mesma e a própria Pessoa que há de realizar essa satisfação [pelos pecados da humanidade] seja perfeito Deus e perfeito homem, uma vez que Ele não pode fazê-lo a menos que seja de fato Deus, e a Ele não convém fazê-lo a menos que seja de fato homem” Liv II, cap. 7.

Assim, diante da fraqueza da nossa carne e de nossa incapacidade humana de nos libertarmos do poder do pecado e da morte por nossos próprios méritos, e no cumprimento pleno de todas as exigências da Lei, o próprio Deus se envolve no processo de libertação. O Pai envia o Filho, o Filho encarna, assume a natureza humana e, como homem, entrega sua vida para expiação dos pecados de todos nós Lc 2.10,11 O anjo, porém, lhes disse: Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor.

Por isso, na frase redentora de Isaías "um filho se nos deu", temos, em razão do natal de Cristo a "lei libertadora" que garante a inexistência de qualquer acusação, ou condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus. Rm 8.2,3 Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte. Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado,

Por fim, Isaías parece concluir a base de sua descrição da ideia bíblica doutrinária do que chamamos hoje de natal de Cristo, e faz isso quase que num fechamento ao dizer…


III. O GOVERNO ESTÁ SOBRE OS SEUS OMBROS…" A consumação de um plano" Rm 1.3-4 com respeito a seu Filho, o qual, segundo a carne, veio da descendência de Davi e foi designado Filho de Deus com poder, segundo o espírito de santidade pela ressurreição dos mortos, a saber, Jesus Cristo, nosso Senhor

Parece que temos nas palavras finais do verso 6 do capítulo 9 de Isaías o condicionamento capaz de nos fazer compreender o desenvolvimento final do processo na execução do plano divino. Ao falar do "menino que nos nasceu", Isaías nos mostra o início de tudo, com o nascimento de Jesus, redentor da humanidade perdida. Ao falar sobre "um filho que nos deu" o profeta desenvolve com precisão o caráter divino/humano assumido pelo Senhor Jesus no conceito doutrinário do processo. Mas agora, ao falar que "governo esta sobre seus ombros" Isaías vai ainda mais além, Isaías avança ainda mais no desenvolvimento de sua descrição e vislumbra um momento ainda mais distante e glorioso no que diz respeito a todo este processo de redenção divina. Isaías agora enxerga o governo final sobre os ombros do Senhor Jesus numa visão que inconfundivelmente está muitos passos à frente do nosso entendimento em relação a plenitude final da execução do plano divino. ‭‭Sl‬ ‭145:10‭-‬13‬ ‭NTLH‬‬ Ó Senhor Deus, todas as tuas criaturas te louvarão, e te darão graças os que são fiéis a ti. Todos falarão da glória do teu Reino e contarão a respeito do teu poder, para que todos os povos conheçam os teus atos poderosos e a grandeza e a glória do teu Reino.O teu Reino é eterno, e tu és Rei para sempre. O Senhor Deus sempre cumpre o que promete; ele é fiel em tudo o que faz.

O fator mais preponderante é que todo este processo descrito por Isaías inicia num ato onde tudo se desenvolve exatamente no tempo determinado por Deus, não deixando qualquer sombra ou mesmo qualquer possibilidade de dúvida no que diz respeito a sua grande representação. Assim, a festa que chamamos hoje de natal de Cristo é algo muito maior do que uma simples data ou comemoração. O natal é a certeza de que Jesus ao assumir a natureza humana, cumpriu todas as exigências divina, Isto é sim a maior representação da festa que hoje chamamos de O NATAL DE CRISTO. "Um menino nos nasceu, um filho se nos deu", 

Por tudo isso aqui exposto nesta cantata, podemos comemorar no próximo final de semana muito mais do que uma simples festa de troca de presentes. Comemoraremos o natal, um acontecimento único, capaz de mudar o futuro de uma  humanidade inteira…. Um plano divino que começou na eternidade com Deus e só terminará nesta mesma eternidade…

‭‭Lc‬ ‭1:26‭-‬33‬ ‭No sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado, da parte de Deus, para uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com certo homem da casa de Davi, cujo nome era José; a virgem chamava-se Maria. E, entrando o anjo aonde ela estava, disse: Alegra-te, muito favorecida! O Senhor é contigo. Ela, porém, ao ouvir esta palavra, perturbou-se muito e pôs-se a pensar no que significaria esta saudação. Mas o anjo lhe disse: Maria, não temas; porque achaste graça diante de Deus… Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus.  Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim.

Feliz natal a todos…

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